Livre, enfim. Ou será que não?

Magsimula sa umpisa
                                    

Pela primeira vez o vi descontrolado como nunca, e isso acabou me assustando.

Ao perceber como eu havia ficado, Nicholas relaxou os ombros e também a expressão impaciente de seu rosto desapareceu aos poucos. Começou a olhar para baixo e respirou fundo antes de voltar a olhar para mim, mesmo assim, continuei com a mesma reação. Ele se afastou um pouco, passou a mão pelo cabelo até chegar no rosto, acabou que se afastou mais e suspirou.

Por mais que eu quisesse dizer que não estava nada bem, que eu não sabia como dizer o que eu estava sentindo naquele momento. A agonia que estava entalada no meu peito, a sensação de estar sendo apenas usada esse tempo todo.

— Me desculpe, Jean... eu não quis te confundir.

Eu balanço a cabeça.

— Entendi.

E desapareço pelo corredor sem dar nem mais uma palavra. Ao subir rapidamente as escadas e ir me trancar no quarto para evitar os olhares perseguidores de todos, parei em frente há um quarto com a porta semi aberta. Ao entrar devagar tentando não fazer barulho, me deparei com o homem que eu havia atacado no campo, naquele momento eu entrei em choque.

Ele estava deitado, desacordado e com o pescoço completamente enfaixado devido ao ferimento que eu provoquei a ele. Era culpa minha, minha responsabilidade de ele estar naquele estado. Não consegui suportar a visão a minha frente e dei meia volta para sair dali. Não queria mais incomodar ou causar mais dano, já tinha feito o suficiente.

Era o bastante.

— Você aqui?— ao me virar, vejo ele se ajeitando com dificuldade para sentar na cama.

— Desculpe...— digo me afastando mais um pouco para não o deixar desconfortável comigo ali.— É que a porta estava meio aberta... me desculpe. Eu não sabia que estava aqui.

Ele abaixa a cabeça.

— Tudo bem, eu que estou de intruso. Afinal, é a sua casa.

— Vocês são meus convidados.— eu rebato em gentileza.— Me desculpe, não sei o que dizer.

— Olha...

— Vocês já odiavam gente da minha espécie antes. E agora vão me odiar mais do que nunca depois do que eu fiz a você.

Ele me olha calmo, sem nenhuma expressão séria. Apenas.... Calma.

— Não sinto raiva de você.

— Como não?

— Eu tive raiva na hora.— explica.— Mas isso já passou, não tem para que eu odiar você para sempre por isso.

— Mas eu quase te matei.

Ele suspira com dificuldade.

— O que faz aqui?— me viro pra olhar pra trás e vejo uma mulher parada na porta segurando uma maleta de primeiros socorros.

— É-eu...

— Não devia estar aqui, por favor deixe nos em paz.— Pede ela. Logo em seguida passa por mim bem rápido e vai até o homem na cama.

— Gia, está tudo bem.— ele diz pegando na mão dela.

— Ela é que a responsável por você está na cama. Como pode dizer que está tudo bem?

— Já conversamos sobre isso. Por favor...

Ela se vira para mim.

— Eu pedi para que nos deixasse em paz.— ela repete.— Por favor, não queremos mais problemas.

Eu concordo com a cabeça e me dirijo para sair do quarto.

— Sinto muito, sinto muito mesmo.

Fecho a porta atrás de mim e novamente sumo pelos corredores. Paro em frente a uma janela imensa bem na minha frente, suas cortinas estavam praticamente caindo aos pedaços. Ela estava bem aberta, a vidraça da abas estavam completamente quebradas, o material dela não estava mais como sua origem.

De repente havia água tocando a pele de minha mão que estava apoiada na beira da janela. Estava começando a chover. Pelo jeito como o céu estava e pelo som dos trovões ensurdecedores, não seria uma chuva qualquer. Aproveitei que estavam todos entrando e pulei da janela sem nem ao menos pensar, conforme fui caindo, o vento forte esvoaçava meus cabelos. Atingi o chão bem em pé, firme e precisa. Naquela altura, se eu fosse completamente humana, meu corpo estaria destroçado com a queda.

Era tão bom saber que essa possibilidade não existia mais.

Naquele momento eu já estava encharcada por conta da chuva que tinha ficado cada vez mais forte. Como já não havia mais ninguém do lado de fora, todos já haviam entrado, eu corri até a floresta o mais rápido que pude. Eu não tinha rumo, apenas senti que deveria ir ha algum lugar.

Parei em frente a um grande lago, ele era grande e bem claro, como as águas incríveis da Grécia. Era possível enxergar algumas folhas de baixo d'água, de tão claro que era aquele lago.

Com a chuva bem forte, o ambiente estava me transmitindo uma grande paz, o que fez eu imediatamente me jogar naquele lago. Nadei até chegar o ponto de acabar ficando cansada, mas felizmente, essa sensação nunca chegava. Parei por um tempo e comecei a boiar, apenas fiquei de olhos fechados e deitada na água com a chuva caindo sobre mim. Dava pra sentir ela caindo em meu rosto, estava quase atingindo uma certa tranquilidade.

Sem ao menos pensar, me deitei na grama e fiquei encarando o céu. Não pensava em mais nada, nada além do que eu estava vendo sobe mim. Lorelai não era tola, de certa forma, ela sabia que eu não ia conseguir ficar trancada em meu quarto daquele jeito.

Ouço um barulho nas árvores e rapidamente me levanto.

— Quem está aí?— me levanto por completa.— Eu não vou perguntar de novo. Vamos! Apareça!

Um rosto surgiu entre os arbustos, alguns olhos brilhantes entre eles. Se aproximavam com cautela de mim, lobisomens da alcateia dela. Contei cinco deles, dois estavam em forma de lobos, rosnando para mim com uma ameaça nítida de me manter contida.

— A Lorelai não cansa de tentar me botar na linha dela? Eu volto daqui a pouco, só vim pegar um ar.

— Cala boca.— manda o outro.

— Devia ter ficado com aqueles sanguessugas nojentos dos Dráculas, garota.— disse um deles tentando se aproximar mas recuei rapidamente.

— Clay, precisamos ser rápidos. Ou vão desconfiar de nós.

Eles estavam me encurralando.

— Se afastem de mim.— faço um sinal para pararem.

Sinto alguém me puxar pelos cabelos e me arrastar pela grama com tanta brutalidade que acabei gritando. Era um outro homem, que por razões desconhecidas eu não consegui ouvir ele chegando por trás de mim. Os lobos ficaram em volta de mim, eu fiquei imóvel, com um receio enorme de ser mordida.  Os outros três ficaram me encarando, esperei que me pegassem e me levassem de volta para o solar, mas não o fizeram.

Em vez disso dois deles ficaram ao meu redor e seguravam os meus braços e as minhas pernas com muita força a ponto de me deixarem completamente imóvel.

— O que vocês estão fazendo??— eu começo a me debater confusa e desesperada. Um deles tampa a minha boca impedindo que eu grite.

— Mantém essa puta de vampiros calada.— ele manda.— Se ela tentar gritar, estraçalha a boca dela.

Meu desespero ultrapassou o limite quando vi ele abrir o zíper da própria calça.

Meu vizinho se chama Vlad 💋 A Era Escura.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon