Capítulo V- Cuidado com o que você põe na boca...

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Dias e noites se passaram. Dividida entre estas possibilidades, e com o tempo para decidir chegando ao fim, a Princesa chegara a mais um jantar com a presença de convidados, o Príncipe Ignoratya sentado em lugar de honra, enquanto o fiel Emanuel permanecia de pé, atrás de sua Rainha, a uma distância respeitosa. Foram servidos pratos de sopa a cada convidado, mas enquanto todos conversavam, Esperança estava séria e distante, absorta em seus pensamentos. E assim, sem prestar atenção, recebeu seu prato e, mecanicamente, iria comer. Rousseau a olhava discretamente, com um misto de encanto e admiração crescentes. Emanuel contemplava sua amada amiga, percebendo suas dúvidas e se compadecendo do peso enorme e urgente em suas jovens costas. Então, eis que em um relance de sorte, ele viu no prato de sopa de sua amiga, pontos grossos e chamativos de um líquido verde... Aquelas gotas, não bem diluídas, pareciam estar erradas naquela sopa. Então Emanuel olhou para os demais pratos dos convidados ao redor e não viu em nenhum tal componente esverdeado... Esperança colheu a sopa com sua colher, com um glóbulo verde destoante sendo colhido, e o levou lentamente e de forma automática em direção à própria boca, quando, algo no íntimo de Emanuel lhe gritou que havia algo de muito errado ali. Ele derrubou imediatamente a colher já a boca de Esperança, e gritou:

-"Medódio! Envenenaram a comida da Princesa!"

Com o alvoroço, Rousseau, em seu instinto experiente de Soldado, olhou assustadoramente em direção à criadagem que servia a comida, e , em meio a vários olhares de surpresa, surgiu um olhar de medo, o qual se entregou. Rousseau levantou e avançou em direção ao culpado, já desembainhando sua espada. Completamente desmascarado e sem chance de fuga, o servo pegou uma faca e correu em direção à Princesa aos gritos desesperados de "... morte à mulher que quer desonrar nosso País...", mas o Príncipe foi mais rápido, interceptando-o com um único e certeiro golpe de espada. Esperança encarou horrorizada o atentado do qual acabara de escapar, salva por Emanuel e Rousseau.

Mais tarde, recomposta, a herdeira fez questão de se inteirar acerca das investigações sobre quem era o mentor do atentado. Quem a queria morta? Ela considerava as palavras do autor, e sabia que muitos homens no Reino não aceitavam a ideia de que ela, uma reles mulher, pudesse ser coroada como Rainha, nem mesmo se fosse uma Rainha meramente decorativa. Mas ao procurar os responsáveis pela investigação ainda naquele dia, foi lhe negado o acesso às informações. Ao perguntar quem impôs tal sigilo, o General de seu Exército, Xenofonte, deu lhe a resposta: "... o próprio Regente do Reino assumiu as investigações: o Conde Michel...". E Esperança pensou que o segundo na Linha Sucessória poderia realmente ter grandes motivos para lhe querer morta. Usou então de sua autoridade e invadiu o gabinete do Regente:

-"Alteza..." - concluiu azedamente o Conde ao ver sua visita - "Como estás, caríssima?"

-"Melhor. Fui informada que o Conde pessoalmente assumiu as investigações sobre meu atentado. O que sabes sobre o assassino?"

-"Não fazia parte dos trabalhadores do Castelo. Ninguém o conhecia. Alguém de dentro do Palácio certamente o deixou entrar. A maioria dos nobres concordaram em te aceitar como Rainha desde que se case com Rousseau, mas há vários que, infelizmente, não aceitam a possibilidade de serem governados por uma mulher em hipótese nenhuma, e certamente há vários funcionários do Castelo entre estes..."

Esperança então percebeu sobre a mesa do Conde, um pequeno pote com um apequena quantidade de líquido verde, o inconfundível Medódio.

-"Recolheram o veneno da minha sopa?"

-"Sim" - confirmou o Conde - "Isso foi tudo que conseguimos juntar em teu prato. O resto se diluiu. Podes ver que é um líquido grosso, muito difícil de diluir completamente"

A Jovem pegou o recipiente para analisar mais de perto:

-"Então foi com isso que assassinaram meu pai e minha Madrinha?"

A Rainha da Liberdade - O Primeiro Conto de Fadas Feminista da HistóriaWhere stories live. Discover now