Trinta e quatro

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Após o momento emocionante entre os quatro loiros, Luna me envolve em uma abraço de urso. Usa um lenço rosa com flores amarelas, pois de acordo com nossas conversas pelo WhatsApp, ela ainda não se sente confortável em expor os poucos fios de cabelos, que estão voltando a crescer desde o final do tratamento com a quimioterapia.

"Estou tão feliz por vocês." Coloca a mão sobre minha barriga, afagando o tecido do macacão jeans. "Ai, gente! Que menino mais lindo!" Exclama com os olhos presos em Barry, olhando-a, curioso, quando Luna se abaixa até ficar na sua altura. "Eu sou irmã do Gabriel, sou sua tia Luna."

"Lembra que já vimos a Luna no meu celular?" Barry responde a pergunta de Milena com um balançar de cabeca; as bochechas coradas por causa da atenção recebida.

"Eu posso te abraçar?" Barry busca a minha aprovação e ao ser positiva, lentamente solta minha mão e se aproxima de Luna. Os bracinhos envolvem o pescoço da pequena loira, que retribui ao abraço. "Você é lindo." Luna diz após o meu menino se afastar pouco depois. "Olha só mamãe, vem só conhecer o seu primeiro netinho."

Camille olha para Gabriel em busca de permissão antes de se aproximar. Ela se abaixa parando na frente de Barry, que estranhamente não tenta se esconder atrás de mim, pois está mais ocupado em encarar a elegante loira, talvez por achar seus olhos parecidos com os de Gabriel.

"Muito prazer, Barry. Meu nome é Camille." Afaga por um longo tempo os cabelos do meu menino, arrancando-lhe um tímido sorriso. "Parabéns pelos filhos, Melissa. São as melhores bênçãos na vida de qualquer pessoa."

"É melhor irmos enquanto ainda está cedo ou não aproveitaremos nada." O tom seco de Gabriel faz Camille suspirar baixinho antes de arrumar a postura.

A relação deles era estritamente educada antes do acidente, mas agora, ela se reduziu a nada mediante o comportamento de Gabriel. Talvez conhecer a história de ódio e desprezo da bruxa que deveria ser a avó de Barry tenha o feito lembrar de sua primeira infância antes de conhecer o amor de mãe de tia Caroline.

Os mais novos parecem não notar o clima estranho, ou simplesmente ignoram para não tornar a tensão ainda pior.

Durante todo o caminho ao shopping, as meninas não falam de outras coisas que não envolvam os famosos dramas coreanos; Gabriel quase apanha ao dizer que os atores têm tudo a mesma cara, que não dá para saber quem é quem. Ouvimos discursos calorosos sobre como todos são diferentes sim, que ator tal é mais bonito que o outro, que atriz tal parece uma pedra de gelo sem emoção e expressões faciais. O clima felizmente está bem leve, divertido e até Gael, o mais introspectivo, participa ativamente das conversas.

Meu menino balança o seu (meu ex) bonequinho do Homem de Ferro, o seu super herói do dia. Sabia que um dia meus filhos herdariam meus antigos brinquedos, por isso os guardei com tanto zelo.

Fomos direto para o cinema e não foi preciso horas e horas de debates para escolhermos um filme: Barry foi logo apontando para o enorme e colorido cartaz de um desenho animado; Luna também não escondeu sua paixão por desenhos, não nos restando outra opção, mesmo com a clara decepção de Milena e Gael, dois loucos por filmes de ação e suspense. Enquanto Gabriel e Gael foram comprar as entradas, fui com o restante comprar pipoca e refrigerante. Os olhinhos escuros de Barry brilharam ao se deparar com o grande pote de pipoca amanteigada que comprei para nós dois, aproveitei e levei também umas cinco barras de chocolate e uma garrafinha de água mineral.

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora