— Perdoe-me, senhor Cavill. — ele começou. — O senhor caiu em um lago enquanto corria por aquele parque perto do ViennaLife. É perigoso sair em tempestades assim.

— Eu sei, mas é que...

— A propósito, se o senhor me perdoa a interrupção, preciso lhe informar que tomei liberdade de trocar o seu traje para a sua segurança. Me perdoe por tal ação, mas foi para o seu bem, senhor. — ele me falou.

Olhei pra baixo e percebi que estava usando uma blusa branca feita de seda, tinha as mangas compridas e as calças eram de pijama em uma estampa xadrez. Embora todas elas ficassem muito grandes em mim e por isso assumi que eram de Christopher, estavam confortáveis. 

— Não tem problema. — olhei para o mordomo de novo. — Muito obrigado. 

Ele assentiu com a cabeça. 

— O senhor está na casa da família Mason. 

Família? Eu não consigo imaginar como deve ser a família dele. Será que são tão arrogantes quanto ele?

— O senhor Mason estava te seguindo durante aquela tempestade depois que saiu do prédio. — prosseguiu o mordomo. — Assim que ele viu o senhor cair no lago, mergulhou para te salvar. Ele me contou que o senhor conseguiu colocar muita água pra fora e a respiração voltou ao normal, mas estava inconsciente. 

— E então ele me trouxe pra cá? 

— Sim. Seu carro estava no estacionamento e deu sorte de ter pegado. Como o senhor estava só precisando se aquecer, ele o trouxe para um lugar mais perto do que qualquer hospital: a sua própria casa, aqui. Eu estava cuidando dos meus afazeres, quando de repente levei um susto com ele gritando meu nome ao entrar pela porta principal. Carregava o senhor no colo, pedindo ajuda pra que eu pudesse aquecê-lo.

— Por favor, não me chame de senhor. 

— Como quiser, senh.. Ah, digo...

— Pode me chamar de "você" mesmo. — sorri. 

— Claro.  Não irá se incomodar com isso? — me perguntou com uma feição preocupada.

— Ah, claro que não. Me sinto mais confortável. 

— Pois não. 

— A propósito, eu me chamo Arthur. É um prazer conhecer você. 

— O prazer é todo meu, Arthur. Me chamo Sebastião. 

Sorri mais uma vez e levantei do sofá. Percebi que estava com dois cobertores, exatamente. Um deles eu deixei sobre o sofá e me enrolei no outro. Notei também que minha tremedeira tinha parado. 

— Acredito que o chá me ajudou bastante com a questão do frio.

— Certamente. — ele sorriu. 

— Quer dizer que... quer dizer que Christopher me salvou. — repeti, até agora sem acreditar na ação do meu ex chefe completamente rude. 

— Sim. 

— Se me dá licença, Sebastião, preciso muito ir falar com ele. — disse. 

Sebastião curvou suas costas para mim e eu fiquei surpreso com o ato. Estava me sentindo da realeza com algo assim.

— Ah, por favor, não precisa fazer isso. — eu pedi a ele.

— Isso o quê? — me perguntou.

— Se curvar, desse jeito... Eu sou uma visita nesta casa, acho. No máximo. — expliquei.

— Tratamos as visitas com o maior respeito possível, Arthur. Não se preocupe com isso. Vejo que é um menino digno e cheio de educação também. Sorte a sua por ter crescido com uma criação exemplar dessas. Já o senhor Mason, mesmo sendo criado com tudo isso...

Dois homens, um coração (Romance Gay)Where stories live. Discover now