Eleanor e Park - Quando ele se foi

Park

Deveria ter ficado em casa, Park pensou.

Encostado no suporte da lareira, ele observava Elena do outro lado da sala de estar, conversando com o grupo de amigas das aulas de jornalismo. Ele reconheceria todas de rosto se não estivesse na segunda cerveja.

Não queria estar ali. Poderia estar assistindo alguma reprise de Magnum, talvez explodindo os ouvidos com alguma outra banda que ele havia descoberto, ou quem sabe realmente bebendo...sozinho.

Não que não gostasse de festas nem de música, nem de bebidas. Mas aquele lugar estava cheio demais, e a última coisa que ele queria depois de uma semana corrida trocando de "casa" e movendo cada móvel para um novo lugar, era estar em uma festa da república.

Estava sendo exatamente como ele previra. Elena conversando com as amigas em um canto, talvez apontando na direção dele uma vez ou outra como se estivesse o exibindo. Em todos os momentos ele mexia as sobrancelhas e bebia um gole de seu copo vermelho. Já havia bebido no mínimo dois copos.

Estava tocando new rave, já havia garotos bêbados dormindo pelos cantos e ainda não era nem meia noite.

Park enfiou a mão livre no bolso, pensando nos movéis que ainda não tinha comprado para seu novo quarto de dormitório.

"Móveis" na verdade era um exagero, visto que o garoto precisava apenas de um novo jogo de lençois e uma luminária. "Móveis" era a desculpa que ele havia dado para Elena mais cedo quando ela o chamou para a festa.

Olhou ao redor. Não conhecia metade das pessoas ali, e o resto eram rostos conhecidos de outras festas. Ele provavelmente era o calouro mais veterano da universidade de Dakota.

Park se encostou na parede, inclinando a cabeça em uma das vigas de madeira.

Suspirou fundo, poderia estar dormindo.

Meu deus, ele pensou, eu sou o jovem de 19 anos mais idoso do mundo.

Park deu mais um gole no seu copo vermelho, observando as paredes de tijolos vermelho da casa. Olhou de relance os posters de bandas na faculdade e as luminárias com cores divertidas nos cantos da casa. Todas fraternidades pareciam iguais quando acontecia uma festa. As músicas até eram iguais, mas não valiam a pena o roteiro de noite já tão bem conhecido, onde ele bebia, comia, dançava com Elena e voltava pra casa.

- Calouro! - um dos caras que Park reconheceu sendo um dos seus veteranos de Psicologia gritou cortando a multidão, com um copo vermelho erguido acima da sua cabeça e os cotovelos batendo por quem ele passava.

Ele ergueu o próprio copo em reconhecimento.

- Oi Derick.

Os cabelos loiros e longos do seu veterano estavam soltos, embora sempre estivessem presos. Park não o teria reconhecido se não fosse pela blusa dele de Led Zeppellin.

Derick parou em sua frente respirando tão fundo como se tivesse corrido uma maratona, o que deveria ser equivalente ao trabalho de atravessar toda aquela multidão.

- Como foi a mudança, cara? - Derick era o tipo de pessoa que terminava de 5 frases, pelo menos 3 com "cara" no final.

- Eu consegui terminar hoje, a tempo de vir - infelizmente.

Derick deu um sorriso amistoso, como se os dois já fossem melhores amigos o que fez com que Park se sentisse desconfortável e ao mesmo tempo bem vindo. 

- Você tem que ver cara, - ok, agora só desconfortável - as aulas de psicologia são as mais insanas possíveis. Temos aulas de desenho toda semana, algo sobre "relfetir a mente humana".