Capítulo 104

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"Ela merecia, tu não sabes -"

"Eu nunca esperei isto vindo de ti, Niall." Não controlando as lágrimas nos meus olhos, eu deixo-as fluírem em paz. "Muito menos de ti..." Soluço.

Apesar de tudo, Niall parece verdadeiramente irritado com as minhas palavras. A sua mão forma um punho junto do seu corpo, os nós dos seus dedos ficam brancos. "Tu não sabes metade da nossa história."

"Sei o suficiente para saber que és capaz de bater numa mulher!" Eu grito, tentando aproximar-me. Porém, os meus braços são agarrados pelo Louis, a sua existência quando inexistente aqui.

"Tu sabes apenas uma versão da história, nunca ouviste a outra." Ele quase parece desiludido com a minha atitude vacilante perante ele. Todavia, eu não me importo realmente. Não depois daquilo que eu vi.

"Nem quero ouvir." Respondo de forma cruel, respirando fundo para não me enervar ainda mais.

Niall cerra o maxilar quando olha para longe. "Vamos embora." Ele manda, olhando para mim de novo. Por momentos, o velho Niall parece estar de volta.

Quem é que tu queres enganar? Ele nunca foi embora.

"Não, eu não vou contigo a lado nenhum." Balanço a cabeça, limpando rapidamente o meu rosto.

"Katherine, eu estou a avisar-te." Ele dá dois passos na minha direcção, tentando agarrar o meu braço. No entanto, eu afasto-me. "Se tu não vieres, eu -"

"Vais bater-me?" Rio ironicamente, balançando a cabeça. "Força, fá-lo."

"Chega." Louis coloca-se na minha frente, enfrentando Niall de forma firme. "Ela não vai a nenhum lugar contigo agora."

"Não te metas entre nós, é um aviso." Niall tenta empurrar Louis para longe, porém, o rapaz mais velho empurra o Niall de volta. A sua atitude firme surpreende-me; o Louis nunca foi alguém violento.

"Não te metas com ela, é outro aviso." Louis cruza os braços sobre o peito.

Niall olha para mim, olhos azuis mais escuros que o normal. Eu desvio o olhar, sentindo-me incomodada e desconfortável perto dele. Eu nunca esperei nenhuma atitude destas, vinda dele. O meu pai sempre foi alguém por quem eu tive o prazer de sentir desilusão por isto, e o Niall também quer fazer parte dessa pequena lista?

"Kate, por favor." Ele tenta usar as suas suplicias comigo, porém, eu ignoro-o. Não vai resultar desta vez, não quando eu não sei do que ele é capaz. "Pelo menos, ouve-me."

"Ouvir o quê?" Eu olho finalmente para ele, a minha voz a transbordar sarcasmo. "Vais inventar alguma mentira para me fazer ficar contigo? Vais desculpar-te e dizer que nunca mais irás repetir a mesma coisa? Desculpa eu não acreditar, mas depois disto, eu começo a duvidar muito da pessoa que tu realmente és."

E, sem dizer mais nada, eu caminho rapidamente para o carro do Louis. Eu sei que posso ficar em casa dele. Não a noite inteira, apenas umas horas, para poder pensar melhor em tudo isto. A gravidez, o temperamento dele. Eu não sei como lidar com isto. E, depois do que aconteceu à minutos atrás, eu duvido muito que o momento em que eu lhe irei contar sobre o que lhe ando a esconder, esteja perto.

Eu observo o Louis discutir com o Niall. Eu não consigo ouvir os gritos por eles estarem lá fora, contudo, fico feliz quando vejo o Louis caminhar até ao carro. Niall lança-me um olhar ameaçador antes de entrar no carro e ir embora para algum lado. Provavelmente vai beber até cair, como ele sempre faz quando algo está errado. Ou então vai partir alguma coisa para descarregar a raiva. São estas atitudes que me enervam, ele não sabe controlar nada ao seu redor.

"Eu espero bem que penses no que vais fazer depois disto." Louis diz-me com veneno na voz quando desliza para o seu assento ao meu lado e liga o carro. "Como é que pensas criar um filho com um pai assim?"

"Não estás a tornar as coisas mais fáceis." Resmungo, passando a mão pela cara numa tentativa de me acalmar.

"Eu mudei a minha opinião acerca dele, porém, digo-te – ela voltou ao que era." Louis estala enquanto conduz. "Tu tens a certeza que ele é uma pessoa segura?"

"Louis, pára. Não estás a ajudar em nada agora." Estalo de volta, olhando-o.

"O que é que a Jane quis dizer com aquilo?" Louis ignora a minha afirmação e questiona-me, sem olhar na minha direcção.

"Dizer com o quê?" Eu realmente não quero ter de falar com ele sobre isto agora, muito menos agora.

"Ela disse que ele ia vender-te como um objecto. O que se passou entre eles? E o que raio se passou entre vocês os dois?"

"Honestamente, eu não quero falar sobre isso agora." Sei que devia contar-lhe, parte de mim devia, contudo, não é o mais certo.

Louis assente, suspirando. "Tu não podes continuar a esconder coisas de mim, Kate. Sabes bem que sempre estive aqui para ti, sempre confias-te em mim, não mudes isso por causa dele. Não mudes por causa dele."

Eu comprimo os lábios numa linha fina, olhando para Nova Iorque lá fora, através da janela do carro. Eu sinto lágrimas piscarem nos meus olhos e deixo a cabeça cair sobre a janela.

"O Niall trabalha como lutador de boxe. Ele luta; lutas ilegais." Eu digo rapidamente, querendo que esta conversa termine o mais depressa possível. "E ele vende raparigas como prémios."

Eu assusto-me quando o carro pára de repente, fazendo-me ‘voar’ para a frente. Eu tento acalmar a minha respiração ofegante, olhando para o Louis de forma assustada. "Qual é a tua?!" Eu grito, colocando a mão sobre o meu peito numa tentativa falhada de me manter calma.

"Qual é a minha?!" Louis grita, olhando para mim de forma chocada. "Qual é a dele!"

Eu balanço a cabeça, pronta para defendê-lo quando não devia fazê-lo. "Louis, ele -"

"Não tentes, Katherine. Não tentes mesmo!" O moreno tenta manter o seu tom de voz um pouco menos elevado. "Ele vende raparigas? Luta ilegalmente?! Tu sabes que isso é crime, certo?! Merda, Kate, quem é ele afinal?!"

Boa pergunta, eu penso. Quem é o Niall afinal? Eu posso confiar nele depois de tudo o que já aconteceu?

Um suspiro cai dos meus lábios mas eu não respondo. Carros atrás de nós começam a buzinar e o Louis despacha-se a retomar a condução, sem olhar para mim. Eu esperava que o caminho fosse feito em silêncio, porém, o Louis decide o contrário.

"Tu não podes perdoá-lo por tudo o que ele faz, eu espero que saibas disso." A voz do meu melhor amigo é fria e cortante entre o ambiente no carro.

Eu encolho os ombros. "Eu sei disso."

"Sabes, mas continuas a perdoá-lo." Ele ri amargamente. "Tens noção das coisas que ele fez e continua a fazer? Tens noção da pessoa que ele é? Das mentiras? Dos erros? Da sua forma estúpida de agir contigo, como se fosses prioridade dele? Do controlo?"

"Sim, eu tenho." Resmungo, ligeiramente irritada. Eu sei que é um erro meu estar sempre a perdoá-lo, assim como também é um erro meu estar a esconder-lhe algo tão grande como um ser humano que também vai ser dele.

Mas a nossa vida sempre foi baseada em erros, problemas e segredos.

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eu sei que devia ter publicado às umas horas atrás, mas agradeçam à porcaria do meu tablet por ter o capítulo escrito, e quando eu estava a rever os erros do mesmo, a porcaria deu erro e BUM, eu tive de escrever tudo novamente

a minha vida é muito infeliz no aspecto em que aquela coisa com luz não gosta de mim, i’m sorry

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