5. Caveira

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Os grãos desceram, tão compassados e ininterruptos que viraram dias. E os dias viraram vintenas, e as vintenas, anos. Até que num certo fim de tarde somaram um vintênio e meio. A caravana de comerciantes rodava lentamente à procura de um local seguro para passar a noite. À frente do grupo um veículo leve. Mais atrás outro carro menor fazia a escolta. No centro do comboio o caminhão exibia um imenso crânio de animal com três chifres sobre o capô. Aproximavam-se da montanha a leste, particularmente acolhedora.

Sem aviso, um grupo de veículos brotou barulhento, como que por mágica, rasgando o solo arenoso. Das miragens projetadas emergiram os carros infernais, disparando prontamente em caçada aos incautos viajantes.

Ao longe, em pé sobre a cabine de seu próprio caminhão, o homem coberto de cicatrizes observava com paciência a ação do bando, enquanto cobria o rosto desfigurado com a balaclava preta. Sobre o tecido, a figura branca representava um osso maxilar.

Pendurou-se na janela esquerda e balançou sem pressa mergulhando na boléia. Ligou a máquina e franziu o rosto como quem abre uma boa garrafa de vinho. Por baixo da máscara um sorriso doentio. Nos olhos azuis uma chama eterna. Partiu.

FIM

Flores para os MortosHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin