Gatos Pervertidos - Contos YAOI

Um gato misterioso

Sinopse deste conto: Aiden se vê atraído por seu meio-irmão caçula, e graças ao arranjo de um amigo ele consegue um encontro às cegas.

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Aiden levou sua quinta dose de whisky à boca. Virou de uma só vez, fazendo com que seu belo rosto se distorcesse em uma careta.

— É raro te ver bebendo tanto - observou o barman de bandana, no lado de dentro do balcão. — Por acaso esse porre todo tem a ver com aquele seu irmão? Discutiram de novo?

A resposta de Aiden não veio de imediato. Ele recolocou o copo já vazio na bancada de mármore e penteou os cabelos loiros com os dedos, suspirando.

— Tem a ver com o Nairo sim, mas... - hesitou. Olhou em volta alarmado, mas ninguém mais prestava atenção nele. — Ultimamente ele tem me deixado louco. Estou puto com aquele desgraçado... Chega em casa de madrugada sem mais nem menos, e ainda acha que está tudo bem em ficar fazendo streap tease no quarto enquanto eu tento dormir.

— É só não olhar enquanto ele troca de roupa - comentou Leonel, dando mais atenção ao processo de descascar um limão do que às reclamações de Aiden. — Já tentou pedir para ele fazer isso em outro lugar?

— Você não me entendeu. Se eu pedisse isso eu não poderia mais... Hãã... - Aiden se calou na metade da frase, engolindo em seco. Moveu os olhos pelas prateleiras de garrafas, e de lá para o cesto de tenras maçãs, como se buscasse ali o ímpeto necessário para proferir algo que até então o cofre de sua mente havia ocultado. Umedeceu os lábios. — Leo, como você acha que eu não vou querer olhar para ele, se...

Mais uma vez, ele rompeu a linha de pensamento, bufando ao passar as mãos pelo rosto, como se tentasse acordar de um sonho estranho. Mas, desta vez, tinha conseguido capturar a atenção do amigo. Leonel levantou uma sobrancelha, parando na metade o processo de fatiar os limões.

— Aiden, eu acho que estou entendendo isso meio errado - arriscou o barman, fixando o olhar no outro. — Me esclareça isso... Por acaso você tá a fim do teu irmão?

— Ficou louco? - gritou Aiden, socando o balcão e atraindo os olhares indesejados de algumas pessoas nas mesas. Percebendo o deslize, Aiden disfarçou e inclinou-se mais para perto de Leonel com olhar ferino. — Vá se foder você e essa sua boca.

O tom ameaçador não intimidou Leonel, que agora separava algumas lascas de canela para sua receita especial de Margarita. Ele pegou uma das lascas adocicadas e lambeu-a com volúpia, e não soube se Aiden corava por causa dessa visão ou pelo efeito das doses de whisky.

— Pode deixar que eu vou fazer isso. Só que mais tarde! - provocou Leonel com uma piscadela em resposta ao insulto que havia recebido. — Mas olha só: da forma como você falou, eu não consigo pensar em outras possibilidades que não seja essa. Você sabe, apesar de ser um baixinho magrelo, o Nairo já é um homem completo. Tudo bem que ele tem exercido uma profissão problemática ultimamente, mas... Acho que ele tem consciência de que o próprio corpo chama bastante atenção. Aliás, pelo que você me disse agora a pouco... Obviamente já notou.

As paredes de madeira do bar noturno refletiam as lâmpadas incandescentes, de fraca luminosidade, como se observassem atentamente o homem loiro sentado no banco. Aiden não conseguia encarar seu amigo nos olhos. Tinha o cenho franzido enquanto os pensamentos vagavam para sua pequena tentação proibida.

— É. Eu notei - confirmou, girando o copo vazio entre os dedos. — Ele fica se trocando bem na minha frente, quase todas as noites. Não tenho como evitar. Mas... Você também percebe isso, não é? Quero dizer, você nunca se sentiu estranho ao olhar para ele, quando ele aparece por aqui de vez em quando?