O Fantasma Dançarino

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Como um fantasma, calmo, lento e silencioso
Como um pássaro livre, leve e solto
Como chama, cheia de esperança a te aquecer
Sou poesia, sou som, sou brado a estremecer
E cada coração, cada razão, emoção...
Perdidos, por entre estes suspiros
Cheios de dúvidas, medos, todos esquecidos!

Eu sou brisa, sou arte solene,
Vago entre corações, almas e mentes
Sou fogo que congela, sou do tempo
Sou neve que aquece, sou do vento
Sou apenas uma rosa, à tua espera!

E não me vê, apenas sente
E não me toca, apenas compreende
Sou um anjo manipulador,
Um demônio sem pudor
Não tenha medo, meu amigo...
Venha dançar!

Raio de luz que ilumina nossa escuridão
Proteja este ser, guie sua razão!

E cada passo teu, cada sussurro...
Cada sensação, cada murmuro
São motivos de meu sorriso,
Pois tu és o mais puro e lindo

Raio de luz que ilumina nossa escuridão,
Proteja meu ser, guie meu coração!

E teu sincero olhar
Teu louco dançar,
E quando teu olhar atravessa meu ser,
E quando teu toque não pode me aquecer,
Quando nada mais nos resta a fazer
Amaldiçoo-me por não poder chorar
Quero apenas dançar!

Raio de luz que ilumina minha própria escuridão,
Proteja-nos de todo o mal, guie minha razão!

E apenas dançar não é mais suficiente
Me pego ecoando por entre tua mente
Não te quero apenas apreciar...
É possível um ser sem vida amar?

E a música suave prestes a acabar...
Carregando-lhe para longe de nosso mar,
Vida cruel, o que mais irá me roubar?

Fui esquecida,
Não posso ser ouvida
Não há nada que possa me segurar,
E agora então, não posso amar...

A cada gota de chuva, uma linda poesia a soar
A cada colisão contra o chão frio, pássaros a voar,
O som puro e lento, como chuva e lágrimas a cair,
Cada passo mórbido, sem vida, passando a fluir
Um coração descompensado batendo sobre o peito
Jaz então um ser inocente ao nobre leito

Carrego comigo a coitada rosa negra
Cheia de lembranças, esperanças...
Uma velha amiga, feita de seda
Corajosa e piedosa, ser vivo de aura abundante,
Que de tanto amparar-me carrega em tuas pétalas
Meu brado retumbante!

Por sobre meus pés, sujos e sangrentos
Descanso meu corpo, cansado e sem jeito
A chuva fria a me limpar,
Lava não só meu espírito, mas minha alma e altar.

Os flagelos de fogo a me guiar
Sou poeta tenho a verdade a retratar
Meu mundo se foi não há muito tempo,
Tragado pela vida, o fim da dança e o vento

E assim cada nota a viajar,
Cada som, onda a se propagar
Acalentando meu ser, a me renovar,
Carrego aquele olhar triste de saudade
Esperançoso de coragem.
A rosa amiga contra meus dedos
A emoção do luar contra meu peito.

Depois da chuva vem a neve
Calma e suave, tornando-me “livre”, talvez leve
As cores intensas e pacíficas da noite
Dedilhando cada ser, tornando-se fonte
Não só de vida, mas de nostalgia
Linda e milagrosa poesia a voar

E assim contento-me com meu benefício,
De enfim poder descansar, sem suicídio
Como verdade a declarar e mentira a dilacerar
Frio a queimar, por sobre meu espectro brilhar

Sou fantasma, sem razão, apenas a vagar,
Genuína rosa a flutuar, sou uma criança
Tenho muito a divagar
Ainda não aprendi a voar
Apenas sei te amar...

Raio de luz que ilumina minha escuridão
Proteja meu amor, guie teu coração!

“Meu grande amor, nos vemos na almejada mansão!
Eu te amo, ser que roubou minha pouca razão.”

Eu te amo
Assinado: teu doce e amargo fantasma dançarino.

2015.

Poesias, Velhas PoesiasWhere stories live. Discover now