Uma vida normal de quem não é normal

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Acordei  pela madrugada, desbloqueei  o celular e vi o que me mostra. Quinta-feira 29 de agosto de 2018 , ás 05:17h da manhã. Coloco  novamente o celular na cabeceira da minha  cama king e olho para o teto. Percebo que o teto do meu quarto tinha manchas que precisavam serem limpas, e após isso meu  pensamento voa ao nada. Tive um sonho estranho, não me lembro como exatamente era. Já tem  algumas noites que venho tendo esses sonhos no qual não me recordo  ao despertar. Reflito com as mãos apoiadas na minha  cabeça, mostrando nitidamente o interior de meus  bíceps levemente alterados. Voltei a academia essa semana que estou com tempo livre, de tanto minha mãe alertar sobre algo como "cuidar da saúde, pois ela vem em primeiro lugar". Dei ouvidos à ela, mesmo sabendo que sempre tive meu corpo em boa forma. Não podia discutir com quem me dava tanto carinho.

Respirei fundo ainda olhando as manchas do teto e me  levantei. Descalço, com calça moletom e camisa de manga curta, caminhei até a cozinha de meu apartamento.Sonolento, esbarro  em uma mesa de decoração no caminho – droga -, reclamo. Ainda não estou acostumado com o local, tinha me mudado novamente para NY,  a pouco tempo tinha ido para minha terra natal, em Menphis, para trabalho. Apesar da reviravolta que causou, sinto  em Menphis como se estivesse em casa. Aquele lugar me lembra  boas coisas. Abri a geladeira, visualizei uma jarra de vidro transparente com agua, pego juntamente com um copo, e enquanto ouço o barulho da agua cair, reparo na vista pela janela. NY dormia. E bem no final daquele horizonte de prédios e casas, reparo no nascer do sol, bem ao fundo, querendo aparecer como se estivesse tímido. Bebo a água, guardo a jarra e saiu pela sala. Nas estantes, troféus. Nas cômodas, fotos em premiação e com pessoas de alto porte. Nas paredes, CDS de ouro, platinas, como se fosse um verdadeiro museu de artes, só que não pintadas mas autografadas.

Percebo que pouco tem  foto de minha família. Com meu pai, apenas uma. Com minha mãe algumas, mas particularmente minhas  favoritas
desde criança. Sempre fui muito apegado a ela, era minha melhor amiga em todo momento e a qualquer momento. É uma ligação sem explicação para aquele afeto. Ou tinha. Não éramos só mãe e filho, eu sinto que a conheço de outros mundos. E admiro-a por isso. Muitas e milhares de fotos espalhada de Silas, meu filho. E desde que ele  nasceu, eu  soube o que é amar incondicionalmente. Sorrio ao reparar – "Passa rápido" – comento  sozinho. Caminho pelo corredor, e abro a porta do quarto mais próximo. Notifico entre a luz do abajur se estava tudo bem no sono de meu  pequeno. Entro, e vou para perto do berço, ele dormia como um anjo. Desligo a luz, pois a luz do sol  já estava clareando o suficiente para perceber as paredes pintadas de azul claro, os  desenhos com ursinhos e seu nome estampado nos quadros pendurados com os dizeres "aqui dorme um príncipe". Passo a mão na sua pequena cabeça e percebo que esse é o melhor presente que já ganhei em anos. Deixo a porta entre aberta, e  volto para o corredor que começa a clarear com a luz da manha que vinha, e reparo no espelho que seguia pendurado e uma das paredes. Me olho. O tempo estava sendo gentil comigo. Ainda que eu sei que não apareceriam cabelos brancos tão cedo devido a meu corte raspado, mas minha barba mostrava claramente a cor do meu cabelo, um loiro médio com o pé no louro claro, trago comigo um par de olhos azuis que herdei de minha  mãe e avó. Meu  corpo ainda com músculos sobressaindo a camiseta de manga, meu  peitoral mostrava bem isso. Nada mal para quem já passou de seus 30 anos. E apesar da boa forma física, ainda sim me sinto cansado. Dei uma ultima olhada e esfreguei  os olhos como se o sono estivesse batendo para entrar. Voltei ao  quarto. Sento na cama perto da cabeceira, desbloqueio novamente o celular e noto o horário: 05:26h. Solto o celular na cama e apoiou os dois braços junto ao meu corpo. Peço aos céus que dessa vez eu volte  a dormir direto, estava tão cansado e precisava de um bom sono. Deito e olhou ao meu lado. Minha mulher dormia como anjo, por um momento sinto inveja, depois sorrio entendendo que é uma burrice eu pensar dessa forma. Ela também merecia. Trabalhava muito como eu. Reparo que ela tenta se aproximar mas ao contrário disso, ela se vira de costas pra mim, já estava acostumado. Não sei se devido o tempo de casado, mas eu e ela não éramos o típico casal que dorme de conchinha. As vezes achava que éramos como dois estranhos, ou quem sabe a vida de casado seja assim. Eu volto  a olhar as manchas do teto. De repente veio as lembranças continuas de minha vida, de toda minha  trajetória e minha busca pelo o que mais amava fazer.

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⏰ Last updated: Oct 15, 2018 ⏰

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