Capítulo 12

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O Anjo estava sem paciência e eu estava sem a mínima vontade de aprender os nomes dos duques do reino Gulaab, lar da princesa Alba.

— Pelos céus! A pronuncia correta é Ieskov.

Apertei as têmporas e segurei um suspiro.

— Não podemos estudar outra coisa hoje?

— Não sabe nem pronunciar o nome de alguém e quer aprender outra coisa?

— Sim, como... os deuses... Você pode me falar mais deles?

Desde a história de Alba eu não conseguia pensar em outra coisa. Minha curiosidade tinha sido acionada e eu precisava sacia-la.

O Anjo franziu a testa e se sentou na cadeira de sua mesinha e me encarou.

— Porque esse interesse repentino?

Dei de ombros.

— Só fiquei curiosa. Alba contou lendas antigas.

— Estamos no lar da pessoa que expurgou a crença em deuses e exilou seres mágicos. E você quer aprender sobre os deuses. Quer parar na forca senhorita Swan?

— Não — desistindo da ideia de pedir informações ao Anjo sobre os deuses ela se levantou e foi até os fundos da sala e voltou segundos depois com uma caixa de madeira grande trancada.

Ela a colocou na minha mesa e a olhei confusa.

— Eu vi quando queimaram todos os livros roubados no dia do Expurgo. Não me importo realmente com os seres exilados, mas queimar registros históricos de milênios! Aquilo foi a gota da água para mim. Salvei o que pude e escondi a maioria. Esse é o único exemplar existente com a história quase completa dos deuses.

Ela abriu a caixa e dentro um livro velho e cheio de entalhes e gravuras na capa foi retirado com cuidado pelas mãos finas do anjo.

Ela o abriu na minha frente e o cheiro de pó e couro fez meu nariz coçar.

— Não tem medo que eu a dedure?

O anjo fez uma careta, que parecia um sorriso.

— Não é tão fácil se livrar de mim Srta.Swan.

Com medo de rasgar o delicado livro virei a página amarelada com cuidado.

As gravuras e descrições detalhadas preenchiam cada canto das paginas. Quase não era possível ver a cor da pagina.

Havia desenhos de seres e descrições básicas. Conforme fui virando a descrição diminuía.

Uma criança surgiu com cabelos negros longos e olhos quase branco. Seu rosto era fino e ela sorria mostrando os dentes pontiagudos.

Um arrepio sobe pela minha coluna e me fez arrepiar. Ela era estranhamente familiar.

— Quem é essa criança? Não diz nada sobre ela.

O anjo veio ao meu lado e franziu os lábios.

— Uma criança?

Princesa de VidroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora