16 De Outubro de 1960
-O que faço aqui?-Perguntou Alicia, olhando para o espelho.- O que faço eu nesta merda?
Alicia procurou em todas as gavetas algo para aliviar a sua dor. Até que se lembrou ir á gaveta da cozinha e pegar numa faca, chegou á cozinha agarrou na faca, e voltou para a casa de banho, trancou a porta, encostou a faca ao braço, e fez três golpes.
-Mas que merda é esta?-Perguntou Alicia.- Eu não sinto merda nenhuma.
-Alicia, eu sei que estás ai dentro.- Disse Melissa.- Abre a porta.
-Vá-se embora.- Disse Alicia.- Eu estou bem.
-Eu sei que não estás, por favor deixa-me entrar.- Disse Melissa.- O que estás a fazer? A Madame Cloe viu-te ir á cozinha buscar uma faca.
-A mim?-Perguntou Alicia.- A mim é impossível.
-Alicia, abre a porta.- Disse Melissa.- Olha que eu uso magia.
-Uma pessoa já não pode ter privacidade?-Perguntou Alicia
-Quando se está fechada numa casa de banho, com uma faca.- Disse Melissa.- Claro que não podes.
-Vá-se embora Melissa.- Disse Alicia.
Com um estalar de dedos, Melissa abriu a porta da casa de banho, e quando entrou, viu o braço de Alicia, cheio de sangue.
-Alicia, o que aconteceu aqui?-Perguntou Melissa.- Não me digas, que...
-Não! Eu não me ia suicidar.- Disse Alicia.- Eu não sinto porra nenhuma.
-Como assim não sentes nada?-Perguntou Melissa
-Tipo isto.- Respondeu Alicia, espetando a faca na mão.
-Ahh!-Gritou Melissa, ao ver aquilo.
-Não me doeu.- Disse Alicia.- Nada me doí.
-Deixa-me tratar essas feridas.- Pediu Melissa, baixando-se.- Dá-me o teu braço.
-Não, elas com o tempo curam-se.- Disse Alicia.
-Mas tu tas toda cheia de sangue.- Disse Melissa
-Ás vezes o nosso sague, não é marca de vitorias, mas sim de derrotas.- Disse Alicia.- Derrotas contra a nossa própria mente.
-Te curum.- Disse Melissa, passado a mão por cima das feridas, fazendo com que estas desaparecessem.
-Obrigada Melissa.- Agradeceu Alicia
-De nada.- Respondeu Melissa.- Agora vai para o quarto. Até amanhã.
-Até amanhã.- Respondeu Alicia, dirigindo-se ao quarto.
Melissa ficou sozinha na casa de banho, levantou-se do chão e dirigiu-se ao seu quarto, quando passou para o seu quarto, ouviu Alicia chorar no quarto. No outro dia de manhã Melissa, como sempre acordou todas as raparigas, todas menos Alicia, enquanto tomavam o pequeno-almoço, Cloe perguntou.
-Menina Mel, onde está a Alicia?-Perguntou Cloe.- Ainda não a vi hoje.
-Deve estar no quarto, fechada, como sempre.- Disse Charlotte
-Charlotte.- Gritou Melissa.- Chega dessa tua embirração com a Alicia. Chega
-Pronto também não precisa de ficar tão ofendida.- Disse Charlotte.
-Madame Cloe, por favor eu preciso que chame a minha tia Abby.- Pediu Melissa.
-Não precisa.- Disse Abby, chegando á sala.- Eu já cá estou.
-Tia, por favor acompanhe-me ao meu escritório.- Pediu Melissa.
-Com certeza.- Disse Abby, arranjando a capa.
-Preciso da sua ajuda.- Disse Melissa.
-Então?-Perguntou Abby.- O que se passou?
-A Alicia.- Disse Melissa.- Ela não está bem. Desde que ela voltou á vida na ultima vez, ela tem estado estranha.
-Como assim estranha?-Perguntou Abby
-Ontem encontrei-a sentada no chão da casa de banho, com um braço todo cortado.- Disse Melissa
-Ela tentou....- Disse Abby
-Não tia, ela não se tentou suicidar.- Disse Melissa.- Ela não sente qualquer tipo de dor.
-Isso pode ser ela a dizer, só por dizer.- Disse Abby
-Não tia acredite, ela não sente mesmo nada.- Disse Melissa.- Ontem á noite ela espetou uma faca na própria mão, e nem uma lágrima lhe saiu dos olhos.
-Ela está com depressão, porque não tem ninguém que a compreenda.- Disse Abby.- Isso de ela não sentir nada, é porque ela só tem a parte da alma viva, ou seja o corpo está morto.
-Ela não se vai começar a decompor pois não?-Perguntou Melissa.
-Não.- Respondeu Abby.- A alma dela conserva o seu corpo, o corpo só se começa a decompor quando ela morrer. Para sempre.
-E o que posso fazer para a ajudar?-Perguntou Melissa
-Terás que lhe dar muito apoio.- Disse Abby.- Muito apoio. Ela não tem cá a sua melhor amiga, e não consegue confiar em mais ninguém.
-Nem em mim?-Perguntou Melissa
-Nem em ti.- Respondeu Abby
-Tenho medo. Tenho medo de a perder.- Disse Melissa
-Não me vai perder.- Disse Alicia, entrando pelo escritório a dentro.
-Alicia.- Disse Melissa.- Eu não te acordei, porque pensei que quisesses dormir mais um bocado.
-E agradeço-lhe por isso.- Disse Alicia.- Só a venho avisar que vou partir.
-Partir?-Perguntou Melissa.- Para onde?
-Não sei, por ai.- Respondeu Alicia
-Alicia, não vás, por favor.- Disse Melissa.- Por favor fica.
-Não, e não vale a pena tentar convencer-me a ficar.- Disse Alicia, saindo do escritório.- Adeus.
-Alicia, espera.- Disse Melissa saindo atrás dela, até á porta da rua, a mesma que Alicia fechou sem olhar para trás.
-O que foi isto?-Perguntou Anne, aproximando-se de Melissa, que estava a olhar fixamente para a porta.
-A Alicia.- Disse Melissa
-O que é que essa vadia fez?-Perguntou Charlotte
-Ela... Ela foi-se embora.- Disse Melissa
-Finalmente.- Disse Charlotte
-Cala-te.- Disse Melissa, dando um estalo a Charlotte
-Você bateu-me!- Disse Charlotte
-Não me digas.- Respondeu Melissa.- Se continuas a gozar com as tuas irmãs, arranjo maneira de te fechar num buraco qualquer.
-Mas...- Disse Charlotte, enquanto Melissa subia as escadas.
-Tu mereceste.- Disse Anne
-Ahhhhhhh.- Gritou Melissa quando chegou ao quarto.- Como pude ser tão má, como. Como é que nunca percebi que ela estava assim!
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The Witch
FantasyEsta história passa-se antes, durante e depois dos anos em que Ostree, esteve aberto. Na altura em que bruxas e feiticeiros lutavam pelo seu lugar no mundo.