1- Rivalidade

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Mudei e saí um pouco dos Romances de Época. Vou embarcar em Chicklits agora. Radiante terá boa dose de humor e fará parte da Trilogia Meu amor. Espero que que goste desses meus estilistas loucos.

Por Carina

Como era bonita aquela visão, que talvez tenha se tornado ainda mais bela, devido aos mais dez anos que passara sem eu ver um mar brasileiro. O avião ainda não tinha nem pousado, mas eu quase sentia o calor da minha terra e o gosto do sal marinho. Quantas vezes antes de ir partir, praguejei e falei mal do Brasil. Dizia que iria embora e nunca mais voltaria. E agora retornava com a decisão de ficar. Não tinha jeito, mesmo sem ter mais família ali, eu sentira muita falta do meu país.

Para falar a verdade, aquela nem era a cidade que crescera, não estava nem no estado dela. A cidade que eu nascera e crescera não tinha mar. Era a capital de um estado conhecido por falar "uai", "só" e por 'comer' o final das palavras. Mas o Rio de Janeiro seria um lugar de passagem. Ficaria alguns dias lá, faria algumas pesquisas,  pegaria um bronze e voltaria a Belo Horizonte para me instalar. Não era o lugar mais propício e famoso para os meus intentos, mas eu acreditava que seria um mercado promissor.

Depois de mais uma década na Europa, sendo assistente dos mais talentosos estilistas. Eu tinha grandes planos no Brasil. Minha cabeça estava repleta de ideias. Iria fazer história naquela país tão quente, naquele estado tão conservador. Sim, eu tinha grandes expectativas, em alguns meses o nome Carina Guerra seria um dos mais conhecidos do mundo da moda brasileira...

Por Vicente

- Fantástico... Incrível, querida. Arrasou! – eu disse enquanto terminava de ajeitar a minha mais nova criação no corpo daquela mulher.

Apesar da "modelo'" não ajudar muito, aquele vestido era lindo. Preferia criar para modelos mais simétricas. Mas eu tinha que pagar as minhas contas que não eram baixas. A quem eu queria enganar, eram altas. E por vezes, precisava fazer roupas para madames com dinheiro. No fim, elas eram a minha principal fonte de renda. E não havia nada de errado em tentar embelezar uma mulher que não tinha recebido muito ajuda da natureza, não é?  Assim, de certa forma, eu cumpria a minha missão, deixava aquela mulher mais bonita, pelo menos, com meu vestido, ela se tornara aceitável.

- As minhas amigas vão ... – ela começou a falar com os brilhando de excitação.

- Vão ficar de queixo caído! Vão babar! – continuei aumentando o ego dela, e é claro, o meu também.

- Sim – ela sorriu – Sim. Afinal, não é todo dia que se visto um "Vicente Vidal". – aquele comentário aumentou ainda mais o meu ego, que já não era pequeno.

-Vicente! Vicente, bofe! O programa começou!  – meu assistente Ruán entrou na sala parecendo que ia tirar a mãe da forca.

-Nossa! Eu perdi a noção do tempo, Ruán! – respondi – Liga a televisão aí.

- Que televisão, Vicente? Eu trouxe o tablet, você é mesmo atrasado, né? Esse programa só passa na web.

- Atrasado, é você, mona! Eu coloquei aquele trem da google na tv. Liga a televisão, e espelha o programa com o seu tablet. – respondi me sentindo o entendido na informática ou devia falar TI?

Ruán obedeceu à contra gosto, e o programa da Taísha, a blogueira e apresentadora mais entendida em moda (e claro a mais assistida também ) começou. Eu iria aparecer naquele dia, não era a primeira vez, mas sempre seria uma honra, além de uma baita propaganda gratuita.

Os três na sala voltamos a nossa atenção a ela. Taísha começou mostrando os pontos turísticos de Belo Horizonte, como a praça da liberdade,  e a igrejinha da Pampulha, ambos com criações de Neymeyer,  indicando que o convidado daquele dia seria da minha cidade. Nada surpreendente até que... Até que a vi subindo a escada de um lugar que não conhecia, ela entrou numa sala igualmente desconhecida... E mostrou um ateliê que não era o meu! Começando a entrevistar uma mulher... Uma mulher?

Ela tinha cabelos escuros, lisos, cortados na altura do queixo. Pele bem clara, olhos castanhos escuros, grandes e redondos. Bochechas salientes. Boca e narinas pequenas. Seu rosto era bem feminino, seu olhar forte e expressivo. Parecia inteligente. Era baixa, e não excessivamente magra diferente das modelos de passarela com quem eu tinha costume de lidar. Possuía seios grandes e bonitos, quadris largos e bunda farta, para quem era chegado, poderia ser chamada de gostosa.

Como estilista, ao olhar uma mulher, já pensava em todas as suas características e medidas. Hábito da profissão, ao mesmo tempo, que já começava a imaginar a roupa que faria para ela. E a roupa que imaginei, não era nada parecida com a que usava.

Ela vestia uma blusa bege apertada nos seios, mas larga a partir da cintura, além de uma calça preta pantalona. E tênis. Sim ela usava tênis, que era mais delicado que os tênis masculinos, mas não deixava de ser um tênis! Mulheres deveriam sempre usar vestido! Ainda mais se eram estilistas como ela afirmava ser.

Carina Guerra era o nome dela. Brasileira que vivera na Europa por vários anos trabalhando com as últimas tendências da moda. Ela voltara ao Brasil há alguns meses para criar o seu próprio estilo. Mas se sua ideia de moda era aquela que trajava. Carina não tinha nenhuma chance.

Ela discursou sobre criar um estilo despojado e customizado. Levando em conta o corpo de cada mulher. A personalidade, os hábitos e o cotidiano também deveriam ser considerados pela sua filosofia.  E finalizou com:

- ... Roupas belas, mas com conforto acima de tudo. Vamos parar com essa ditadura de roupas de princesas, desconfortáveis, espalhafatosas. Por exemplo: não é toda mulher que se sente bem com um vestido, nem todas as ocasiões pedem um, e calças podem trazer elegância, segurança e conforto para muitas. Sobre sapatos então. Não vamos nem falar de saltos altos agulha, não é? Por que sempre que vamos a um evento social, o salto é exigido? Se for uma festa com dança, no fim quase todas as mulheres aparecem descalças.

- Então quer dizer que você é contra aos padrões atuais de roupas em eventos sociais?

- Eu só acho que é complicado se divertir, se você não está à vontade em sua roupa. Se está preocupada se ela vai se rasgar ou mostrar o que não deve, se o seu pé está doendo devido ao sapato. Você pode estar bonita e se sentir confortável, se divertir sem se preocupar. Não é muito melhor assim? Estilistas que fazem vestidos de princesas, as vezes, apertados demais para darem uma ilusão de que as mulheres são mais magras, ou colocam camadas demais ou de menos, fazendo as mulheres suarem ou passarem frio dependendo da ocasião... Não sei. Muitos por serem homens não sabem o que é passar uma noite inteira com as roupas que eles criam.

- O estilo que você citou, 'roupas de princesa' realmente lembram alguns estilistas – Taísha riu.

- Sim,  até na Europa que é famosa por suas inovações, muitos estilistas ainda apostam nesse estilo.

- No Brasil, então.

- Claro, eu voltei há pouco tempo e estou um pouco por fora. Mas há alguns dias, vi uns vestidos de um estilista brasileiro. Mineiro, aliás... Vicente...

- Vidal – Taísha completou.

- Sim, ele mesmo. Os vestidos não pareciam ser para mulheres reais, eram o que eu chamo de roupas de princesa. Extremamente desconfortáveis.

Ela estava falando de mim. Estava me criticando com essa cara de pau. Mulher invejosa. Mulher não. Sapa recalcada. Nem bom gosto ela tinha, quem ela achava que era?

Gostaram? Vou pedir para lerem os primeiros capítulos das outras histórias da Trilogia Meu amor.: Meu Amor PROIBIDO e Meu Amor CLANDESTINO, que também foram publicados aqui no Wattpad. Você poderá escolher qual história eu continuarei a escrever primeiro, pois só uma delas terá a minha atenção em primeiro lugar após terminar "O preço da separação". Para isso, participem do meu grupo do Facebook "Livros de Cíntia Nogueira", e votem em sua história preferida no post fixado do grupo. Aliás, quem votar nesse mesmo post, poderá concorrer a um exemplar físico do meu Livro "O preço de um olhar". Não perca tempo, participe dessa promoção.

Meu amor RADIANTE ( Em Hiatus)Where stories live. Discover now