capítulo 2

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~Robert Clifford~


Meu coração está batendo forte. Não sei porque fiz isso, mas não consigo parar... E pensar que achei que já tinha superado a traição, as mentiras e as desilusões que aconteceram antes das férias. O sangue do meu ex-melhor amigo voa pelos cantos enquanto soco sua cara com mais força ainda.

— Rob! Para! Para por favor!  — Elizabeth puxa meu braço desenfreadamente.  — Ela não vale tudo isso, Rob! Imagina, o que sua mãe vai pensar!

Imediatamente gelo e me levanto. Realmente, eu não posso me descontrolar toda vez que alguém me lembra da Mary. Ela realmente não vale a pena. Respiro fundo e conto até cinco. Olho para o garoto estirado no chão, com o nariz quebrado, e digo firmemente:

— Por que você não vai encher o saco de outro?  — Chuto a perna dele  ao passar.

— Não foi isso que ela fez? Mas acho que no caso ela "esvaziou" o saco de outro.  — Ele responde de forma debochada, cuspindo sangue ao se levantar.

Quando a coisa ia desandar novamente, Lizzy entra no meu campo de visão e me empurra pelo peito.

— Vamos, Rob. Não vale a pena. — Ela olha para trás e diz de forma quase suplicante.  — Vai embora ou eu juro que eu termino o que ele começou.

Olhar para o rosto da minha melhor amiga me acalma. Elizabeth esteve do meu lado nos melhores e nos piores momentos da minha vida. Eu devo tudo a ela. Nos conhecemos há três anos. Eu sempre tive um dom pra me meter em confusão. Eu sou calmo na maior parte do tempo, mas tem algo em mim que surta quando sou desafiado ou quando tiram uma com a minha cara. Talvez seja porque, quando mais novo, eu sofria bullying, por ser nerd e magrelo. Mas o tempo passou e eu cresci. Entrei pro time da escola e jurei que nunca mais na minha vida deixaria ninguém tirar onda comigo.

— Você agiu como um idiota, você sabe disso, né? — Lizzy diz assim que nos afastamos.

— Eu sei. — Respiro fundo e ela me empurra de leve com o ombro. — Desculpa... Eu não sei o que dá em mim. Quando eu vejo, já estou fazendo, sabe?

— Ele faz isso porque sabe que você se irrita fácil, Rob. Se sua mãe não fosse a diretora desse lugar,  você já teria sido expulso.

Respiro fundo, derrotado. Elizabeth é tipo meu grilo falante. Está sempre comigo, e dando ótimos conselhos e broncas. Me sentiria perdido se ela não estivesse aqui. Ela é baixinha e tem olhos grandes e castanhos, que ficam ainda maiores com os óculos. Ela prende uma mecha de seus cabelos castanhos atrás da orelha e suspira. Seguimos para o quarto, para que ela possa me ajudar com os ferimentos em meu rosto.

— Você precisa parar de ser brigão, mocinho. — Ela brinca parando em frente a porta do quarto 1015. — Você está preparado?

Se eu estou preparado? Não, eu não estou. Mary era colega de quarto das meninas e foi por isso que a conheci. Merda! Por que eu não consigo parar de pensar nela?!

— Claro, por quê não estaria? — Minto.

Lizzy abre a porta e meus olhos percorrem o quarto, repousando na cama que outrora era da menina que eu "amava". Nela agora há uma garota, os cabelos negros e ondulados dela estão esparramados pelo travesseiro. Seu peito subia e descia devagar. Ela estava de fones de ouvido e as duas mãos para trás da cabeça.

— Quem é ela? — Pergunto para Lizzy, que dá de ombros e volta a procurar a caixa de primeiro socorros.

Como se tivesse me escutado a garota abre os olhos e se senta em um pulo, olhando atenta para mim e para Elizabeth, que nem parece notar. Os olhos castanho  da garota parecem nos avaliar de cima abaixo, como se tentassem entender o que está acontecendo. 

After the angels Where stories live. Discover now