Epílogo

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Agatha

Sai para fina e fria chuva que caiu. O céu estava cinzento, as nuvens estão densas, indicando que teremos tempestade. Coloco o gorro da capa de chuva sobre minha cabeça enquanto caminho com passos apressados para a cafeteria que fica na esquina da minha casa. Aceno para o casal, sentados à mesa. Fecho minha mão, dando batidinhas na vidraça. Eles parecem felizes, e estão sempre assim quando eu os vejo, e isso me transmite um pouco de paz.

André puxa a cadeira, e me ajuda a tirar a capa de chuva, que está molhada. Dobra-a, colocando sobre a cadeira vazia. Me sento, e eles me olham com carinho. Faz um mês que eles chegaram, e desde então sempre nos reunimos aqui pela manhã, não importa o quanto está chovendo.

Um trovão rasga o céu, deixando Vanessa alarmada. Ela agora usa um cabelo curto e deixou na cor natural: preto.

Vanessa se levanta, indo até o balcão para fazer nossos pedidos. André dar tapinhas em minha mão como se dissesse que sentia muito. Amanhã fará um ano e três meses que eu estou aqui, e nunca tive noticiais de John desde então, ele poderia ter me procurado, já que ele ainda tem o direito de ir e vir.

— Infelizmente não posso ajudar você com ele, se eu pudesse, acredite em mim, traria ele amarrado para você.

— Sei que o senhor faria isso, mas não se preocupe com o que eu sinto. Em breve conseguirei colocar um ponto final nesta história.

A chuva foi caindo com mais força conforme o tempo ia passando. As nuvens carregadas se intensificaram e os relâmpagos iluminava a cafeteria. Éramos só nós três ali. Pessoas comuns. Conversando sobre assuntos comuns. E isso as vezes me fazia sentir falta de quem eu era.

Apesar de aqui eu não ser proibida de usar os meus poderes, eu raramente uso-o. Raramente visto o meu traje. Eu estava tentando ser a Agatha humana, mas era difícil quando você sentia o gelo pulsando em suas veias.

Fecho a capa de chuva no meu corpo, e me despeço de Vanessa e André, amanhã nos veremos de novo, embora André quisesse que fosse como antigamente, morarmos todos juntos na mansão que ele comprou próximo ao centro. Mas eu não queria mais atrapalhar a vida dos dois. Vanessa e André precisa de um tempo somente para eles, apesar de eu ter dado isso a eles quando fui embora, mas eu sentia que eles precisavam de mais.

Observo da janela do meu apartamento a chuva caindo, os raios cessaram. Me sinto solitária. Toco o chip atrás da pele do meu pescoço. Sinto sua textura por baixo da minha pele. Faz tanto tempo que está ali, foi trocado algumas vezes, o que deixou uma cicatriz.

Lá fora, além da janela, já havia anoitecido. Meu coração martela contra o meu peito, vai ser uma noite chuvosa, mas nunca senti tanta necessidade de ser eu. Meus olhos brilham no reflexo do espelho, então com um pensamento ativo o chip.

Abro a janela, e a forte chuva molha uma boa parte do meu quarto. Vou para fora, fechando a janela. Dou um salto no ar, e aterrisso, estendo a minha mão e faço uma rampa de gelo, aterrisso sobre ela, e sigo nesse ritmo enquanto a chuva forte cai sobre mim.

Paro em um beco, me sento sobre o gelo, descansando. Faz tanto tempo, que eu me sinto enferrujada.

As ruas estão desertas, algumas lojas ainda estão abertas, embora não tenha nenhum cliente, as pessoas preferem ficar no quentinho de suas casas.

Mas sinto que algo está errado. Pisco meus olhos freneticamente, meu coração bate forte contra o meu peito, sinto que não estou sozinha, e não sei o que sentir em relação a isso. Medo? Mas não é isso que sinto. Semicerro os olhos por trás da máscara, inspiro o ar da noite, embora chova, sinto um leve cheiro de fumaça. Olho para trás sobressaltada, mas o que vejo é o vazio, a escuridão que envolve o beco.

(Completa) Sopro Congelante (Todos os passados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora