É arriscado respirar

668 73 18
                                    

— Meu pai — Começou. — Meu pai e eu brigamos.

Yoongi se limitou em dizer apenas isso, mas pela amargura que senti em suas palavras resolvi me contentar com o pouco.

Mas brigar com o pai e ficar desse jeito? Que tipo de pai faria isso com o próprio filho?

Vi a respiração do garoto se acelerar novamente, como se ele tivesse visto um fantasma. Desconcertada, me aproximei dele.

— Eu não posso voltar — Disse-me com pavor. —, não hoje.

— Você não vai — Garanti, lhe acariciando os cabelos. — Mas eu preciso te dizer uma coisa.

Ele me olhou, apreensivo e um enorme nó se formou em minha garganta. Estava prestes a contar para ele sobre a briga com meu tio, mas isso não iria tranquilizá-lo, iria piorar a situação! "Ah, então... aqui você não pode ficar porque meu tio quer te matar!" Péssimo! Não poderia dizer isso a ele, não agora.

— É... você perdeu... uma atividade importante na escola? — Tentei.

A expressão aterrorizada de Yoongi se suavizou e virou uma careta.

— Era isso o que queria me contar? — Perguntou, franzindo o nariz.

— Desculpa. Hora errada! — Ri nervosamente. — Está bem, Yoongi eu preciso ver o quão machucado está.

Ele se contorceu na cama, balançando a cabeça negativamente com dificuldade, me deixando boquiaberta.

— Ei, eu preciso ver o quão sério é — Insisti.

— Nem pensar, vai que você me dá uma infecção! — Mesmo não estando em estado de argumentação, ele me questinou.

Fiquei alguns segundos o encarando, surpresa demais para falar. Nunca iria adivinhar que um dia estaria nessa situação: Meu namorado (Ok, sei que não namoramos, mas vocês me entenderam. Não que eu queria namorar ele, claro que não, mas não achei outra classificação) entrar pela minha janela pela segunda vez — O que torna isso um pouco mais estranho — completamente machucado e assustado, e então quando tento ajudá-lo, ele aje como uma criança birrenta!

— Se eu não olhar você pode ter uma infecção! — Controlei o tom de voz o máximo que pude para não acordar meu tio.

— Fez medicina?

A vontade de lhe bater sumiu quando me lembrei no estado que ele havia chegado, respirei fundo. Lembrei do terror e o vazio que eu via nos seus olhos, agora substituídos com um brilho divertido. Se me irritar o fazia sentir melhor, que seja.

— Confie em mim, quando Eun se machucava eu que cuidava dela — Lhe assegurei. —, não fiz medicina mas limpar machucados eu sei.

Yoongi no começo recuou, mas depois jogou o corpo em minha cama, ficando deitado e rendido. Sorri me sentindo vitoriosa, ele sempre foi difícil de lidar, mas nos últimos dias estava cedendo mais facilmente.

Fui ao banheiro, pegando lenços, álcool e esparadrapos. Os tenho guardados ali desde sempre já que nunca fui uma pessoa coordenada e minhas pernas sempre estavam raladas.

Voltei ao quarto encontrando Yoongi ainda deitado, de olhos fechados. Me sentei na cama do seu lado e o observei, iluminado pela luz da lua. Fitei seu rosto, com um pequeno arranhão na bochecha, desci para o pescoço avermelhado até os braços roxos.

— É melhor você não me matar — Yoongi me avisou, abrindo os olhos.

Eu ri, só percebendo agora que lágrimas se formavam em meus olhos.

Molhei um lenço com um pouco de álcool, antes de passar em sua bochecha eu alertei:

— Isso vai doer.

Your Body/ BTS Sugaजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें