― Foi com eu pensei. Você não esta com nenhuma infecção alimentar e nem nada do tipo. ― a medica entrou na sala quebrando o silencio, olhou para mim e depois para Lucas. ― Você não está doente. ― segurava o papel na mão. ― Essa é uma boa notícia. ― abriu um sorriso. ― Bom, assim eu espero. ― disse receosa.

― Fala doutora, já está começando a me deixar nervosa.

― Pai controle o nervosismo dessa mamãe. ― disse com humor olhando para Lucas.

Mamãe? Pai? Da onde ela tirou isso. Não tínhamos filhos.

― Não temos filhos. ― sorri forçadamente.

― Mais um vai chegar em breve. ― Olhou para a minha barriga e eu segui seu olhar.

Eu não tinha nenhuma barriga de grávida, o que ela estava olhando?

― Como assim em breve? ― perguntei confusa.

― Você está grávida.

― COMO? ― a pergunta foi feita em uníssono em um grito. Olhei pra Lucas que se aproximava.

― Vocês vão ter um filho. ― a medica disse pausadamente e com certo receio. ― vocês são um casal não é?

Apenas confirmei com a cabeça, a ficha de que eu tinha uma vida dentro de mim não caia.

― Eu vou deixar vocês a sós por um momento e já volto. ― saiu.

Envolvi meus braços em volta do meu ventre e um sorriso se formou involuntariamente em meus lábios. Lucas ainda não tinha falado nada e nem eu, acho que nós dois estávamos em choque. Ele parou na minha frente e levantei meus olhos, saindo de seus pés, passando por suas pernas, seu tronco e por fim seu rosto. Tinha um sorriso enorme no rosto e olhos brilhantes.

― Vamos ter um filho. ― levou uma de suas mãos ao meu rosto e a outra sobre a minha que ainda permanecia pressionada sobre meu ventre.

― Parabéns papai! ― disse sorrindo. Agora formaríamos uma família. Eu, Lucas e o bebê.

Levei minhas mãos até sua nuca e o puxei para um beijo. Eu estava tão emocionada que as lagrimas desceram enquanto eu o beijava.

― Vejo que vocês se entenderam. ― nos afastamos e olhamos para a medica que nos olhava sorrindo. ― Eu vim ver se um não tinha matado o outro. ― zombou.

― Nunca mataria a mãe do meu filho doutora. ― Lucas me abraçou.

― A notícia nos pegou de surpresa. ― disse. E põe surpresa nisso!

― Com quantos meses ela está doutora? ― Lucas perguntou sua voz alegre. Ele estava realmente feliz com a notícia.

― Só é possível saber após uma ultrassonografia. ― Veio até nós. ― A única coisa que identificamos aqui no exame de sangue dela é que ela está com anemia, bem leve, mas o obstetra dela pedirá um outro exame e receitar os remédios corretos, eu não posso fazer mais nada a não ser coloca-la no soro. ― os olhos da medica pairara em mim.

― Soro?! ― disse chorosa fazendo uma careta.

― É necessário. ― ponderou.

Agora eu tinha uma vida crescendo dentro de mim, se isso faria bem a mim e principalmente a ele eu teria que começar a perder meu medo de agulhas, já que agora elas fariam parte da minha vida por um breve momento.

[...]

Dois dias Depois

― Aqui está o bebê de vocês. ― A medica passou o transdutor na minha barriga. Com a mão livre apontou para a imagem do monitor e eu corri meus olhos para a tela.

Olhei para Lucas e o mesmo estava igual a mim, com os olhos grudados na tela.

― Está é a cabecinha de seu filho. Os olhos, a boca e as fossas nasais estão começando a se formar. Ele ainda é um embrião, mas já tem forma humana. ― Ela ia indicando cada parte que falava. ― Estes são os pezinhos dele ou dela. ― riu. ― Aqui está uma das mãos, e pelo que vejo ele já descobriu que tem uma, veja está abrindo e fechando a mão. ― olhou para mim.

Senti meus olhos se embargarem. Antes de saber que estava grávida, eu pensei que no mundo eu não poderia amar ninguém além de Lucas, como se em seu coração só houvesse espaço para ele. Porém, desde que descobri que estava grávida parecia que meu coração havia dobrado de tamanho. Antes ele só havia espaço para Lucas, agora tinha um espaço igualmente grande para a vida sendo gerada dentro de mim. E não demorou muito paras que as lágrimas rolassem.

― Já da pra ver o sexo? ― Lucas perguntou ansioso, segurava a minha mão agora.

― Ainda não, ela só esta de oito semanas e também as perninhas estão fechadas.

― Será que é uma menina?

― Ainda não da pra saber mesmo pai.

― Quantos meses ela está?

― Oito semanas, isso dá dois meses. ― respondeu a curiosidade de Lucas, ele parecia ser a mãe não eu.

― Dois meses. ― perguntei unindo as sobrancelhas.

― Sim. ― confirmou. ― Querem ouvir a coraçãozinho dele ou dela?

― Já podemos escutar? ― perguntei animada.

― Sim.

A médica liga a caixa de som do aparelho e então, aos poucos, nos três começamos a escutar os batimentos cardíacos do meu bebê. Batimentos ritmados e fortes. Meus olhos se enchem de lágrimas novamente as fazendo cair por meu rosto, de tamanha emoção que sentia. Nunca em toda minha vida me sentia tão feliz, era uma emoção que transcendia a alma.

― Vocês dois tem alguma duvida sobre alguma coisa? ― perguntou olhando para mim e depois para Lucas.

Vendo a negativa dos dois ela deu por encerrado aquele momento, pediu para que eu trocasse de roupa e eu me troquei, tirando a roupa de hospital e colocando a minha.

A medica receitou um monte de remédio dos quais eu teria que tomar todos os dias e mais exames de sangue, e disse que eu teria que beber bastante água também.

― Pode deixar doutora eu vou cuidar para que ela tome os remédios na hora certa e faça os exames. ― Lucas me olhou de forma paternal.

Terminei de me vestir pegamos o exame da ultrassonografia e fomos para casa. Com os dois meses que martelavam em minha cabeça.

[...]

Horas depois

― É engraçado saber que tem uma pessoa sendo gerada dentro de você. ― Lucas passou a mão na minha barriga. ― Já te imagino de barrigão, vai ficar linda. ― beijou minha barriga.

― Não acho isso não. ― protestei. ― Vou ficar horrorosa.

― Pra mim você vai ficar linda. ― beijou minha barriga de novo. ― A mamãe não vai ficar linda bebê? ― falou olhando pra minha barriga. Estava realmente conversando com o bebê?

― Ele ou ela não vai te responder. ― falei rindo.

― Não se meta na nossa conversa. ― resmungou. ― A mamãe não é metida bebê?

Lucas estava tão feliz, eu também estava, mas algo me dizia que essa felicidade estava ameaçada.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Where stories live. Discover now