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Nada dá certo e eu devia ter previsto isso no momento em que decidi fugir de casa quando sabia que nunca o devia ter feito.

Eu só me queria divertir com os meus amigos, passar algum tempo fora de casa mas, como sempre, as coisas nunca correm da forma que quero.

Demoro algum tempo a juntar as peças sobre o que aconteceu. O choque tomou conta de mim no instante em que o homem desaba no chão, esvaindo-se em sangue. O meu estômago revira-se enquanto tapo a boca com a mão na tentativa de conter um grito.

Não sou capaz de respirar, mexer-me ou tirar os olhos da visão diante de mim.

A única coisa que sou capaz de fazer é amaldiçoar a minha vida ao máximo.

Ouço as folhas moverem-se e assim que levanto o olhar, vejo-o aproximar-se com uma expressão ilegível que me enche de medo.

Engulo em seco e balanço a cabeça negativamente, querendo dizer-lhe que não vi nada mas não consigo fazê-lo então observo-o sussurrar algo para os indivíduos que o acompanham. Debato sobre o facto de correr para bem longe daqui mas não quero correr o risco de morrer. Pelo menos não agora.

Deslizando o braço em redor da minha cintura, coloca-me em cima do seu ombro. Estupefacta, volto a ser incapaz de perceber o que se passa até que me senta no lugar de passageiro do seu carro.

Se estava com medo antes, agora estou apavorada.

Sem saber o que fazer, mantenho-me sentada e olho ao meu redor procurando algo que ponha em risco a minha vida. Uma faca, talvez? Uma bomba. Uma arma. Nada aparece no meu campo de visão. Deixo escapar um suspiro de alívio que desaparece com a abertura da porta do condutor se abre.

Ele não parece muito satisfeito.

Sem uma única palavra pronunciada, liga o carro e sai do parque de estacionamento e é aí que o meu cérebro decide finalmente despertar.

"Para onde me estás a levar? Vais matar-me? Oh Deus, eu não quero morrer." Murmuro com desconforto quando penso na possibilidade.

"Fica quieta, sim?" Cospe com a voz carregada de amargura.

Sinto a tensão crescer em mim pelo simples facto de não conseguir estar calada. Preciso de saber o que raios se está a passar.

"Ah, tu—" Agrido-me mentalmente por soar como uma idiota. "Seja lá quem fores. Peço desculpa por estragar os teus planos mas preciso mesmo ir para casa. É tarde e se os meus pais descobrirem que fugi, estou morta. Literalmente."

Tudo o que recebo dele é uma risada que me deixa confusa.

"Qual é a piada?"

"Tu." Constata com os olhos na estrada.

"Eu? Porquê?"

"Estás no carro com alguém que viste cometer um assassinato mas a única coisa em que consegues pensar é no facto de que vais ser apanhada pelos teus pais?" Ele olha para mim com toda a atenção.

"Não quero de maneira nenhuma ofender-te mas os meus pais são bem mais assustadores do que tu. Tenho a certeza de que tiveste as tuas razões para fazer o que fizeste e está tudo bem. Eu não me importo desde que possa sobreviver a isto. Só que isso não vai acontecer se os meus pais descobrirem que saí."

"Tu és estranha, deixa-me dizer-te."

"Tu também não és propriamente um passeio no parque." Murmuro olhando pela janela.

"Não me conheces." Protesta.

"Eu sei e vi o suficiente para saber que és a definição de problemas." Admito mordendo o interior da minha bochecha.

Danger Where stories live. Discover now