Dois homens, um coração (Romance Gay)

9 - Tarde Demais

Assim que acordei, me levantei rapidamente e tomei um banho rápido no banheiro do quarto. Após me vestir e escovar os dentes, saí do aposento e desci o enorme lance de escadas. Me deparei com o senhor Sebastião em pé, parado e me olhando com a mão esquerda apoiada na sua direita. 

— Bom dia, senhor Cavill. Está uma linda manhã, não? 

— Bom dia... — respondi ao olhar para fora através da janela do corredor. A tempestade tinha acabado, finalmente. Apesar disso, tudo estava coberto de muita neve. 

— Suas roupas já estão secas e passadas, senhor. — Sebastião disse e se abaixou para pegar a pequena cesta que estava ao seu lado, no canto do chão. 

— Muito obrigado, não havia mesmo necessi... 

— Disponha sempre. — me interrompeu com um sorriso enorme. 

Peguei a cesta e voltei para o quarto apenas pra me trocar rapidamente, de volta para as minhas antigas vestimentas. Deixei a roupa emprestada dobrada em cima da cama. Quando voltei ao corredor,  desci novamente as escadas e não encontrei mais ninguém. Queria sair para respirar ar livre, eu precisava. Então, caminhei até a porta de entrada e me deparei com um enorme jardim, enormes portões no centro de um muro que cercava toda a casa.

Fiquei surpreso com o tanto de plantas e árvores enormes que haviam em inúmeros canteiros, mas não pude ver suas diversidades e cores por conta da neve que cobria tudo. O jardim tinha vários chafarizes, arcos e bancos de madeira. Tão encantado com aquilo, fui rodeando o local até me dar conta de que estava na parte de trás da casa. Havia passado por uma piscina, mas obviamente estava coberta de neve também. 

Então, me deparei com mais um banco de madeira, porém, com Christopher sentado nele. Ao observar com uma cautela maior, percebi que haviam duas lápides próximas ao banco. Andei até lá com calma e me sentei do lado dele.

Nas lápides, estava escrito:

Richard Mason

Sempre na memória

Descanse em paz.

1952-1995

-

Pamela Mason

Jamais a esqueceremos

Descanse em paz. 

1956-1995

Engoli seco e olhei para Christopher, que tinha um olhar triste direcionado para as lápides, segurando duas rosas na mão. Ele jogou cada uma em direção a cada lápide e suspirou depois.

— Eu não sabia que os seus pais... — tentei dizer.

— Obviamente. Agora sabe. — disse, sério.

— Quer falar sobre isso? 

Christopher respirou fundo e eu achei que não fosse comentar nada, mas pra minha surpresa, eu estava errado.

— Meus pais sempre saíam pra beber, curtir a noite, sabe? Sempre me deixavam aqui com o Sebastião e os outros funcionários para tomarem conta de mim. Nunca tiveram muito tempo pra mim, então...