E tudo acontece muito rápido ou em câmera lenta, não sei, ele tira as mãos do volante momentaneamente pra se defender e perde o controle do carro que sai da faixa 3 e se choca contra outro nos levando até o acostamento. Sinto um impacto não muito forte mas me faz ficar paralisada.

Passados alguns segundos recobro os movimentos e vejo que a pickup prata está com a traseira destruída e com o capô do táxi debaixo dela soltando fumaça. Merda. Caramba. Porcaria. A rua está com muito pouco movimento. O motorista do táxi abaixa o airberg.

_Puta merda!

Arregalo os olhos ao ver o motorista da pickup descer dela para conferir os estragos. Nossa, que cara grande e forte...

_É hoje que eu morro...

O loiro choraminga, eu reconheço que a culpa minha.

_Calma, vamos tentar resolver amigavelmente. Vamos lá.

Saio do carro e demoro um pouco antes de ir até o homem, nossa ele é alto, forte, cabelos castanhos bagunçados, traja preto da calça jeans até a camisa, e quando me aproximo sinto meu corpo reagir com o olhar que ele me dá, percorre meu corpo inteiro. Seus olhos são de um azul incrível, talvez esteja assim nublado por raiva de ter o carro amassado, mas irradiam confiança e firmeza. Poder. Me arrepio. Decido falar.

_Moço, está tudo bem?--Sua resposta é um arquear de sobrancelhas. Certo, só quis ser gentil...mordo o lábio inferior e ele me encara ainda mais.--Ok, desculpe por isso...eu...eu...Não sei bem o que dizer, mas me desculpe. Uh, é um prejuízo enorme, né?

Ele continua parado, todo imponente, me olhando de cima. O loiro do táxi para ao meu lado coçando a nuca.

_Olha cara, foi culpa dela. Cobra esse preju dela, irmão. Mulheres.--Abro a boca completamente chocada, como ele pode? Mas não recebe nenhuma resposta a não ser um estreitar de olhos ameaçador. Que campo magnético ele tem...--Essa louca parece que nunca pegou um táxi na vida, cheia de frescuras...Tá ferrada, garota.--Aponta pra mim como se fosse o dono da razão. Cheia de frescura? Quem ele pensa que é?

_Olha aqui seu idiota, não fale assim comigo! Não lhe dei essa liberdade, exijo respeito. Se é que sabe o que isso significa.--Sinto a raiva revestir meu corpo. Sou capaz de cometer uma loucura agora.

_Te acalma ai, a culpa é toda sua!

Antes que eu voe em cima desse descarado o movimento do outro homem me distrai. Ele tira o celular do bolso e começa a digitar ferozmente. Uou...os músculos se contraem...engulo em seco. É lindo. Não deve ter mais que uns trinta e poucos anos...ele se encosta em seu carro e espera o guincho, provavelmente. Braços cruzados sobre o peitoral largo e forte...Não me reconheço, nunca me senti tão atraída por alguém antes. O quê? Eu disse atraída? Claro que não estou atraída! É só espanto por ele ser tão bonito. Só isso.

_E agora? Como vou tirar esse maldito carro daqui?--Reviro os olhos pro que o idiota disse.

_Dê seu jeito, você quem estava dirigindo, só vou arcar com os prejuízos do carro dele.--Aponto para o homem que volta a me analisar silenciosamente, estou começando a achar que ele é mudo. Abro a porta traseira, me abaixo para pegar minha mala e a trago comigo. Ao me vira vejo o olhar intenso de olhos azuis incríveis sobre mim. Ui. Me arrepio, aproximando-me um pouco mais dele.--O senhor chamou o guincho, moço? Preciso saber quanto...quanto foi o prejuízo...--Minha voz falha um pouco, ora, ele me olha como um lobo devorador...me sinto pequena perto dele. Mas continua calado e apenas assente.--Ok. Vou esperar aqui, tudo bem?

Outro assentir, argh. Seja um pouco comunicativo! Paro há uns dois metros dele e observo o loiro falar apressado com alguém no telefone. Esperamos até o guincho chegar, levar a pickup não sei para onde e ficar só o táxi também esperando o guincho. Me viro para o homem.

Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now