- Decidiram as paletas de cores das mesas? - ela pergunta.

- Sim, Vivian - falo - Eu realmente gostei desse tom de azul - minto - É exatamente como eu imaginei.

- Tem certeza? Eu trouxe mais alguns tons para você dar uma olhada, senhorita Fiorenzza.

- Não precisa -falo rapidamente - Eu nunca tive tanta certeza que quero esse azul.

- Certo - ela pega a paleta da minha mão e entrega a assistente dela - Anote tudo sobre o que escolhemos aqui.

A moça pega uma agenda e começa a anotar tudo rapidamente.

- O bufê é do outro lado da rua. Vamos, senhorita? - pergunta Vivian.

Nos levantamos e a seguimos.

Mama e a organizadora vão na frente, Giovanna está falando ao telefone. Eu vou ao lado de Luciana. Ela completamente me entende, nunca achou que a felicidade estava no casamento.

- Podemos convencer mama a ir na sorveteria mais tarde - comento.

Minha família toda sabe o quanto eu sou louca por sorvete, se você quer me agradar, compre sorvete. 

- Eu ia adorar - ela diz - Lembra quando éramos crianças e ela sempre nos levava depois das compras?

- Sim, eu me lembro - falo sorrindo - Foi...

Não pude terminar de falar. Em um um minuto eu estava conversando com Luciana enquanto andávamos até o bufê, no outro, ela caiu em cima de mim, sem vida.

Eu estou no chão.

Ouvi gritos, mas a única coisa que eu podia me concentrar era o corpo quente da minha prima em cima de mim, e um líquido em mim. Pelo cheiro, eu sabia que era sangue.

Braços me puxaram do chão, olhei para cima, e vi que era um dos meus guardas.

Ele não falou nada, apenas me protegeu com o corpo dele, e me fez correr até um carro.

Quando entramos. Eu me permito falar:

- Minha mãe e...?

- Estão bem - ele diz - Está ferida? - ele pergunta preocupado vendo meu vestido sujo de sangue.

- Não - sussurro - O sangue não é meu... é da... - engulo o bolo que se formou em minha garganta. Não posso chorar na frente de ninguém. - Quem fez isso?

- Irlandeses - ele cospe - Aqueles filhos da puta... desculpe.

- Não sinta - digo - Eles mataram minha prima. Por que?

- O seu casamento com o líder dos russos, eles estão assustados, querem impedir a qualquer custo.

- Disgraziati - xingo em italiano.

Percorremos o caminho para casa em silêncio.

Quando estacionamos. Mama está no hall me esperando.

- Mama - sussurro e a abraço.

- Já passou - ela diz e bate nas minhas costas suavemente - Seu pai já ligou para os russos e avisou tudo. Por que não vai para seu quarto e toma um banho? Mais tarde eu vou falar com você.

- Certo - digo e vou para meu quarto.

Quem vê de fora, acha que Mama foi fria, para quem perdeu a sobrinha. Mas esse é o nosso mundo. E ela é a mulher do líder há 26 anos. Ela tem que aguentar.

Entro no banheiro, retiro minha roupa ensanguentada e me coloco no chuveiro.

Me lembro dos últimos momentos com ela. Luciana estava relembrando nossas idas a sorveteria. E agora, ela está morta.

Eu não me importo pelos ensinamentos de mama nessa hora. Eu choro até não ter mais lágrimas, até o sangue de minha prima sair do meu corpo.

Quando saio do chuveiro, me enrolo em meu roupão e me jogo na cama.

Fico tentando não relembrar as coisas desse dia, mas meu cérebro não me obedece.

É assim que mama me encontra.

- Caro - ela sussurra e se senta ao meu lado.

- Ela estava falando sobre quando íamos a sorveteria... Você se lembra?

- Sim, eu costumava levar vocês depois das compras, eu prometia sorvete para vocês se ficassem quietas até eu terminar.

Balanço a cabeça e respiro fundo para não chorar novamente, mas para minha surpresa, quem está chorando é mama.

- Ninguém... ninguém ataca minha família e vive para contar - ela me diz firmemente - Eles irão pagar por Luciana, não sei quando, mas irão, será a família deles que ficará de luto quando a família Fiorenzza se vingar.

Eu a olho admirada com sua fala.

- Sim, mama. Eles irão pagar, mas não só a família Fiorenzza se vingará. Agora a família Nikov também está do nosso lado, pois eles tentaram me ferir - digo.

- É assim que a futura mulher do Bratva fala.

Concordo, e deixo o ódio em meu coração assumir, ao invés da tristeza.

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Mulher no Poder (Em Revisão)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu