CAPÍTULO 2 (DEGUSTAÇÃO)

116 48 5
                                    

ÍTALO

Sentado na beirada da cama, eu olhava uma foto no porta-retratos que ainda havia guardado dela: Catarina. Podia parecer idiotice da minha parte, mas ainda nutria sentimentos por ela, mesmo há quase dois anos sem ter nos falado depois de sua partida. Juro que tentei arrancá-la dos meus pensamentos, porém não consegui.

Troquei o número do meu celular para encerrar de vez a minha vontade de ligar para ela, porque eu ansiei ir buscá-la e pedi-la em casamento para que não tivesse mais nada que a fizesse sair do meu lado, só que pensei bastante e vi que o ideal seria distanciar-me de vez. Quando Catarina me contou que finalmente iria para Brasília a procura de um emprego na sua área de especialização profissional, o chão pareceu se abrir sob os meus pés. De início, soltei um riso de canto imaginando que poderia ter ouvido errado, até que ela reafirmou o que havia dito. Como um completo tolo e apaixonado, eu me vi implorando para que ela não fosse, mas foi em vão.

Confesso que senti raiva por um tempo. Mas ao passar dos meses, fui entendendo que ela tinha sonhos e, eu não era ninguém para poupá-la de ir atrás deles.

Enfim, nesse momento, encontrava-me com várias peças de roupas sobre a cama, enquanto meus olhos continuavam fixos no sorriso dela, gravado na foto.

— Catarina — proferi seu nome para mim mesmo, sentindo meu coração martelar no peito e um sorriso bobo abrilhantou meus lábios.

Havíamos tirado essa foto em um passeio que fizemos na minha cidade vizinha. Era um dia ensolarado e a paisagem do local, que era uma praça pequena, também ajudou muito. Tirei com a câmera que tinha levado. Foi um dia de lazer. Apesar de não termos oficializado nosso namoro, eu a considerava minha namorada.

Revelei a foto no dia seguinte e guardei como recordação. Sempre que ela vinha me visitar, vínhamos para o meu quarto e ficávamos comentando sobre a mesma, relembrando aquele momento. Não era bom ficar pensando nisso, afinal, não fazia ideia do que Catarina acharia da minha chegada em sua casa, em Brasília.

Rafael era o seu irmão, meu melhor amigo. Quando o mesmo me informou no final da última semana, que seus pais estavam pensando em ir passar o Natal com ela, sequer parei para pensar direito, pois a vontade de ir vê-la, me bateu em cheio. Meu amigo não entendeu nada. Até me questionou se eu estava batendo bem da cabeça e o respondi que sim. Só via que estava na hora de resolver a minha história pendente com Catarina, ou então, encerrá-la de uma vez por todas.

Uma batida na porta me tirou dos meus devaneios e me levantei, coloquei o porta-retratos sobre o rack, que tinha em meu quarto e me encaminhei até a porta. Assim que a abri, minha mãe me olhou contendo um sorriso nos lábios, parecia contente.

— O jantar está servido, querido. Não vai querer comer? — indagou.

— Já estou indo, mãe. Obrigado por avisar. — Ela comprimiu os lábios num sorriso meigo e, eu fechei a porta.

Estava apenas de calça jeans e com o torso desnudo. Fui até meu guarda-roupa e peguei uma camiseta. Calcei meu par de chinelos e saí do meu quarto. Segui pelo corredor e cheguei até a cozinha. A mesa estava realmente posta e meus pais, Sebastião e Antônia, já jantavam.

Assim que me servi, sentei-me à mesa e o Bruno ainda não tinha chegado. Estranhei sua demora.

— O Bruno não vai jantar? — questionei e minha mãe me olhou.

— Acho que não vai vir, já que a Lisa está aí. — Lisa era namorada do meu irmão há dois anos, e nesse Natal, ele pretendia pedi-la em noivado.

Eu e meu irmão tínhamos quatro anos de diferença na idade. Eu tinha vinte e oito anos, e ele, vinte e quatro. Mas me sentia muito feliz por vê-lo com a mulher que amava e tinha certeza que a queria ao seu lado para o resto de sua vida.

— Hum... — foi o que proferi.

— E então? Vai mesmo atrás dela, filho? — Meu pai questionou.

— Sim, eu vou — disse com veemência.

— Espero que não se arrependa depois, hum?! — ele alertou.

De certo modo, ele não concordava com minha decisão repentina de ir atrás da mulher que me deixou para trás, mas entendia que seus conceitos, antigos, não o deixariam enxergar os motivos que Catarina teve para ir, com os mesmos olhos que eu. Pelo seu modo turrão, já era de se imaginar que não entenderia.

— Creio que a gente se arrepende muito mais daquilo que não fazemos, justamente pelo medo de errar, pai. — O encarei ao falar aquilo e ele deu de ombros, fazendo pouco caso.

— É. Vai ver você tem razão — disse, deixando-me com um sorriso contente nos lábios.

O jantar prosseguiu em silêncio e assim que finalizamos, eu fiz questão de lavar toda a louça suja e retornei para quarto. Sentia-me eufórico para a minha ida à Brasília, mas também me sentia aflito por não saber como seria recebido por Catarina.

Ao chegar em meu quarto, alcancei uma mochila e comecei a colocar as roupas que já havia escolhido para levar na viagem. Afinal, ficaríamos por poucos dias. Eu tinha conhecimento que iria ser uma tortura ter Catarina tão de perto e não poder tocá-la, já que iria me hospedar em sua casa.

Meu coração palpitou rápido no peito ao se dar conta daquilo.

Meu coração palpitou rápido no peito ao se dar conta daquilo

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 26, 2018 ⏰

Adiciona esta história à tua Biblioteca para receberes notificações de novos capítulos!

❗️DEGUSTAÇÃO - COMP. NA AMAZON❗️ Uma Surpresa Natalina (CONTO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora