Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔

Trinta e quatro

"Só preciso de um bom banho e algumas horas de sono para recuperar todas as minhas forças." O perfume masculino penetra em minhas narinas quando Gabriel se aproxima ainda mais; uma mão vem de encontro ao meu rosto, seus dedos deslizando suavemente por minha bochecha esquerda. Seus olhos recaem sobre meus lábios entreabertos e não demora muito para que diminua a distância entre nós; tomando-me em um beijo profundo, Gabriel passa os braços por minha cintura, enquanto aperto minhas mãos em seus braços fortes. O beijo é lento, profundo. Seus lábios e língua reivindicando-me com sua, deixando-me a beira daquele abismo, que exige por um contato muito mais íntimo.

Somos interrompidos por um toque de celular e mesmo assim, Gabriel ainda demora um pouco para encerrar o beijo; seus lábios correm como fogo por meu pescoço antes de se afastar para atender a chamada.

Entre uma respiração e outra, compreendo que está conversando com Luna. A garotinha conseguiu a liberação de seu médico e não perdeu tempo em fazer uma viagem internacional para encontrar o irmão, que tanto ama.

"Eu vou ver com ela e por volta das 16hs passamos aí para te buscar. Agora vai descansar um pouco, Luna. Eu também te amo."

Ele encerra a ligação e guarda o celular no bolso da calça. Parece leve, diferente de mim, que só queria me jogar em seus braços e matar toda a saudade habitando em meu peito.

Nossa Senhora das grávidas com os hormônios em ebulição, não me deixe virar uma tarada louca por sexo.

"Não lembro dela, mas a amo do mesmo jeito que amo meus outros irmãos." A declaração é clara, com um toque de estranheza. "Quem diria que a Camille seria capaz de por uma pessoa tão especial no mundo."

"Ela colocou duas pessoas muito especiais no mundo. Uma delas é o pai dos meus filhos." O sorriso que ganho é o suficiente para fazer meu coração bater fora do ritmo outra vez.

"Vou ao trabalho agora e mais tarde volto para pegar vocês três. Pode ser? Luna quer vê-los também." Concordo, pois também quero revê-la.

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Barry e eu dormimos a tarde quase toda, me permitindo descansar bastante e acordar com as energias a pleno vapor. Quando Gabriel veio nos buscar, não foi nenhuma surpresa que Gael e Milena estivessem juntos, já que os dois se tornaram amigos de Luna através das redes sociais. Barry vai no banco de trás com os dois, divertindo-se em fazer caras e bocas para as selfies da tia babona. Meia hora depois estamos entrando em um dos hotéis mais caros da cidade, que faz parte da rede de hotelaria dos Parker. Não demora muito para localizarmos Luna e Camille sentadas nas confortáveis poltronas de couro da luxuosa recepção; assim que nos vê, Luna abre um grande sorriso e se põe de pé. Enxergo a ansiedade e a emoção brilhando nos grandes olhos cristalinos, enquanto percorre rapidamente a pequena distância que a separa do irmão e se joga em seus braços. Gabriel a envolve em um abraço apertado, tão emocionado quanto ela. Logo Gael e Milena se unem ao abraço entre irmãos, mostrando, que Luna tem um lugar especial em seus corações, simplesmente, por ser alguém importante na vida do irmão mais velho. Meus olhos ardem e peço fervorosa e silenciosamente à Deus que meus filhos possuam o grande coração e a união do pai e dos tios; que possam ser melhores amigos e tenham a certeza de poderem contar um com o outro, independente da distância e das diferenças.

Camille se mantém distante, lágrimas escorrendo por seu rosto bonito. Ela está tomada pela mesma emoção; os olhos grudados em Gabriel são cheios de pesar, culpa e um mundo de tristezas que devem sempre atormentá-la ao lembrar de toda a maldade e desprezo dispensados ao próprio filho, uma criança inocente. Não sou ninguém para julgar, mas agora sendo mãe de duas crianças, não consigo me imaginar não sendo capaz de amar meus filhos.