Vou até a sala de Conrado e cumprimento sua secretaria, bato na porta antes de entrar e logo depois fecho a porta atrás de mim. Fico de pé e ele logo aponta pra cadeira acolchoada em frete a sua mesa.

- Sente-se por favor. - faço como pediu e me sento. - Bom... eu gostaria de me desculpar pelo acontecido do último domingo, agi por impulso deveria ter deixado você contar a sua versão da briga. Acho que agora não fará diferença se você me contar o que aconteceu, então eu só quero mesmo me desculpar pela forma que agi.

Mas é claro minha versão da briga não importa para ele, por que não se desculpou ontem quando me ligou? Mas não, ele só quis mesmo me dizer que eu deveria ter comunicado a minha partida.

- Tudo bem. - Respondo.

- O que o homem que atendeu seu celular ontem é seu? - Abro um sorriso e cruzo as pernas, hora de jogar a malévola que existe dentro de mim pra fora.

- Me desculpe senhor mas isso não é da sua conta. - Ele me olha surpreso.

- Como assim não é da minha conta?

- Eu não tenho nada com o senhor e a minha vida pessoal só desrespeita a mim mesma sendo assim eu não quero falar dela com você. Se me der licença eu tenho muito trabalho pela frente. - Pego o tablet em cima de sua mesa e saio de sua sala o deixando sem palavras.

Chupa Ferraz. Como estou maléfica, ele deve está com vontade de me engolir.

Depois do meu "encontro" com Conrado eu volto para minha sala e trabalho feito uma condenada até a hora do almoço. Alba não irá almoçar comigo, ela me enviou uma mensagem dizendo que estava indo embora mais cedo pois sua filha estava doente e que precisava levá-la ao hospital para ver o que tinha. Então eu ia ter que almoçar sozinha.

Pego minha bolsa, coloco meus óculos de sol e saio da empresa. Vou andando até o restaurante mais próximo e peço uma porção de coquetas de jamón com suco de laranja, eu não estou com tanta fome então só peço isso para mais tarde não passar perrengue com o monstro que habita em minha barriga. Gasto só trinta minutos da minha uma hora e vinte minutos de almoço. Resolvo comprar umas barras de cereais e algumas balas no caminho de volta a empresa.

Assim que chego nas catracas da recepção eu congelo. Minhas mãos começam a tremer e meu coração acelera de uma forma assustadora. Eu o reconheceria a milhares de metros de distância, eu o reconheceria entre milhões de pessoas. Seu corpo atlético e alto, seu cabelo preto perfeitamente penteado e seu cavanhaque digno de ser arrancado com uma faca. De costas para mim e conversando com Conrado, está Henrique meu ex marido agressor de merda que me fez passar três meses internada depois de me dar a pior surra de minha vida. Começamos a namorar quando eu tinha dezessete anos e ele vinte, no começo era maravilhoso mas depois ele começou a me bater, eu cometi o maior erro de minha vida deixando que aquilo acontecesse só porque minha mãe falou que era normal, que um dia ele pararia com aquilo.

Mas ele nunca parou, eu sofria todo tipo de agressão, verbal, sexual, física... Nunca me livrei dele até finalmente dar um basta e fugir para Madri - era o que o pouco do dinheiro que eu tinha permitia - jamais imaginaria que ele me encontraria, que ainda estivesse atrás de mim mesmo depois de três anos longe. Eu mais do que ninguém sei o que ele veio fazer e não posso permitir que aquele homem se aproxime de mim novamente.

- Ela está ali. - Ouço Conrado dizer e apontar para mim. Quando os olhos sarcásticos de Henrique caem sobre mim eu mordo o lábio fortemente, eu tenho duas opções correr para longe dele ou me aproximar e deixar com que ele se aproxime novamente. Sei das suas intenções pois ele está com a farda de capitão de polícia - parece que alguém subiu de cargo nos últimos anos - sempre tão amado pelos de fora, mas ninguém nunca quis acreditar no que o homem perfeito fazia com a própria mulher, mesmo depois que ela o denunciou várias vezes e que como mágica as denuncias eram arquivadas no dia seguinte. Mesmo depois que me viram com olho roxo e com o braço engessado, mas o boato que correu na cidade pequena e fodida foi que a desastrada mulher do policial perfeito havia "caído da escada", malditos idiotas que não querem enxergar o que estão a sua frente.

- Júlia Carter, quanto tempo. - Como uma sobrevivente das mãos assassinas de Henrique eu escolho a opção da minha sobrevivência.

- Você não vai ganhar Henrique. - Digo antes de tirar os saltos os pegar nas mãos e correr o mais rápido que o vestido permitia, a essa altura eu já me arrependia de ter me vestido tão bem. É incrível como a vida é engraçada, a algumas horas atrás eu me sentia adorável e agora eu me sinto desesperada e louca.

Olho para trás e o vejo correndo entre as pessoas enquanto grita para que eu pare, percebo que está mancando o que o deixa mais lento. Corro ainda mais rápido e entro em uma estação do metrô, desço as escadas correndo, passo pela catraca e entro no primeiro metrô que vejo com as portas abertas. As portas se fecham no minuto que Henrique soca o vidro.

- Eu vou te pegar. - Grita ele e eu abro um sorriso e levanto meu dedo do meio.

Mas depois que eu o perco de vista a preocupação e o medo tomam conta de mim. Troco de metrô na estação seguinte e me sento no banco ainda assustada e trêmula. Meu celular começa a tocar com uma ligação de Conrado e eu ignoro, não estou preparada para explicar o que aconteceu. Eu só preciso encontrar a única pessoa que vai me entender perfeitamente pois ele é o único que sabe o que aconteceu comigo enquanto eu morava em minha cidade natal.

***

Assim que entro na boate onde Taylor trabalha e o vejo varrendo o chão eu corro até ele e o abraço fortemente e sem mais forças para continuar forte eu me derramo em lágrimas, as lembranças de tudo que vivi com aquele homem asqueroso entram em minha mente e vagam como espíritos assombrados, todas as minhas batalhas perdidas, as denuncias que foram arquivadas, os depoimentos e cada risada e piadinha que eu recebia quando entrava na delegacia para apresentar mais uma queixa do chefe daqueles malditos polícias. Quem acreditaria em mim? Quem ficaria ao meu lado? Eu era só a louca que tomava remédios controlados para impedir que eu machucasse alguém pois o meu marido de merda me deixou louca o suficiente para depender de remédios para dormir e para acordar, inventou histórias que não existiam para provar o quão "louca" eu era. Tudo para se livrar das acusações, tudo para ser a vítima da história e ele sempre conseguiu isso.

- O que aconteceu? - Taylor pergunta preocupado.

- O Henrique me achou! - Digo e ele volta a me abraçar de forma apertada.

- Júlia ele não fará nada com você. Eu não vou permitir isso, você é a pessoa mais importante em minha vida é minha irmã mais nova e eu não vou permitir que ninguém te machuque novamente. - Podia eu ter tido mais sorte? Eu virei amiga da pessoa mais bondosa e maravilhosa do mundo, Taylor também tem seus demônios e preocupações, mas ele se importa demais comigo para pensar em seus problemas.

- Eu não vou permitir que ele se aproxime de mim, ele nunca mais vai me fazer passar pelo que passei. - Prometi não só a Taylor, mas também a mim mesma.

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Parabéns pra mimmmmmm, quero felicitações hein. Kkkkkkkkkkk

Hoje é meu aniversário mas resolvi dar o presente a vocês. 😏😏😂♥️

Meu querido e sexy, CEO.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora