Fascínio - Capítulo II

Começar do início
                                    

     _ Você não está interrompendo nada de tão importante; e, depois, esta sala é sua. _ dito isto, Henrique lançou um olhar zombeteiro à irmã. _ Muito bem, garota! Se quiser posso lhe dar uma carona. Já estou sabendo sobre o seu castigo; você realmente pisou na bola!

     _ Pois saiba que não me arrependo do que fiz e falei; e tem mais, ainda reservo muitas surpresas para ele!

     Nathan ficou indignado com o que ouviu. Depois da conversa que tivera com Júlia, esperava um pouco de colaboração por parte dela ou, no mínimo, compaixão para com o pai. Nunca conhecera pessoa mais mimada, egoísta, ousada e inconsequente. Claro que tinha de ser honesto consigo mesmo, reconhecendo que nunca mulher alguma conseguira afetá-lo tanto. Porém, uma coisa era certa, não permitiria que Júlia minasse o seu negócio. Entrava nas jogadas para vencer, e não seria aquela garota que iria estragar tudo. Esse pensamento o motivou a falar com severidade:

     _ Só lhe digo uma coisa, Júlia, se quiser aprontar, que seja bem longe daqui! Entendeu?

     _ Escute aqui, Nathan, você não é o único dono...

     _ Chega Júlia! _ Henrique chamou-lhe a atenção.

     _ Tudo bem, Henrique, pode deixar, sei como lidar com essa fera. _ afirmou Nathan, exibindo um sorriso irônico.

     _ Realmente, você não me conhece... senhor Nathan!

     _ Não?! _ ele a mediu com um olhar insolente.

     Júlia engoliu em seco, ao captar o duplo sentido da palavra. Porém, antes de ter tempo de retrucar, foi novamente bombardeada, sem piedade.

     _ Você esquece rapidamente das "coisas", garota... eu não! E sei qual é seu ponto fraco.

   _ Cretino! _ esbravejou, ao mesmo em que dava um passo à frente, demonstrando clara intenção em esbofeteá-lo.

     Henrique foi rápido, segurando-a pelo braço.

     _ Controle-se! _ ordenou com voz firme.

    _ Leve-me daqui, Henrique! Se eu ficar mais um minuto, não responderei por mim! _Porém, antes de alcançar a porta, ouviu o chamado de Nathan. Ela se voltou exibindo um olhar de escárnio.

     _ Sabe o que costumo fazer quando encontro uma fera em meu caminho? Eu a domo, deixo-a bem mansinha, para depois vender a qualquer um, a preço de banana!

     _ Em contra partida, senhor Nathan, quando “eu” encontro um metido a domador... posso até fingir estar sob total domínio para, então, dar o bote final! _ retrucou, demonstrando o ódio que sentia.

     _ Veremos! _ gracejou ele.

     Júlia saiu sem olhar para trás, enquanto ouvia a gargalhada debochada.

     Henrique esperou a irmã desaparecer de seu campo de vista, para comentar:

     _ É a primeira vez que vejo alguém enfrentá-la à altura... gostei de ver! Sabe que isso pode resultar em uma paixão? É, minha irmã pode até se apaixonar por você; agora, cuidado! O feitiço pode virar contra o feiticeiro.

     _ Ha...Ha...Ha! _ zombou Nathan.

     _ Depois não diga que não avisei; até mais!

     Ao ficar só, Nathan sentou-se na ponta da mesa, com o olhar perdido. As últimas palavras de Henrique ficaram martelando em sua mente. Júlia havia conseguido tirá-lo do sério, para depois deixá-lo louco de desejo, a ponto de esquecer que estava no ambiente de trabalho. Discutiram, fizeram amor, e voltaram a discutir.

FascínioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora