Borboletas no estômago. (3)

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  Ao chegarem na clínica, Ju imediatamente os colocou para trabalhar, como combinado Mateus ficou na clínica, enquanto Leandro foi visitar as fazendas, durante a manhã a clínica era bem agitada, mas Mateus estava dando conta, ele fez uma breve pausa para comer, em seguida contínuo. A tarde as consultas acabaram e ele foi respirar um pouco do lado de fora, na mesma hora Leandro chegou exausto e sentou no chão.

- Estou morto, fiz o parto de uma vaca! -afirmou sorrindo.

- Que legal, ainda não fiz de uma, como foi?

- Horrível, o danado do bezerro não queria sair, tive que puxar antes que ele morresse... -Leandro mostrou um lado do braço roxo. - Mas eu consegui.

- Parabéns. -Mateus sentou ao lado dele.

- Foi difícil hoje?

- Não, o mais grave foi uma cabra que quase perdeu a pata, mas ela vai ficar bem.

- E o Coliseu?

- Está bem melhor.

- Que bom. -Leandro encarou Mateus sorrindo de um jeitinho que fez o coração do homem estremecer. - Bom trabalho.

- Você também...

  Mateus sentiu um ligeiro frio na barriga e levantou, após arrumarem algumas últimas coisas eles voltaram para casa juntos, assim foi por alguns dias. Na semana seguinte um forte temporal se aproximava da cidade, Mateus estava anotando algumas coisa quando viu a chuva começar, o vento havia aberto o celeiro, ele saiu para fechar, mas sua força não estava sendo o suficiente, os pingos ficaram mais fortes, quando finalmente conseguiu fechar, ao se virar viu uma grande madeira da porta do celeiro caindo em sua direção, ele fechou os olhos sem esperança de conseguir fugir da pancada, mas logo depois sentiu alguém segurando forte em seu ombro.

- Quando algo vai cair em sua direção você tenta fugir! -gritou Leandro com voz de dor, Mateus abriu os olhos e viu ele empurrando a madeira com o braço. - Você está bem?

- Sim... -Leandro colocou a mão no braço sentindo dor, afinal ele não era de ferro. - Desculpe, fiquei sem reação, machucou?

- Só um pouquinho, vamos para dentro a chuva está aumentando.

  Ambos entraram pelos fundos, Leandro foi até a pia lavar o braço que começou a sangrar, enquanto Mateus foi buscar a caixa de primeiros socorros. "Será que ele ficou bravo comigo?" Se perguntou enquanto levava a caixa.

- Posso ver? -perguntou pegando o braço dele.

- Não foi tão ruim...

- Perdão, eu deveria ser mais atento.

- Não se preocupe, que bom que você está bem. -disse sorrindo, Mateus ficou vermelho e sem jeito como sempre acabava ficando ao ver aquele sorriso.

- Ok... Eu... Vou fazer um curativo. -ele começou a cuidar da ferida.

- Você às vezes fica tímido, é engraçado! -Leandro colocou a mão no rosto dele. - Tem vergonha de ficar perto de mim?

- Não.

- Que bom, porque hoje vamos passar a noite juntos. -eles encararam a janela vendo a chuva forte cair. - Vou me secar e aparar a barba e o cabelo, depois faço o jantar, ok? -disse se levantando e indo em direção ao banheiro.

- Se quiser faço jantar!

- Sabe cozinhar?

- Não...

- Então deixa que eu faço!

   Ele entrou no banheiro rindo, Mateus foi para o quarto trocar de roupa, quando saiu Leandro o chamou, ao entrar no banheiro o rapaz estava sem blusa, com o cabelo e a barba cortado torto, Mateus riu vendo que estava tudo errado.

- Não acha melhor ir no cabeleireiro?

- Não tenho muito tempo, mas não está tão ruim, ou está?

- Está sim! -Mateus pegou a tesoura e um pente. - Até onde posso cortar?

- Só não me deixa careca. -Leandro fechou os olhos e cruzou os dedos, enquanto Mateus começou a picotar os fios.

- Eu não sou nenhum profissional, mas agora pelo menos não está torto, abra os olhos. -Leandro abriu e sorriu.

- Está ótimo, faz tempo que não deixo meu cabelo e barba curto, ficou bom?

- Ficou lindo! -a frase saiu de forma tão espontâneo que Mateus só percebeu o que tinha dito quando Leandro o encarou com cara de safado.

- Obrigado. -ele o encarou de cima a baixo. - Você também é lindo.

- Eu...

- Vou fazer o jantar!

  Disse saindo do banheiro e indo para a cozinha, Mateus queria enfiar a cara dentro do piso "O que foi que eu disse? Mas ele é tão maravilhoso, acho que nunca me senti tão atraído... Ele é homem, isso está muito errado, droga!" Pensava enquanto tentava tirar todos os fios de cabelo do piso do banheiro, quando terminou foi até a cozinha e sentou na mesa.

- O cheiro está ótimo.

- Obrigado, minhas irmãs mais velhas me ensinaram a cozinhar.

- Legal, eu também tenho duas irmãs mais velhas, mas nós não passávamos muito tempo juntos.

- Eu era muito próximo das minhas, mas cada uma foi viver sua vida pelo mundo depois que nossos pais morreram. -Leandro colocou as panelas na mesa. - Agora só nos vemos no natal, meu pai era muito controlador, quando ele se foi meio que elas viram uma chance de poder fazer o que realmente queriam, por isso não as culpo pela distância.

- E você não? -o olhar de Leandro de repente ficou distante e triste, a pergunta de Mateus parecia ter feito ele lembrar de coisas que não queria.

Meu Ursão! Where stories live. Discover now