Capítulo 4 - A Vingança da Mulher Gorda

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Querido diário...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

Esse foi o primeiro som vindo de mim e a primeira coisa a se passar pela minha cabeça quando eu abri o Profeta de Hogwarts. (ritual que eu sempre evito por na minha opinião conter um conteúdo pobre e banal, perfeito para os fofoqueiros do colégio). E sabe por que eu o fiz? Porque a cara do Ron, que por sinal estava apenas procurando naquelas páginas sua distração para a aula de Herbologia que seria dali a 10 minutos, estava começando a me causar certo incomodo irreversível vindo de uma certa ansiedade misturada com as premonições doidas da doida da Trelawney e um certo medo que só o Profeta Diário conseguia causar no meio daquela maldita guerra que acontecia a alguns quilômetros de nós.

– Ron! O que foi? – eu exclamei batendo com força a minha taça de suco de abóbora na mesa tentando chamar a atenção do ruivo que começava a gemer nervosamente baixinho. Mas para minha total impaciência ao invés disso Harry também se juntara a ele atrás do jornal, trocando olhares preocupantes do jornal para mim, de mim para a merda do jornal de volta. – O que foi? – eu perguntei mais uma vez estressada.

– Matéria sobre aranhas. – disse Harry recolhendo o jornal e enfiando-o depressa dentro da mochila.

Eu fiquei encarando-os chateada como se ele ainda não houvesse dito o motivo de todo aquele desespero. Sim, porque ou Ron estava dando de comer para alguém invisível ao seu lado ou ele definitivamente esquecera o caminho até a boca. Porque o bolo de cenoura estava indo parar em todos os lugares menos no estômago dele. Matéria sobre aranhas? Matéria sobre aranhas? Como assim matéria sobre aranhas?
Tudo bem que é reconhecedor até pelos analfabetos que aquele lixo, que ousados e completos insanos insistiam em carinhosamente nomeá-lo de jornal, seria suficientemente ridículo e banal em publicar uma matéria dessa simplicidade. Mas conhecendo Harry do jeito que eu conheço, eu sabia muito bem que as narinas dele não haviam adotado aquela dança trêmula, imitação muito bem feita de uma respiração nervosa e desesperada e que por mais imbecil que Ron fosse, por Merlin, ele sempre soubera perfeitamente como levar a comida até a boca.

É claro que algo não estava normal. E me ofendia saber que eles realmente pensaram que uma mentira cabeluda e ridícula como aquela fosse dar certo comigo. Afinal, com quem eles achavam que estavam falando? Colin Creevey? Ok. O coitado pode ser ingênuo e não conseguir enxergar nada a não ser Harry-Todo-Poderoso-Potter, e isso ele estando a milhões de quilômetros de distância, mas creio que com um pouco de esforço até ele perceberia que aquilo era mentira. E não falo pelo fato de agora Ron estar indo com a taça de suco, a minha, em direção a orelha de Parvati, o que é realmente preocupante.

E mais, por que de alguma forma, todos naquela mesa começaram a achar que havia algo de muito familiar entre a minha cabeça e a matéria sobre aranhas? Por que por um momento eu podia jurar que estavam brotando Profetas de Hogwarts naquela mesa, como se os elfos do castelo estivessem os mandando no lugar da comida? E era automático: olhavam pro jornal e olhavam pra minha cara em fração de um segundo. E o que mais me desesperava, era que Ron começava a perder a cor aos poucos, conforme os murmúrios aumentavam naquela mesa. Mesmo que, infelizmente, graças ao inconveniente do Harry, que fazia questão de fazer barulhos irritantes com uma colher e mastigar barulhentamente, como se mingau precisasse ser mastigado, não me permitindo distinguir uma palavra.
Foi então que algo terrível passara pela minha cabeça, o que filhadaputamente se encaixava direitinho naquela situação. Afinal, só havia uma coisa da qual Ron tinha mais medo do que aranhas: eu.

– Harry me deixa ver esse jornal. – eu pedi com a voz fraca e com o olhar mais ameaçador que encontrei.

Não que o coitado, se é que minhas conclusões estavam corretas, tivesse alguma culpa sobre essa história, mas eu precisava ameaçar alguém no momento. E também porque eu sabia que se eu olhasse daquele jeito pro Ron, que já estava por demais transtornado e implorando por um enfermeiro do St. Mungus, ele se borraria todo o que seria uma ótima desculpa para os dois desviarem do assunto.
Às vezes a tamanha idiotice de Harry me faz pensar que se ele não fosse um clone de James Potter, ele nunca seria dado como filho de um maroto. Digo isso porque Harry quase tivera um filho na hora de me responder.

Apaixonada Pela Serpente 2 (APS2) - A VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora