Evolução: A Ascensão de Maquina. Cap. 1

I.I - PIETRO GARCIA - FLORESTA DE MARMANDAI

Após ter atingindo a minha cota do dia decidimos parar por perto do rio para procedermos com a retirada da pele dos animais e então cumprir a tarefa do curso. Assim que conseguiu fazer aquilo que tinha visto em aula, Marcos, que não conseguia manter o silêncio por muito tempo, tentou iniciar uma conversa.

Marcos Lamarra: Você é muito famoso na cidade sabia? Quando disse aos meus amigos que ia te acompanhar durante a caça só faltou algum deles me pedir o seu autógrafo.Pietro Garcia: Deve ser por causa de meu sobrenome, você sabe que meu pai foi um caçador famoso e que todos da cidade o conhecem. Pode ter certeza que não é por causa de meus feitos ou conquistas próprias, pois não tenho nenhuma.

Meu pai, Paolo Garcia, era perito em armadilhas e foi um dos fundadores da sociedade dos caçadores de Marmandai. Ele era apontado como um dos responsáveis por manter a cidade abastecida de alimentos durante a primeira crise, e é famoso até então. Marcos, que parecia ter discordado desde a primeira palavra, logo retrucou:

Marcos Lamarra: Não, eu duvido. Seu pai pode ser conhecido entre os caçadores e os comerciantes, mas não entre os meus amigos. A sua fama te precede Pietro. Todos querem descobrir o segredo que faz o grande Pietro Garcia ser tão preciso com o arco. Muitos te admiram, e pelo jeito você não fazia a menor ideia disso.

A minha destreza com um arco me acompanhou durante quase toda a minha vida, desde que minha mãe me presenteou com meu primeiro estilingue. Não demorou muito para eu me fascinar por acertar um alvo, fosse ele móvel ou estático, a dezenas de metros de distância. E esse hobby continuou comigo quando comprei o meu primeiro arco, que se tornou praticamente parte de meu corpo. Foi assim que o meu pai, ao perceber a minha paixão pelo arco, se tornou o meu mentor.

Por ele, fui treinado para adquirir habilidades essenciais ao ofício de caçador, como a camuflagem, montagem de armadilhas, rastreamento da presa, sobrevivência na mata e preservação de espólios. Me dediquei completamente aos treinamentos e não demorou para a caça se tornar algo natural para mim. Quando estou concentrado em meu objetivo sinto como se nada mais existisse ao meu redor. Os movimentos cessam e os sons se abafam de maneira que não consigo mais identificá-los. Somente eu e o meu alvo existimos, com ele se movendo lentamente em meu campo de visão.

Essa seria uma boa história para contar a Marcos, mas preferi responder de maneira simples, na tentativa de encerrar o assunto.

Pietro Garcia: É tudo questão de treinamento. Qualquer um que se dedicar o bastante pode fazer o mesmo que faço, não é grande coisa.

Ele respondeu ao som de gargalhadas.

Marcos Lamarra: Pode ser que seja, mas duvido que se eu treinasse vinte e quatro horas, todos os dias, durante cinco anos, eu conseguiria fazer o que você faz. A minha teoria é que o seu arco é uma das tecnologias secretas da capital.

Pietro Garcia: Se é o meu arco que me faz acertar o alvo então qualquer um que o usa pode fazer o mesmo. Aqui, pegue

Eu continuei a falar enquanto entregava o arco a ele.

Pietro Garcia: Vou deixar que você escolha o alvo de sua preferência.

Marcos parecia feliz com o desafio, como se estivesse prestes a resolver um mistério que o perseguiu por muito tempo. Após sentir o arco com as mãos e verificar a tensão da corda, ele olhou ao redor até encontrar um pequeno coelho comendo frutas em um arbusto, como se não estivéssemos ali. Ele então pegou uma flecha e a posicionou no arco, mirou em direção ao coelho e, depois de uma série de frescuras e gestos típicos de quem não sabe o que está fazendo, finalmente atirou. A flecha saiu pela lateral do arco e viajou poucos metros, atingindo um tronco de árvore que estava logo ao nosso lado. O coelho, que nem ao menos percebeu a tentativa de acertá-lo, mal se incomodou com a nossa presença e continuou a comer como se nada tivesse acontecido. Marcos voltou a gargalhar, dizendo enquanto me devolvia o arco: