"No próximo final de semana tia Rebekah fará um almoço para comemorar o aniversário do tio Marcel." Gabriel passa o braço pela minha cintura. Estamos andando abraçados como vários casais fazem e isso é uma novidade tão boa, que aquece meu peito. A sensação de não se esconder, de mostrar a todos a nossa felicidade e relacionamento me deixa sorrindo à toa. "Ela exige sua presença caso esteja livre."

"Vou trabalhar até as dezessete horas no sábado." Entramos na primeira pizzaria que encontramos na praça de alimentação. Escolhemos uma pizza média de 5 queijos com margherita e uma Coca-Cola. "Só é tempo de passar em casa e tomar um banho. O que você vai dar de presente?"

"Um relógio?" Dá de ombros como se fosse tão fácil.

"Vou comprar uma garrafa de vinho ou uma camisa. Rosa combina com o tio Marcel." Penso nas opções que tem na loja da tia Caroline e no desconto que ela terá de me dar já que pagarei à vista.

"Você está exausta, Mel. Seus olhos não escondem isso." Fecho os olhos quando Gabriel acaricia meu queixo. Não adianta negar para quem me conhece tão bem, ainda mais estando explícito no meu rosto. "Depois vou te levar direto para casa e poderá descansar."

"Eu quero dormir com você, mas hoje é só dormir mesmo. Sem segundas ou terceiras intenções." Encosto a cabeça em seu ombro, o seu cheiro bom penetrando em minhas narinas.

"Eu vou cuidar de você, amor." Abro os olhos imediatamente e me indireito para ver o rosto sorridente e calmo de Gabriel. Meu coração incha de tal forma que não parece haver espaço suficiente em minha caixa torácica para comportá-lo.

"Você me chamou de amor." Sussurro emocionada e levo a mão até o rosto de Gabriel. Ele a segura e a beija, sem desviar nossos olhares.

"Se eu te amo, é mais que claro que você é o meu amor." Suas palavras são de uma profundidade tão certeiras, que me jogo em seus braços e o beijo como se não houvesse um amanhã.


☆゜・。。・゜゜・。。・゜★


Aquele estranho aperto no peito volta com força total quando chegamos no estacionamento. Para um shopping, aqui está estranhamente parado demais e um calafrio percorre minha espinha ao ver um rapaz de capuz escuro encostado em uma pilastra. Gabriel solta minha mão e passa o braço por meu ombro, puxando-me mais para perto de si antes de passarmos em frente ao estranho suspeito. Quando penso em respirar aliviada, a voz alta do homem nos faz parar no mesmo momento.

"Passa as chaves do carro, mauricinho!" Ele para a nossa frente, seus olhos vermelhos e dilatados mostram que está sob o efeito de alguma droga. "Eu mandei passar as chaves ou eu estouro os miolos da loirinha, aí." Aperto o braço de Gabriel quando o homem tira um revólver do bolso do casaco moletom e o aponta em nossa direção. Minhas pernas parecem gelatinas e me obrigo a respirar fundo várias vezes para não hiperventilar.

"Vou pegar a chave no bolso de trás da calça." Gabriel fala com calma levando a mão até o bolso traseiro, pega a chave e a entrega para o bandido, que parece ainda mais nervoso olhando ao redor.

"Inferno! Os tira vindo me pegar!" Ele grunhe puxando o capuz, revelando a cabeça raspada. A arma continua apontada em nossa direção. "Você vem comigo, loirinha."

Grito quando ele segura meu braço, tentando me puxar. No entanto, Gabriel me empurra para trás e parte para cima do homem, deixando-me angustiada, incapacitada de fazer algo. Escuto passos e ao olhar para trás reconheço dois dos meus seguranças correndo ao nosso encontro. Um som estrondoso faz meu corpo gelar em puro pânico e tudo ao meu redor desmorona tal como um castelo de areia devastado por um tsunami, quando encontro Gabriel caído ao chão e sangue escorrendo de sua cabeça. Logo em seguida, outro disparo faz o maldito bandido cair ao chão com os olhos abertos sem vida.

Não sei de onde encontro forças para levantar e correr até Gabriel, já que meu corpo se encontra dormente e sem forças. Seu peito sobe e desce lentamente, a respiração fraca, mesmo assim já é um alívio saber que se encontra vivo. As lágrimas caindo copiosamente, as mãos trêmulas ao segurar seu rosto. Com uma rápida avaliação constato que a bala passou de raspão, mas o que me preocupa é o ferimento causado pelo impacto da cabeça com o chão. Tiro a jaqueta jeans e a uso para tentar conter a hemorragia, em poucos minutos ela está encharcada de sangue e mesmo o segurança afirmando que a ambulância já está a caminho, sinto-me desesperada porque cada segundo perdido pode significar a morte de Gabriel.

"Aguenta, por favor. Você não pode me deixar. Você prometeu sempre estar ao meu lado." Beijo os lábios frios em desespero.

Pouco depois os paramédicos chegam e sou obrigada a me afastar para que realizem os primeiros socorros. Vou com eles na ambulância, o tempo todo segurando a mão de Gabriel, mesmo eles tentando me afastar. Nesse momento esqueço que também sou médica, que deveria manter controle. Mas como fazer isso quando vejo o homem que amo correndo risco de vida? Sabendo que ele pode...

Só o mínimo pensamento dói a minha alma e preciso morder o lábio inferior para não gritar de dor.

No hospital uma equipe já o espera e sou obrigada a ficar para trás quando passam por aquelas portas, que nunca me pareceram tão cruéis.

Encosto-me na parede mais próxima e minhas pernas cedem, levando-me ao chão. Respirar se torna um processo doloroso ao se misturar com o choro compulsivo. Minhas mãos e roupas sujas de sangue. Imediatamente o pesadelo me assombra, esfregando-se na minha cara como um maldito aviso.

"Filha..." Não levanto a cabeça ao ouvir a voz de papai me chamando, principalmente quando tia Caroline surge desesperada querendo notícias do filho. "Estou aqui, meu anjo. Estou aqui." E papai está. Ele sempre está quando preciso e seus braços são os únicos capazes de me dar um pouquinho de acalento nesse momento.




Nunca pensei que encontraria
Alguém para amar
Nunca acreditei que viveria o amor
Quando te vi
Meu mundo mudou

E agora não deixo de sentir
Sem você nem posso respirar
Não quero viver
Se não está aqui comigo
Eu não posso ser feliz

Um só olhar, uma palavra
Um raio de luz
Realidade em um sonho o amor
Quando te vi
Meu mundo mudou

E agora não deixo de sentir
Sem você nem posso respirar
Não quero viver
Se não está aqui comigo
Eu não posso ser feliz

É a voz do amor
Que vem do meu coração
Preciso de você aqui em mim
Vem ser minha vida

E agora não deixo de sentir
Sem você nem posso respirar
Não quero viver
Se não está aqui comigo
Eu não posso ser feliz

E agora não deixo de sentir
Sem você nem posso respirar
Não quero viver
Se não está aqui comigo
Eu não posso ser feliz

(Sem você - Rouge)







Ah, não!  😭😭😭 O nosso Gabriel. 😭😭😭

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Where stories live. Discover now