15. Ele é como um Gatinho

Start from the beginning
                                    

Me encolhi mais.

— Eu não quero.

Conectei o fone no walkman, colocando-o na cabeça. Ainda pude ouvir meu pai falando que também poderíamos pesar e, puxa, se meu pai também concorda, já sei que está decidido. Não tem mais jeito de fugir.

Se os dois concordam, é porque vai acontecer. Chega até a ser um pouco triste, pra falar a verdade.

Eu realmente odeio a sensação de experimentar roupas, principalmente quando preciso ir para o provador. Não dá pra saber se meus pais fazem isso pelo meu bem ou se eu realmente preciso de roupas novas — só tem uns míseros furos nos meus casacos, puxa —, mas eu nunca gostei de nada disso, em nenhuma das hipóteses.

Não gosto de trocar de roupa e definitivamente detesto ter que ficar sem meus casacos quando alguém está por perto. A sensação é estranha e ruim, e eu me sinto extremamente exposto. Não é nada legal.

Às vezes Seokjin diz que estou exagerando colocando tantos problemas assim em mim mesmo, mas é um pouco difícil não fazê-lo quando passei tanto tempo ouvindo "Você anda passando fome?" de diversas pessoas diferentes. Eu tento não deixar isso atrapalhar meu dia a dia, porque... Sei lá, algo nas lições que as HQs que eu leio carregam, me ajudam. A mensagem através das falas dos heróis me dizem, de forma leal e fiel, que é completamente imbecil pensar em nós no "modo exterior".

É engraçado pensar nisso, mas até que me sinto bem. O fato de um gibi, que poderia servir apenas para o entretenimento, me trouxe tantos pensamentos bons, é muito feliz. Uma vez me fechei em meu quarto de vergonha e tristeza, porque minha irmã e suas amigas estavam sendo muito malvadas comigo. Decidi naquela tarde que preferia dar atenção à mim mesmo, mas não a minha aparência ou algo do gênero. Meu interior...

É um pouco difícil entender o que normalmente faço para me sentir bem, mas é muito básico, eu só gosto mais da minha personalidade. Convivo bem comigo mesmo, e isso é bom. Eu só não gosto de ter que pensar nas outras coisas...

Como espelhos. E exposição.

— Juro que só vamos ver umas roupinhas básicas, tá? — minha mãe disse, enquanto saíamos do carro. — Depois comemos, e você pode até pegar um moletom novo.

Ok, moletons me deixam um pouquinho mais animado.

— Mas tem que escolher três camisetas e uma bermuda — revelou as condições.

— Tá bom. — Eu aceitei elas. — Uma calça também?

— Só uma! — disse, e até que entendo.

Dá última vez eu só peguei calças. Sério. Calças.

— Tá bom. — Até que me sinto melhor agora.

Então, fomos caminhando até as lojas favoritas de ambos. E eu apenas acompanhei, pegando as camisetas mais irônicas e largas que vi.

***

Por incrível que pareça, não foi tão ruim fazer compras.

As palavras da minha mãe sobre eu ter dado uma "engordadinha" se mantiveram na minha cabeça enquanto eu escolhia as blusas. E quando as vesti, percebi que não tinha ficado tão ruim quanto eu pensava.

Ah, e eu consegui comprar dois moletons. E uma camiseta branca arroxeada gigantesca.

Minha mãe não deixou eu comprar outro par de all stars, então fiquei um pouco bravo. Isso até irmos comer e eu me sentir maravilhado com tanta pizza, lasanha e macarrão em um só lugar. É o paraíso...

Ele é Como Rheya {jikook}Where stories live. Discover now