Escritos da parede do casulo

Ato

Não estou bem. O que é sentir-se bem afinal?
Minha mente está tão cheia que me perco em meus pensamentos sem conseguir alcansar ao menos um que me satisfaça, nem que por alguns segundos.
Não me sinto vazia, muito pelo contrário. Me sinto cheia até de mais, esse é o problema.
Estou andando há muito tempo, mas não sei pra onde.
Estou sem mapa, sem bússola, sem norte.
Apenas caminhando e aceitando as sugestões que aparecem pelo caminho.
Seria eu uma improvisadora? Parece que sim. Entrei em cena desconstruindo que sou e assumindo o papel que for necessário a cada ato.
Não me chame de falsa. Não, eu não sou. Sou verdadeira e sincera demais, esse é o problema.
O que tenho que fazer agora? Não tenho roteiro!
Apenas estou caminhando pela estrada longa e reta que se perde no horizonte. Pra onde ela me leva?
Me olho no espelho e não me reconheço. Preciso de ajuda, mas não sei a quem pedir. Me sinto usada muitas vezes.
Mas esse é o meu papel. Ou não? Estou me enganando?
Na verdade só estou cansada. Quero chegar logo. O que tem no fim do caminho?
Valerá a pena. Não sei o porquê exatamente, mas tenho essa certeza dentro de mim. De onde ela vem?
De uma coisa sei: estou caminhando.