Imprevisto

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21 de outubro de 2017
22:55hrs

Dante

Não é possível que mesmo depois das minhas orientações ela ainda assim saiu do quarto. Pego minha arma de volta da mão de Shem.

_Vem cá. Agora.

A aponto para ela que arregala os olhos toda assustada. Merda, quê isso? Já é a segunda garota que me ver matar alguém!

Estão todos calados esperando minhas ordens. Cassandra parece que não me ouviu. Precisa de incentivo.

_Vou atirar em você se não vier aqui em três, dois, um...

Ela se levanta depressa para vir até mim hesitante. Penso em matá-la mas se fizer isso Daisy vai nunca mais olhará pra mim... Para de frente tremendo de medo. Tenho que usar todo o meu poder de persuasão agora.

_Cassandra, Cassandra, Cassandra...eu não disse pra você não sair do quarto?--Utilizo um tom baixo, afinal a considero uma criança.

_E-eeeu...eu precisava-a beber á-água...

Reviro os olhos, que cliché. Encosto o cano da minha arma em sua têmpora esquerda, ela ofega.

_ Eu avisei, garota.--Disparo três vezes a fazendo pular de medo três vezes seguidas. Rio com seus sustos.--Calma. Não vou matar você, prometi a Daisy e também acabaram-se as balas.--Sua respiração está frenética. Jogo a pistola de volta para Shem que a pega no ar.--Mas entenda que isso que acabou de ver vai ser nosso segredo. Se você pensar, comentar ou falar para alguém inclusive a minha esposa vou ter certeza que sua língua não esteja mais em sua boca, fui claro?--Cassandra assente piscando freneticamente. Resmungo olhando para o corpo de Bernard no chão da minha sala.--Está sujando tudo...levem o lixo para fora. Hil, vá para o seu quarto.--Ordeno me sentindo um pouco zangado, ele me obrigou a isso. Se fosse mais inteligente não teria morrido...

A garota sobe as escadas apressada enquanto Thiago e Rodrigo ensacam o defunto. Suspiro negando. Olho para Shem.

_Cuida disso pra mim. Vou subir, checa tudo e não deixa passar nada. Não quero ter nenhum surpresa desagradável.

_Sim, senhor.

Sigo para o andar de cima pensando no quanto é cansativo lidar com inimigos. Antes da Daisy, quando ainda era mais novo, frustrado pensava que tudo que eu queria era ter uma vida normal com a minha mãe, um pai no mínimo legal, ter tido a oportunidade de ir a escola comum, namorar garotas fúteis e superficiais mas bonitas, ter amigos idiotas, ir a faculdade e conhecer uma garota fora de série com quem casaria depois da formatura, teríamos pirralhos terríveis e mimados, e depois de cinco anos eu a trairia com a minha secretaria jovem, ela ia descobrir mas não iria se importar porque também estaria me traindo com o eletricista, aparentemente seríamos a família perfeita e normal...mas desde a noite em que a conheci eu só consigo pensar que estava enganando a mim mesmo, nunca iria aceitar uma vida assim mesmo que a minha mãe estivesse comigo.

Eu não sou um cara normal, então não poderia ter tido uma vida normal. Tudo que aconteceu comigo, cada experiência e tragédia, fez de mim o que sou. Era pra ser assim? Talvez, eu nunca vou saber realmente. Mas acho que é exatamente como é.

E com Daisy sei que posso ser melhor, ela me instiga a dar o melhor de mim. Faz com que eu queira estar bem ao seu lado, feliz com ela e nosso filho.

Entro em uma das suítes desocupadas da casa pra tomar um banho, não posso ir para nosso quarto assim. Tiro a roupa sentindo alguns músculos doerem.

_Chinês desgraçado...ao menos me rendeu uma boa luta.

Já embaixo do chuveiro enquanto a água relaxa meu corpo até então em estado de alerta encosto a cabeça no porcelanato na parede maquinando. Penso em mim e na minha esposa. Nós não tivemos um casamento adequado...na verdade não foi nada convencional. Minha baby merece uma cerimônia decente. Eu iria adorar vê-la vestida de noiva...É, iria gostar muito. Até imagino a cena deslumbrante dela vindo em minha direção toda de branco, linda como é, sorrindo...

Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now