Sombras do Desejo (Romance Lésbico)

Capítulo 52 - Final

- Tenho certeza que ela não vem mais, viu a loucura que era e foi embora enquanto ainda dava tempo. - Marcela falou, me fazendo rodar os olhos e querer arrastar ela por aquele asfalto à nossa frente.

- Cala a boca, Marcela! - Helena a repreendeu, fazendo minha amiga gargalhar alto.

Estávamos em frente ao cartório, esperando Paola, que havia passado aquela noite no apartamento do irmão, chegar para nosso casamento. Eu andava de um lado para o outro, feito uma louca, desesperada e temendo de algo ocorrer e ela não chegar a tempo. O juiz de paz que realizaria nosso casamento, já nos aguardava e nada dela.

Fazia dois dias que eu só falava com Paola por telefone. Plínio havia me solicitado que ela ficasse com ele esses dias para se prepararem para o casamento. Eu não queria, afinal já vivíamos juntas, mas, diante da insistência do irmão, Paola acabou me convencendo.

Já fazia dois meses desde que a pedi em casamento no meu apartamento, após ela descobrir que estava esperando um bebê e, finalmente, nosso dia chegou.

Claro que enfrentei resistência ao anunciar que me casaria e que ela estava esperando um filho, principalmente de meu pai, mas, no fim, tudo deu certo. Paola, muito valente diga-se de passagem, fez um visita ao "sogrão" e conseguiu a benção dele para nossa união perante o Estado. Quando ela me falou o que havia feito eu quase caí da cadeira, mas fiquei muito orgulhosa por saber que ela me amava a ponto de enfrentar o Dr. Valter de frente, sem pensar duas vezes.

- Gente... vamos cancelar tudo e ir para casa, daqui a pouco é hora do almoço e eu estou cansada.

- Marcela... se você não calar a boca eu juro que lhe dou um soco. - Falei sem paciência e hiper nervosa, vendo como minha amiga, junto a Cláudio, riam do meu desespero. Eles estavam a fim de me tirar do sério, mas eu não vou cair na deles.

- Acho que são eles. - Helena falou me fazendo virar e olhar na direção em que os carros vinham.

A pick-up de Plínio passou a nossa frente, seguida pelo carro de Lauro, buscando um lugar para estacionar por ali.

- Aeeee... ela só queria te matar de ansiedade mesmo, mas você sobreviveu. - Cláudio falou me provocando.

- Eu jurava que, se ela demorasse mais uns cinco minutos, a Fernanda ia vomitar aqui na frente. - Marcela completou, me fazendo rodar os olhos, buscando esquecer as pestes e me focar na mulher da minha vida.

Paola desceu do carro, sendo amparada pela mão do irmão e, assim que me viu, sorriu brilhantemente, fazendo meu coração disparar dentro do peito.

Ela usava um vestido claro que já deixava ver sua barriguinha linda de gravidinha, simplesmente linda.

Ela veio caminhando até mim e eu só conseguia pensar que, se morresse ali, naquele instante, morreria como a mulher mais feliz do mundo, pois tinha o amor da mulher que eu amava só para mim.

- Oi. - Paola falou timidamente, quando chegou perto de mim, enquanto eu sorria feito uma boba alegre.

- Que bom que chegaram... eu pensei que teria que levar a Fernanda no hospital mais próximo quando ela tivesse uma síncope. - Marcela falou e todos riram, incluindo Paola.

- Desculpa a demora, tivemos que fazer um desvio por causa de uma obra. - Plínio falou se explicando, mas, sinceramente, eu nem me importava mais. Eles tinham chegado e isso que importa.

Segurei a mão de Paola e sorri. - Vamos?!

Paola sorriu de volta e acenou com a cabeça em um sim, então seguimos para dentro do cartório, onde o juiz de paz nos esperava para realizar nosso casamento, já estávamos unidas nos laços de nosso amor, aos olhos de qualquer Deus que possa existir, perante nossa família e amigos e agora estaríamos unidas diante dos olhos da sociedade. Ninguém poderia nos questionar, pois seríamos completamente uma da outra.