Capítulo 42

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Havia aprendido muitas coisas com as princesas.

Imyir mesmo não sendo uma, me ensinou que ao controlar alguém, mesmo usando seu corpo, lhe atraia benefícios.

Era isto que eu estava disposta a fazer com Leon.

Não lhe enganaria se o dissesse que estava disposta a lhe perdoar, não.

Mas eu tinha que o fazer voltar a confiar em mim.

Então conforme ele pedia que eu o acompanhasse nas refeições noturnas fui melhorando meu comportamento.

Dia após dia não o olhei com raiva, dia após dia mantive uma máscara de aceitação, dia após dia meus lábios foram forçados a sorrir.

Os sorrisos sempre eram a pior parte, por que tinha medo de acabar me iludindo com seus sorrisos e acabassem sorrindo de volta de forma natural.

Quase éramos os mesmo de dias atrás, mas havia um lago de sangue nos separando e eu não podia fingir não o ver.

— O que pretende fazer após realizar o sacrifício? — perguntei casualmente enquanto jantavamos e fingia não encarar a janela aberta. Era loucura tentar fugir por ela, mas a tentação que ela provocava era absurda.

Não falávamos minha morte.

Só trocávamos frivolidades. Ele queria que tudo voltasse ao normal.

Eu não perguntava quase nada. Tinha medo dele surtar.

Andava em cima de um lago congelado pronto para ceder. Qualquer um teria caído, mas eu já estava acostumada com tal lago.

Eleonora havia me ensinado muito bem.

— Pretendo reconstruir o mundo. Nos libertar.

Mordi a língua quando o pensamento de que ele queria dominar o mundo me veio mente.

— Um mundo melhor? Livre — perguntei fingindo ingenualidade, fingindo acreditar.

Leon sorriu e pegou minha mão e tive que lutar para não a afastar.

— Um mundo incrivelmente melhor.

Depois disso ganhei acesso para andar pelo castelo. Ainda dormia na masmorra, pela desconfiança de Lilith.

Fergus era meu guarda pessoal.

Parei em frente a um belo arranjo de rosas vermelhas e peguei uma. Fergus resmungou impaciente. Ultimamente odiava quando eu fazia pausas longas, mas eu queria lembrar dos corredores. Das saídas.

Lembrei de Edward. Quase não lembrava de nada antes de acordar no salão. Então não sabia onde ele estava.

Será que Leon o mantinha preso? Será que o matou?

O pensamento me fez apertar as mãos e esqueci que estava com a rosa.

Os espinhos abriram minha pele e encarei o sangue. Não foi tão profundo.

Fergus xingou baixinho ao ver, ficando verde.

— Merda, Swan.

O encarei.

Ele não gostava de sangue.

— O poderoso Fergus tem pavor de sangue? — Ele grunhiu olhando para outro lado. — Não é irônico? Ficou enjoado quando matou para ele?

Calada. Vou buscar um kit de enfermagem, fique aqui. Se ousar sair deste lugar, a farei se arrepender — ameaçou saindo quase que aos tropeços.

Princesa de VidroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora