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Uma vez meu pai me disse que o mundo era um lugar bem ruim. Que não importava a beleza e a quantidade de maravilhas no mundo, sempre no final poderíamos ver a sua escuridão e crueldade.
Passei minha infância ouvindo ele dizer que ainda havia esperança, que a paz habitaria de vez em todo o lugar. As vezes eu achava que ele estava citando algum livro. Mas vinha dele.
Meu pai tinha razão.
O mundo é um lugar bem ruim. Mas não por que ele foi construído com o mal, mas sim por ter sido infectado pela maldade das pessoas.
Guerras, caos e destruição atingiram desde sempre o lar de alguém, a vida e a família de alguém. A matança se espalha, a perda persiste, o ódio crava na alma e a sede por poder se torna algo implacável.
- Ela está ali!- ouço a voz da minha mãe.
Sinto algumas luzes no meu rosto, eram lanternas das armas apontadas em minha direção. Os atiradores desviaram e foram até Sophie e seu grupo.
Me levanto devagar quando ela corre até mim para me abraçar.
- Por favor, não me matem...- implora o garoto que eu havia atacado. Mas o atirador atira um dardo tranquilizante nele, fazendo com que ele fique inconsciente.
Os outros atiradores atiraram no resto de forma rápida e eficiente, em seguida carregaram todos.
- Pra onde levarão eles?- pergunto observando irem embora.
- Vão para a casa da Lorelai.- responde ela.- Lá tem um porão feito para segurar trinta lobisomens. Eles se aproveitaram do ataque a vila.- explica.- Algumas pessoas fugiram pra floresta para escapar das explosões. Eles deixaram uma trilha de corpos, Jean.
Lembro dos corpos de crianças na floresta perto da cabana e extremesso.
- Foram eles?
Ela concorda com a cabeça.
- Eles teriam matado mais um se você não tivesse impedido.
- Nick a salvou. Eu apenas ajudei.
- Tá tudo bem...
- Não, não está.- rebato calma.- Você não estava na vila, não estava aqui...- digo passando a mão lentamente pelo rosto.- Estão em guerra mãe.
- Eu sei.
- Eu vi corpos de inocentes, vi pessoas serem arremessadas ao ar com as explosões. Eu tentei salvar uma garotinha. Mas aí eu não consegui, eu a deixei morrer.
As lágrimas caem.
- Dion me contou o que aconteceu. A culpa não foi sua.
- Mas por que eu sinto que é?- pergunto enxugando as lágrimas.- Ah Deus, eu estou cansada de chorar...
- Então não chore.- diz ela.- Seja forte.
- Eu tento ser.
Ela passa a mão pelo o meu rosto, me analisando.
- Vamos sair daqui.
***
- Ela sabe.- ouço a voz de Quanty pelo corredor.
Alguém suspira.
- Não, mas é claro que não. Eles fizeram tudo certinho. Sem deixar rastros.
Viro para entrar no corredor e me deparo com Quanty e Margot conversando em segredo.
- O quê estão fazendo?- pergunto espantando eles.
Margot começa a suar.
- Estávamos apenas conversando.- responde ela.
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Meu vizinho se chama Vlad
Science FictionJean Mhorelly é uma colegial prestes a fazer 18 anos no ultimo ano do ensino médio. Ela é como qualquer garota que conheceu? um clichê que você ja ouviu falar? um rosto de princesa? Não... Jean é muito mais que isso. Ela se mudou com a sua mãe Alex...