Trote de Qualidade.

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Eis a versão completa. ತಎತ

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Peguei o telefone. As mãos tremendo de nervosismo. Meu pequeno "roteiro" estava anotado em um caderninho perto do telefone. Diversas palavras riscadas pelas minhas tentativas de escrever uma história coerente sem que parecesse forçada demais.

Como se ela por si só já não fosse do tipo de mentira cujas pernas parece as de qualquer coisa cujas pernas sejam dezoito vezes o tamanho do corpo.

Tipo uma aranha.

Só que com duas pernas.

Duas LONGAS pernas.

Estremeci com o rumo de meus pensamentos e sacudi a cabeça nervosa. Não era hora para imaginar coisas tão repulsivas quanto essa dita "amizade" que eu tinha. Uma farsa obscura, sem dúvida. Mas não um segredo do qual eu não tivesse conhecimento. Embora as vezes preferisse que isso fosse mais sutil.

Me pouparia o trabalho.

Desbloqueei o celular. E busquei na lista de contatos a letra "B". Lá estava.

- Bicas de veneno - murmurei dando um risinho da piada sutil.

A última mensagem dizia:

"Miga! Passa na minha casa hoje, hein? Não esquece! 😘💕"

Revirei os olhos ao reler aquela audácia em forma escrita. Era possível imaginar o tom de voz engasgado no veneno também conhecido como falsidade ao ler aquelas palavras. Ou talvez fosse apenas o meu cérebro dramatizando. De qualquer forma, fosse o que fosse, era completamente revigorante e eu pude me sentir com a coragem que antes me faltava.

Disquei o número no telefone fixo, e enquanto ouvia o som da chamada conectando, puxei o caderninho para perto ao ouvir o barulho do telefone sendo atendido.

- Alô - ouvi a voz mais irritante do mundo, a partir do meu ponto de vista e abri meu maior sorriso.

- Bianca Maria Joaquina! - respondi me imaginando como a pessoa mais feliz por ouvir a voz da garota. Não sei o que era mais ridículo: O nome composto com pinta falsa de extravagância ou o fato de que a garota exigia ser chamada pelo nome inteiro. "Bicas de Veneno" era claramente mais criativo.

Mereço um Oscar.

- Miga! - ouvi ela responder e contive a vontade de reclamar do vocativo forçado. - Você vem hoje né? Nem me respondeu!

- Bianca Maria Joaquina - comecei, abaixando o tom de voz.

- O que foi, menina!? Eu mal consigo te ouvir! - reclamou ela, o tom nervoso já era bem perceptível.

Era hora de fazer um show.

- Por favor, fala baixo! Eu não sei se ele pode ouvir ou não, não quero correr riscos! - continuei sussurrando, forçando ao máximo meu tom de nervosismo.

- Ele quem!? Do que você tá falando!? - o tom de desespero aumentou. Segurei o riso.

- Tá, e-eu vou te explicar, preciso de um apoio caso eu não... - suspirei fazendo o tom de nervosismo mais crível que conseguia. - C-caso eu não consiga sobreviver à isso - comecei a interpretar o papel.

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