Sem Esperanças - 5

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Liguei para Helena para poder me desabafar um pouco, ela atendeu, comecei a chorar, mas ela estava muito estranha comigo desde aquele dia. Ela falou que estava ocupada e não podia falar naquele momento, me senti um lixo, esterco, resto, tudo de ruim passou na minha mente.

Sai de casa, para me descontrair um pouco, deixar os problemas de lado, mas sabia que não ia, peguei uns trocados que tinha em meu criado mudo, fechei a porta com cuidado, para que meus pais não acordassem.
Fui para o parque, onde Michel me deu aquele beijo de menos de três segundos, fiquei sentado na grama verde, passando a mão nela, pensando o porquê de eu estar no mundo, o porquê de eu estar em uma sociedade opressiva, homofóbica. No mesmo momento pensei em morrer.

Fiquei sentado por horas e refletindo o que tinha feito, a burrice de ter contado para minha mãe, pensando que talvez eu perdesse meu melhor, por ter contado algo sigiloso, ou minha mãe não me aceitar do jeito que eu era. Já estava sem Esperanças.

Resolvi ir para casa, andando devagar pois não queria chegar em casa rápido, queria ficar o mais distante possível de lá. Perto de casa vejo Michel, ele estava com um jeito estranho, bambeava de um lado para outro, ele veio até mim, quando chegou em mim pude sentir o cheiro de álcool.

- Eai, Gui, tudo bem?- Falou ele com seu bafo de álcool.

Cruzei os braços revirando os olhos para ele e respondi.

-O que você acha Michel?-
Mostrando meu pulso para ele.

Quando terminei de falar vi ele caindo, soltei uma risada de canto.

-Quer entrar?- Falei para ele.

Ele soltou um sorriso para mim, e aceitou. No momento pensei em estar fazendo besteira, mas vi ele naquele estado e não aguentei. Pedi para que ele não fizesse barulho, pois meus pais já estavam dormindo.

Levei ele para meu quarto, pedi para que ele tomasse um banho, pois estava fedendo, dei algumas roupas minhas para ele. Depois de alguns minutos ele me chama para ir ao banheiro. Ele estava sentado no chão, com a água caindo em sua cabeça.  Estava me perguntando o porquê que eu fiz o corte, e pediu para que eu chegasse mais perto dele.

Quando cheguei lá, ele puxou meu braço para dentro do box, e pediu para me sentar junto com ele.

-Desculpa estava confuso, não foi minha intenção te tratar daquele jeito, você não merecia.- Falou ele apoiando seu cotovelo em seu joelho.

Balancei minha cabeça, dando um leve sorriso de canto.

-Você e um bobo mesmo- Falei abraçando ele.

-Você não devia ter feito isso com sigo mesmo - Ele se referiu ao corte.

Enquanto a água escorria pelo seu corpo, pude perceber que ele já estava melhor, e fala para ele se ensaboar, pois ele já estava a muito tempo debaixo do chuveiro.

Depois que ele saiu do banheiro, perguntei a ele:

-Quer dormir aqui hoje? Você não está em boas condições para ir embora.

Ele balançou com a cabeça acenando que sim, falei para ele que tinha que ir embora cedo, pois meu pai ou minha mãe poderia ir no quarto. Coloquei um colchão no chão para ele dormir, coloquei um lençol por cima do colchão, e estava pronto.

Quando eu e ele já estávamos deitados ele me chama para ficar mais perto dele, de repente ele fala que gostava de mim, não como amigo, mais que isso, e me beijou. Não foi como o beijo de três segundos, foi um beijo único, não sei explicar, mas foi uma sensação muito boa. Ele colocou sua mãos em meu rosto, e eu fiquei sem reação. O beijo durou nada mais nada menos que 10 segundos.

Então voltei para cama e me deitei, comecei a chorar baixinho para que ele não ouvisse. Chorei pois estava confuso, não sabia se queria "aquilo" para mim, mas ao mesmo tempo queria, eu me senti bem, me senti melhor. Mesmo assim, sem Esperanças fiquei.

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⏰ Last updated: Dec 01, 2018 ⏰

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