NÃO É VITIMISMO, CHAMA-SE FEMINISMO!

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Ela caminha depressa pela rua da desilusão, sua vida depende daqueles passos; passos tristes que a guiam para a decepção. Depravada, com a blusa amarrada e a barriga de fora, contando para o mundo que não precisa de ninguém. Bêbada, manguaça, caída na calçada como um bilhete de cinema pisoteado no chão. 

O filme era bom, a bebida era boa, mas o corpo não. O corpo carregava feridas que a desferi-la nas ruas acima. A tal rua cheirava a doce, mas o gosto era amargo, azedo, como seu interior era agora.

— Sou a capital dos homens arruinados! — gritou ela para quem quisesse ouvir.

Sua herança não fora entregue com rosas e velas. Sua herança fora arrancada dela, assim como suas calças naquele momento, assim como seus gritos, assim como suas lágrimas. Tudo saía, menos o medo, menos a dor, menos o corpo. Esse entrava e com força destruía e desintegrava toda uma nação.

E agora como uma marginal sem religião, ela zumbia rua abaixo, cantando que era assassina de uma facção.  As mulheres com olhares de desprezo, seguravam os braços dos maridos, para que não visse tal depreciação. Já os homens bem faceiros, armados como cavaleiros, juravam jurisdição. 

Mas tudo não passara de uma grande mentira, a culpa era da gúria, que se vestia como uma vadia, mas não queria o cafetão.

No final, ela estava certa, cantando como uma liberta, sem medo da população. Mulheres fortes, sempre foram juradas a morte, por ser donas delas mesmas. Mas antigamente, a religião consumia a mente, dizendo que essa gente, era filha de coisa ruim. 

Até hoje é assim, mulher tem sempre a culpa, e o homem é o certin. 

Mulheres são as bruxas e a sociedade é o estopim.

PALAVRAS QUE TRAGO NO PEITOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora