A rosa

5 0 0
                                    


Busco por meio deste manuscritoalertar do perigo de tudo que é agradável aos cinco sentidos e pormais estranho que isso possa parecer foi uma destas coisas quecausou-me infortúnio e desgraça , vejo como meu dever pedir queprossigam com cautela pois as mais raras flores possuem espinho detamanho que equivalem-se a sua beleza . Pois bem, antes de terperdido toda a graça provida de Deus eu era um jovem rapaz com umalinda esposa, a qual era meu primeiro e único amor, tinha um empregoque pagava bem o suficiente para manter uma grande casa com algunsluxos e muitos criados, mas para tal era necessário viajar muito epor muito tempo pois meu trabalho era de correspondente de um jornalem minha terra natal, desta forma passei a ver minha esposa apenasnos intervalos entre uma viagem e outra, mandava cartas diariamente esempre levava a ela em minhas raras visitas os mais caros presentes,o que não obstante , vejo hoje , nunca supriu minha ausência ,quando soube que a minha pequena Julieta adoecera larguei tudo epeguei a uma embarcação no mesmo dia da entrega da mórbida cartaque muito bem poderia ter sido trazida por um corvo; infelizmenteminha amada encontrara seu triste e febril fim nas garras daassassina gripe espanhola, demorou dois meses até que pudesse àvisitar em seu descanso ; não podendo nem mesmo estar presente novelório, quando finalmente retornei ao meu lar pedi a troca de meucargo de correspondente para o de editor , dessa forma erroneamenteacreditava poder reparar de alguma forma a minha ausência, indo avisitas frequentes onde minha bela e agora falecida esposa aguardavao julgamento final de cristo.

Passei a frequentar o antigo cemitériomunicipal, o qual minha doce Julieta escolheu em seus momentos finaispara o descanso derradeiro; apesar de existirem outros cemitérios demaior beleza pela cidade ,apenas neste repousava seus parentes maisqueridos . O lugar encontrava-se em estado lastimável de abandono,mas era apenas lá que eu conseguia a tão desejada paz quenecessitava para minha reclusão e lamentação da qual meaproveitava pondo em pratica a leitura e o pensamento filosófico,claro, sem nunca deixar de me remoer pela culpa de não acompanharminha única companheira ao sono sem fim. De certa forma não tinhamais para onde ir, devido a minha negligencia não tivemos filhos emeus amigos todos se distanciaram por causa das minhas viagensintermináveis enquanto os meu outros parentes ou estavam mortos oumoravam distante, por isso passei a visitar aquele frio local comoquem visita a casa de ente queridos, se não com uma frequênciamuito superior de quem o faz.

Em um fatídico dia, como de costumecaminhava naqueles largos e irregulares caminhos parte constituídospor paralelepípedos tomados por briófitas e parte por terraamarronzada natural da região (a qual de certo, havia sido trazida atona pelas intempéries do vento e da chuva) , fitei em meio aosjazigos corroídos pelo esquecimento algo que me chamou atenção ,um mausoléu relativamente novo em comparação aos octogenáriosvizinhos , mas não foi a cor azul clara que fazia dos azulejosreluzentes que me cativará e sim algo muito mais belo, em frente aomonumento erguia-se uma roseira como aquelas que ainda crescem nasmemórias da minha mais tenra idade, suas pétalas traziam o ruborcompartilhado com as jovens moças de pele clara ao envergonhar-se eseu caule de um tom verde escuro como nunca antes havia visto emnenhuma outra planta da mesma qualidade, este por sua vez era robustoe frondoso de forma tal que encimava as flores as quais alçavam-separa os céus, ao mesmo tempo em que o verde caule entrelaçava emperfeita simbiose com o sepulcro de tal forma que a planta e aconstrução eram um só ; os espinhos mais pareciam como garras deum gato devido a sua forma curva e pontiaguda lembrando-me do perigoque as coisas belas e raras deste mundo oferecem e por fim o seumaior atrativo , seu perfume harmonioso e suave , não só capazde agradar o sensível olfato de seu humilde orador mas também detornar vivas as memórias alegres guardas no fundo de meuinconsciente. Em um canto próximo joguei-me e lá permaneci porhoras as quais dediquei-me a tarefa de desvendar os mistérios daperfeição de tal forma de vida que crescia firme e linda em meio atanta morte e decadência.

Yayımlanan bölümlerin sonuna geldiniz.

⏰ Son güncelleme: Nov 30, 2018 ⏰

Yeni bölümlerden haberdar olmak için bu hikayeyi Kütüphanenize ekleyin!

A rosaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin