13

2.2K 220 134
                                    

Eu mal percebi quando levei um soco na nuca, um que me fez desmaiar. Quando acordei, estava em um lugar escuro, sentado em um colchão velho, havia um prato com comida do meu lado e um copo de leite. Sentei no colchão e olhei tudo a minha volta. Tudo estava escuro e mal dava pra ver luz alguma.

Tudo que minha mente pensava era que Magnus havia me encontrado, que ele iria finalmente completar a sua missão de me matar. Que eu iria morrer pelas mãos do homem que eu amo. Não consigo negar, não adianta negar. Eu amo ele. E ele quer me matar. Eu fiquei horas sentado, sofrendo, chorando, gritando. Meu coração doía e eu queria que apenas alguém aparecesse, que acabasse com o meu sofrimento ou me dê explicações.

Eu sentia como se tivesse me afogando. Eu sentia como se tivesse morrendo, eu queria morrer.

Eu queria ver Magnus.

Eu havia dado meu coração a ele, e agora, ele iria destruí-lo. Meus órgãos pareciam estar queimando, eu esperava que Magnus entrasse pela porta a qualquer minuto.

Eu não sei quantos minutos passaram quando a porta finalmente abriu, a claridade me cegou por meio segundo e eu foquei meus olhos, vendo a pessoa na minha frente.

Não era Magnus.

Mas eu conhecia a pessoa. Conhecia muito bem. Outra pessoa entrou ao lado dela, outro conhecido. Os dois sorriram. Meu coração se alegrou, achei que talvez eles tivessem vindo me salvar, eu pensei em como diabos essas duas pessoas estariam aqui. E então eu vi que ambos carregavam uma faca.

Eles não estavam ali pra me salvar. Uma terceira pessoa entrou na porta, sorrindo, tinha sangue nas suas mãos e eu tremi. Eu senti o medo tomar conta de mim. Eu conhecia a terceira pessoa também. Como eles podiam...?

— Vocês... — Eu tentei dizer, sem sucesso. Os três riram de mim, a risada de cada um deles soando perigosa. — Como?

E então a única figura feminina e conhecida se aproximou de mim, sorriu como um anjo, um diabo disfarçado de anjo.

— Ah querido... você é tão ingênuo... — Ela disse, ouvir a voz dela depois de um longo tempo sem ouvir era estranho. Parecia outra pessoa, não era a mesma mulher que eu havia conhecido, mas ainda assim, a mesma.

Ela riu e bateu minha cabeça contra a parede, eu senti o sangue escorrendo, senti a dor excruciante. E tudo que eu consegui fazer foi chamar por Magnus.


***


No primeiro dia, Magnus sentia sua cabeça girar, sentia seus músculos doerem. Ele passou a noite toda rastreando Alexander, passou o tempo todo atrás dele. E nada. Ele havia sumido. Mas Magnus achou outra coisa. Ele achou um corpo. Um que ele conhecia muito bem.

— A quanto tempo ele está morto? — Magnus perguntou para Kieran, que estava ao seu lado.

— Não mais de quatro dias — Ele disse, checando o rapaz no chão.

— Alexander conhecia ele — Magnus falou, suspirando, ele se abaixou e fechou os olhos do rapaz morto.

No segundo dia, Magnus encontrou mais dois corpos. Totalmente desfigurados. Uma mulher e um homem. Magnus os conhecia também, parecia que estavam indo atrás de todos que Alec gostava, todos que ele havia feito amizade. Eles haviam morrido queimados, de mãos dadas, apenas era possível distinguir cabelos ruivos e loiros. Magnus soube quem eles eram.

Magnus sentia seu coração se apertar. Pensar que Alexander podia ser o próximo estava lhe destruindo. Simon, Clary e Jace haviam morrido por causa dele. Por causa da sua incompetência. Magnus devia ter contado a ele a verdade. Ele devia ter feito isso certo.

O terceiro dia Magnus encontrou um bilhete escrito “O próximo será o seu garotinho, você sabe o que tem que fazer, contate Sebastian e faça o que você que tem que fazer”

Magnus ficou confuso com isso no começo e então ele percebeu o que eles queriam. Que Magnus passasse todo o seu dinheiro para a conta de Sebastian, tudo que ele tinha, todas as informações sobre a máfia. Tudo. Magnus por incrível que pareça não se importava com o seu dinheiro, ele se importava com Alec. E então ele fez o que eles pediram, e no quarto dia recebeu outro bilhete

“Você pode fazer melhor que isso... Vou lhe mandar um recado do que pode acontecer se você não fizer o que pedimos, como pedimos”

Magnus ficou surpreso. Ele possuía uma coleção de 5 diamantes, e ninguém sabia sobre isso, era o que eles queriam? Só podia ser. Mas isso deveria ser entregado pessoalmente e Magnus não conseguiu encontrar Sebastian a tempo.

O quinto dia foi o mais difícil. O quinto dia matou Magnus de dentro pra fora, queimou seus órgãos de dor e sofrimento. O quinto dia foi o que Magnus mais sofreu. Nesse dia, ele decidiu que iria lutar, não iria mais aceitar os pedidos de mão beijada. Ele iria atrás de Alec, e ele faria uma guerra se precisasse.

Nesse dia, ele encontrou o corpo de Ragnor. A dor foi tanta que Magnus se jogou no chão, em cima do corpo do amigo e chorou. Kieran ficou ao seu lado o tempo todo, lhe dando apoio. Catarina se trancou em um quarto e não saiu mais de lá, Magnus só conseguia pensar em como aquilo era sua culpa.

Ragnor, seu melhor amigo, seu fiel escudeiro. Seu irmão. Eles haviam matado uma das pessoas mais importantes na vida de Magnus e ele não conseguia pensar em mais nada além de vingança, mais nada além de guerra, de sangue.

Magnus reuniu os seus soldados, lhes disse para prepararem-se que ele iria encontrar o paradeiro de Alexander, e quando encontrar, ele iria matar todos que ousaram tocar em um fio de cabelo dele. Magnus estava pronto, estava sentindo a adrenalina e raiva tomarem conta de si, e também o medo.

Ele tinha medo de perder Alec, como havia perdido Ragnor. Ele tinha medo de perder a única coisa que lhe deixava vivo, lhe deixava consciente. Ele amava Alexander. Ele daria sua vida por ele, e tinha medo, estava apavorado, não podia perdê-lo, não conseguiria. Magnus não iria resistir a essa dor.

Ele não podia viver mais sem o seu Alec.

***

O ar estava gelado hoje. Nas minhas contas, estou aqui a mais de uma semana, recebo refeições três vezes por dia mas além disso, não vejo ninguém. As únicas três pessoas que eu já tinha visto eram aqueles que eu jurava que não podiam estar ali. E então, nada. As refeições eram entregues por uma pequena janela impossibilitando que eu veja quem está a entregando. Não há luz, não sei quando é dia ou noite, suspeito que estou em um porão ou algo do tipo. Ouço vozes às vezes, tento me concentrar nelas, já ouvi o nome de Magnus.

Magnus... fazia tanto tempo que eu não o via. Eu não tenho mais tanta certeza de que ele é o responsável por isso. Pois sempre que o chamo, pela janela na hora da refeição, eles riem de mim, dizem que ele não vai aparecer tão cedo. Além disso, eles parecem odiá-lo. Eu não sei o que fazer, queria apenas poder ver Magnus mais uma vez, se o visse, tenho certeza de que me jogaria nos braços dele. Eu sinto tanta falta dele, de seus sorrisos, da sua risada, de seus abraços. Será que tudo foi falso? Será que ele apenas me usou, será que nunca me amou, da maneira que eu o amo? Se eu pudesse vê-lo, poderia perguntar. Ah Magnus, por que você não aparece?

Dark Star (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora