|Filmes|

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Sugestão de música: Coffee - BTS

...

Me sentei mais próximo à ele apenas porque daquele lado estava mais limpo.

— Me deixa ler pelo menos a sinopse da história? — Perguntou curioso. — Olhando de relance para a capa, parece ser interessante.

— Fique a vontade. — Respondi estendendo a mão com o livro para que ele pudesse pegar.

Observei os detalhes de suas mãos no momento em que lhe entreguei o objeto, e das mãos, passei então a observar a íris de seus olhos que se moviam de modo satisfatório para mim conforme a sua leitura silenciosa. Olhando assim, nem parece que estávamos nos odiando três segundos atrás.

A linha de um sorriso formou-se em seus lábios no momento seguinte. Soltanto um suspiro satisfeito, me remitiu o exemplar.

— É muito bom! — Falou se referindo ao livro.

— É sim. — Concordei também lhe mostrando um breve sorriso gentil.

— Onde será que essa professora se meteu, hein? — Olhou para a porta.

— Eu não faço ideia. — Suspirei. — Só espero que ela não tenha esquecido de nós dois trancados aqui. — Falei bocejando.

— Oh, está com sono?

— Um pouco. Na verdade eu estou bem cansada. Ontem eu estudei pra caramba pensando que iria ter prova hoje. Mas na verdade a prova é só na semana que vem. Quando soube, me senti uma idiota.

— Nossa. — Suspirou e inflou as bochechas. — Bom, ontem eu não fiz nada além de sair com meus amigos e conhecer mais a cidade.

— Bom pra você. Eu ainda não acostumei muito bem nessa escola porque as vezes é muita coisa, então nem sempre tenho tempo para sair.

— Eu sei como funciona. Na Coréia os estudos são muito pesados e cansativos. São horas e horas tendo que estudar, e estudar não é uma coisa que eu goste tanto assim. Por isso achei melhor aqui no Brasil. É bem mais fácil e liberal. Apesar de nem todas as escolas terem um ensino à altura de universidade como a Coréia.

— Minha nossa. Eu realmente imagino o quanto deve ser difícil a vida de estudante por lá. Ainda mais as pessoas universitárias que trabalham de meio período. — Falei lembrando de alguns dramas onde vi certas realidades.

Me encostei em qualquer coisa, e fiquei alí, brincando com algumas mechas do meu cabelo. Pensei em continuar a ler o livro, mas a falta de coragem foi maior.

— Você tem algum grampo de cabelo por aí? — Perguntou ele entediado.

— Não, eu não tenho. Era para quê?

— Para fazer como nos filmes. Abrir a porta. — Diz ele levantando as sobrancelhas repetidas vezes me fazendo sorrir com sua ação.

— Eu nunca consegui fazer, acho que só acontece nos filmes. Ou então sou eu quem não consegue mesmo.

— Talvez... Não custa nada tentar. — Deu de ombros.

— A primeira vez que eu fui fazer isso, acabei trancada no quarto. Tive que esperar minha mãe chegar do trabalho para abrir a porta. — Sorri lembrando do ocorrido.

Meu desespero naquele dia foi tão grande que pensei até em ligar para a polícia. Mas como se eu não tinha um telefone na época?

— Não me diga que foi esses dias, certo?

— Claro que não. Eu devia ter uns 10 ou 11 anos. — Sorrimos.

— Ah sim. Eu nunca tentei, mas quem sabe um dia.

Imperfeitos 1 - The Soul |JK| [Concluída]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora