Gwen jamais esquecia aqueles que eram gentis com ela, especialmente aqueles que haviam salvado sua vida. Ela queria recompensar Steffen por sua bondade. Ela odiava a ideia de tê-lo escravizado na ala dos servos, especialmente depois do que ele tinha feito por ela. Simplesmente não era justo. Ele era um bom homem a quem todos julgavam mal, devido à sua aparência. Ela tinha de admitir que ela mesma o havia julgado mal, a princípio.

Steffen aproximou-se, tirando o chapéu e curvando-se diante dela, sua testa estava encharcada de suor.

"Minha senhora." Ele disse. "Eu vim assim que recebi seu chamado."

Krohn veio correndo, colocou-se em atitude protetora ao lado de Gwen e rosnou para Steffen.

"Krohn, está tudo bem." Disse Gwen. "Ele é um de nós."

Krohn relaxou instantaneamente, o pêlo eriçado de suas costas voltou a suavizar-se, ele baixou as orelhas como se estivesse demonstrando que entendia. Ele deu um passo para a frente e quando Steffen estendeu a mão, Krohn a lambeu. Logo, ele levantou-se e lambeu o rosto de Steffen.

Steffen riu.

"Ele é o filhote de leopardo mais carinhoso que eu já conheci." Steffen disse.

"Se você estiver do lado dele, sim." Gwen respondeu. "Obrigado por ter vindo. Eu não sabia se você viria."

"E por que eu não viria?"

"Com Gareth governando, parece perigoso ficar perto de mim. Afinal, veja o que aconteceu com Firth. Eu pensei que talvez você tivesse medo de involucrar-se novamente."

Steffen deu de ombros.

"Poucas coisas me assustam, minha senhora. Depois de dormir em um porão por trinta anos, eu sinceramente, não tenho muito a perder. Eu não tenho medo dos reis. É a injustiça que eu temo."

Ela examinou Steffen e podia ver que ele estava dizendo a verdade. Quanto mais tempo ela passava com ele, mais respeito ela tinha por aquele homem engraçado e sutil que via o mundo à sua maneira. Ele era muito mais sábio e mais inteligente do que ela pensara e ela se sentia tão grata a ele pelo que ele tinha feito por ela. Ela sentia que ele era um amigo achegado, uma das poucas pessoas daquela Corte em quem ela poderia realmente confiar.

"Eu o chamei aqui porque eu nunca tive a chance de agradecer-lhe adequadamente." Disse ela.

"Não há nada pelo qual agradecer-me, minha senhora."

"Mas eu agradeço. E eu sempre pago minhas dívidas. Não parece justo aos meus olhos que você continue a ser um servo, quando você salvou a vida de um membro da realeza. Eu tenho uma grande dívida para com você e eu gostaria de lhe recompensar. Por favor, me diga como. Gostaria de ter riquezas? De obter uma nova posição?"

Steffen abanou a cabeça.

"Minha senhora, eu não tenho necessidade de riquezas. Talvez na minha juventude, mas não agora. Eu não tenho nenhum lugar ao qual eu chame de lar. Eu durmo em uma pequena sala adjacente aos aposentos dos criados. Eu não tenho família, pelo menos nenhum parente que me reconheça. Eu não tenho ninguém, nem nada no mundo. Então, eu não tenho necessidade de coisas. As coisas sempre foram assim para mim."

Gwendolyn sentiu seu coração partir.

"Mas isso não é justo." Disse ela.

Ele deu de ombros.

"Assim são as coisas neste mundo. Algumas pessoas nascem com muito e outras com pouco."

"Mas nunca é tarde." Disse ela. "Eu quero, pelo menos, elevar a sua posição. Eu quero dar-lhe um emprego em outro lugar, um trabalho mais digno."

Um Grito de HonraWhere stories live. Discover now