Meu vizinho se chama Vlad

Tudo vem com um preço.

***

- Ela só tem seis anos James!- ouço minha mãe gritar com o meu pai.

- Não vai doer Alex.- diz se defendendo.

Escuto um copo se quebrando na cozinha. Eu estava escondida no corredor.

- Você já fez o suficiente com a nossa filha. Já chega!

- Ela precisa beber sangue.

- Olha só o que você tá fazendo. Eu não te reconheço mais...

- Alex. Pensei que entenderia.

- Eu não a carreguei por nove meses e a amei para que você a transformasse nisso.

- Alex...

- Ela é só uma criança. Não vou deixar que faça isso.

- Se não dermos o que a outra parte precisa...

- Ela poderia ter uma vida normal?

- Sim, mas implicaria nos planos.

Um silêncio se fez por um bom tempo.

- A nossa filha vai ter uma vida normal. E você nem pense em por uma se quer gota de sangue na água em que ela beber.

Acordo com batidas fortes na porta. Eu havia dormido de cabeça pra baixo na cama. Estava com a mesma roupa de ontem, lembro que nem tirei os sapatos. Levanto e vou até a porta, quando abro me deparo com Safíre de camisola preta de seda.

Ela estava encostada na parede do corredor, encarando o chão

- Não consigo dormir.- diz ainda encarando o chão.

- Teve um sonho ruim?

- Eu não tenho sonhos ruins. Só lembranças ruins que não me deixam dormir.- diz enfim olhando para mim.

Eu abro mais a porta.

- Vem, eu faço companhia.- chamo.

Safíre volta a encarar o chão.

- Não. Eu vou voltar pro meu quarto.

- Safíre...

- Olha, eu não me esqueci de quem você é.- diz com fúria na voz.- Não me esqueci da traição do Nicholas.

- Sei que não.

- Então não me chame mas pelo nome. Me sinto mal só de ouvir a sua voz.- diz indo embora do corredor.

Vejo ela desaparecer pelos cantos e fecho a porta, deslizando até sentar no chão com as mãos no rosto. A noite estava acabado, e o amanhecer estava vindo, já estava na hora de ir pra casa.

Lembro do dia em que minha mãe me levou com a Ross para a casa da minha avó Leandra, quando ela e o meu pai estavam brigando constantemente. Lembrei do dia em que discutiram sobre eu ter um aniversário de treze anos, enquanto meu pai queria viajar comigo, minha mãe queria fazer uma festa pra mim.

Levanto e vou até a varanda.

Tudo o que aconteceu até agora só me provou que devo lutar pela minha vida e pela minha família. Eu achava que conhecia meu pai e que ele queria o melhor pra mim. Mas agora só penso no que ele me fez bem antes de nascer. Eu ia ter minha vida de volta e fiz um acordo com o Conde pra isso ser possível.

Só quero a minha vida de volta. E a terei.