Prólogo

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Seul, Coreia do Sul, 31 de dezembro de 2019

O comunicador de Dove chiava enquanto ela se arrastava entre várias caixas em uma sala localizada a aproximadamente um quilômetro no subsolo. O local era escuro e cheio de prateleiras com caixas empilhadas e grandes rolos de plástico bolha por toda a parte. Qualquer um poderia achar que se tratava do galpão de uma loja de móveis, não fosse pela localização daquele lugar ou pelo conteúdo das caixas. Porém aquela sala não era nem de perto o motivo da missão da heroína, e muito menos havia começado alí. Havia semanas que ela procurava pistas sobre o desaparecimento dos outros heróis e algo a dizia que aquele galpão continha algumas respostas.

Dove continuou andando, silenciosa e atenta como sempre, procurando alguma coisa que chamasse  sua atenção naquele lugar. Uma alavanca fora do lugar, uma parede arranhada ou até mesmo uma caixa que parecesse diferente das outras. Eram oito e meia da noite, faltavam poucas horas para romper ano novo, e por mais que Jo Haseul quisesse estar indo para algum lugar comemorar com seus amigos, Dove sabia a importância daquela missão e o quanto precisavam dela. O sumiço repentino de tantos heróis era realmente intrigante e se não quisesse que o mesmo acontecesse consigo, ela teria que tomar o dobro de cuidado.

_ Haseul? Você ainda está aí? - Uma voz feminina ecoou nos ouvidos de Haseul e desfez o chiado do comunicador. Era Do Yejoon, uma das agentes responsáveis pelo Serviço Secreto de Inteligência BBC.

_ Dove. Enquanto eu ainda estiver aqui embaixo é Dove. - Ela falou mais por implicância do que por realmente se importar com isso. A voz do outro lado deu uma risadinha e respondeu com o mesmo tom que ela.

_ Tudo bem então. Dove, ainda está aí?

_ Você sabe que sim. - Ela riu baixinho. - Então... Visto que meus planos de ano novo estão arruinados agora, o que prepararam pra quando eu voltar? Espero que tenham comprado cerveja.

_ Cerveja? - Ela riu de novo. - Devia estar mais preocupada com a sua missão não acha?

_ Eu estou, mas chego aí antes da meia noite. E com mais informações sobre o sumiço dos meus colegas. - Ela sorriu de lado. - Posso não morar mais com vocês, mas não vão se livrar de mim tão fácil.

_ Disso nós não tínhamos dúvidas, Pombinha. Só não fique muito tempo sem falar, ou vamos achar que você sumiu também. Já perdemos 7 agentes com esses desaparecimentos desde que eles começaram.

_ Nenhum deles foi treinado por 12 anos foi?

_ Dove...

_ Ok, entendi. Vou manter vocês informados. Agora se me dá licença, tem alguma coisa atrás dessa parede.

Ela cortou a transmissão e o chiado baixo voltou aos seus ouvidos. Silenciosa como um gato que não quer ser visto, ela se esgueirou pelas paredes e procurou com as mãos o mínimo resquício de uma abertura. Dove conseguia ver claramente, através da grossa parede, o que tinha naquela sala. Muitas telas de computadores, conectadas por fios de grande diâmetro que se espalhavam por todo o chão, havia também uma espécie de tanque, mas ela não conseguia definir o que tinha dentro. Das duas uma, ou quem quer que estivesse por trás disso era tão estúpido a ponto de colocar água junto de cabos,  ou aquilo não era água.

Alguns minutos se passaram e não importava o quanto ela procurasse, não conseguia achar nada que a fizesse chegar até a outra sala. Atirar não funcionaria já que, como ela já tinha conferido, as paredes eram à prova de balas. A garota parou e pensou por um bom tempo no que deveria fazer. Talvez voltar por onde veio e dar a volta até achar outra entrada fosse a coisa mais sensata a fazer, mas seu instinto dizia que a resposta estava bem alí naquela sala. Por isso ela olhou ao seu redor e começou a andar em meio as caixas. Segundo as suas investigações anteriores todas elas continham grandes quantidades de armas, munições e explosivos. Isso explicava o plástico bolha. Mas para que tudo isso fosse descarregado alí embaixo teria que haver um elevador se carga, ou um corredor enorme.

I'm so Bad? • loona •Onde histórias criam vida. Descubra agora