✓ veneno ── infinity war

um.

Haviam momentos em que Margo mal conseguia lembrar-se do motivo pelo qual os Vingadores haviam brigado. Haviam momentos nos quais ela até mesmo se perguntava se havia sido algo real. Não parecia ser real, e ela sempre torcia para que realmente não fosse.

A expressão de Steve quando Margo, sob o nome de Veneno, colocou-se ao lado de Stark na luta era inesquecível. Ele poderia pensar em qualquer pessoa para apoiar o Homem de Ferro, mas tinha a certeza de que Alessio não o faria. E ela sabia que seu posicionamento o surpreenderia.

Mas, na verdade, ela jamais soube dizer se realmente estava de um lado ou de outro naquela história. Por que tinha que escolher? Acompanhar Anthony, ao final de tudo, aconteceu como algo natural. Onde ele estava, Margo estava também. Os amigos eram inseparáveis, quase incompletos na presença um do outro. Desde o conflito contra Ultron, as coisas funcionavam daquela forma.

— Você não vai assinar, vai? — Steve lhe perguntou, após o enterro de Peggy Carter. Ela sabia que muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo para o soldado. Rogers não a olhava diretamente nos olhos. Fitava o chão, as vidraças coloridas da igreja, os bancos já vazios, mas nunca os olhos de Margo. Ela não lembrava-se daquilo ter acontecido anteriormente. — Por favor, me diga que não, Alessio.

— Eu vim do mesmo lugar que Wanda e Pietro, vi meu lar ser destruído. — A morena murmurou. Apesar disso, ela sabia que nenhum argumento seria suficiente para que o Capitão entendesse qualquer que fosse a sua decisão. — E não coloco a culpa nos Vingadores, Steve. Eu jamais seria capaz de pensar algo parecido. Mas, talvez, seja a hora de evitar mais tragédias.

Steve não a respondeu, e aquilo foi a sua maior surpresa. Steve Rogers não fugia de uma briga, de uma discusão. Qualquer um que o conhecesse minimamente bem saberia disso. Mas ele não disse palavra alguma depois de Margo.

— Você não precisa segurar o mundo nas costas. — Ela acrescentou, por fim. Sabia que ele não diria mais nada. A morena olhou para o lado e viu Natasha na entrada da igreja, andando na direção dos dois. Sabia que aquele seria o momento da despedida e, talvez, não tivesse outra oportunidade para conversar com Rogers novamente. — Preciso ir, Steve. Não faça nenhuma besteira.

— É uma pena. — Rogers murmurou, por fim. — Você poderia fazer muito mais.

— Não quando eu não sei controlar meus poderes, ou quando não sei a extensão deles.

— Não estou falando de seus poderes, Margo. Você nunca precisou deles para ser importante. — Rogers se silenciou novamente quando Romanoff se aproximou, parando há alguns metros. — Espero que tome a decisão certa.

O loiro a puxou para mais perto e depositou um beijo em sua testa. Não foi exatamente um beijo, mas um simples toque de seus lábios na pele de Margo, que fechou os olhos com o contato. Era, sem dúvida alguma, uma despedida. Como se ambos soubessem, mesmo que cegamente, que o que estava para acontecer mudaria para sempre o futuro dos Vingadores.

Espero que tome a decisão certa, ela repetiu, mentalmente.

É, eu também espero.

Talvez, afinal, não tivesse. Talvez, se tentasse convencer Tony de que aquela guerra não era necessária, ele teria mudado de ideia, e as coisas seriam resolvidas de uma forma muito melhor. Menos dolorosa. A ausência não apenas de Steve, mas de todos que se recusaram a assinar o Tratado, atingiu os que ficaram como um grande soco no estômago. Principalmente Tony. Ela odiava vê-lo com a cara de quem havia acabado de perder para sempre alguém muito importante.

As buscas pelo Capitão América nunca pararam totalmente, mas ela sabia que Tony não tinha mais o objetivo de prendê-lo.

Ainda assim, Steve não foi visto. Exceto por uma única vez, alguns meses após a separação dos Vingadores. Mas a única pessoa a vê-lo foi Margo. Ela estava sozinha em seu apartamento, quando ouviu um ruído na sala. Deixou de lado o bolo que preparava na cozinha e, lentamente, caminhou até a porta. Em um ato impensado, ela sentiu o poder em suas mãos. Uma pequena névoa esverdeada as circundavam.