Capítulo 4

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- Estava esperando por você, sétimo Nupi. Temos muito a conversar. Talvez você não esteja entendendo o motivo pelo qual está aqui. Mas tudo lhe será esclarecido quando chegarmos a minha torre. Venha comigo.

O homem de vestes negras deu meia-volta e caminhou para o horizonte. Porém, dados alguns passos, parou. O novo Nupi não o tinha obedecido.

- O que o impede, herói? Não confia em mim? - perguntou o homem, de braços abertos.

Nupi apenas olhava para o chão, um olhar perdido. Algo lhe preocupava.

- Por favor, diga alguma coisa. - insistiu o homem.

Após uns segundos de silêncio, o homem então decidiu:

- Bem, já que não me responde e aparentemente não pretende ir comigo, então seguirei sozinho a minha torre. Estarei esperando por você lá. 

O homem se virou novamente e antes de dar um passo a frente, acrescentou:

- E gostaria de adverti-lo que as aparências enganam. Eu, apesar das minhas roupas nada convencionais, estou aqui para ajudá-lo. Quanto a este belo mundo que vês, não será tão simpático para você quando a noite avançar. E como ainda és estrangeiro por aqui, sugiro que me escute e me encontre na torre. Caso não saiba o caminho, os aldeões desse vilarejo saberão te orientar. Contudo, eles não recebem visitas após o anoitecer. Espero que saiba o que está fazendo. Até mais!

O novo Nupi, que por uma razão desconhecida conteve a língua, viu o homem partir. Ele parecia ser alguém mesmo disposto a ajudar. Mas esse era o seu primeiro contato humano naquele lugar estranho. Sentia-se inseguro e infeliz. Ainda lhe chocava tudo o que acontecera num curto espaço de tempo. Já sentia falta do aconchego de seu quarto, da comida pronta, de ter objetivos modestos e não precisar portar uma armadura pesada e rígida como o mais intransponível metal já visto.

Para azar dele, o sol estava se pondo. Em breve estaria de noite, e aquele homem deveria saber mais sobre o lugar. Não havia outra escolha. 

Nupi finalmente começou a andar... Observando se havia algo semelhante ao seu mundo. Havia muitas coisas semelhantes: as pedras, o mar, os relevos, a grama... Mas algumas espécies de aves eram incomuns, e alguns animais que subiam nas árvores também, embora também houvesse esquilos, lesmas e perdizes.

As semelhanças, de certa forma, o confortaram. Despertou em si a fé de que não estava muito longe da Terra, de sua mãe, de família e amigos... E que logo estaria em casa.

Ao mesmo tempo, sua consciência acreditava que esse desejo não passava de uma mentira para que se mantivesse de pé.

Pensou em morrer... Depois não pensou em mais nada...

Até que, de repente, seu sangue ferveu, e seu espírito ardia em fúria.

- Não importa o que aconteceu ou o que vai acontecer. Eu estou aqui agora. Neste lugar! E aqui preciso sobreviver! Eu poderia ter evitado tudo! E talvez o tio Anderson também pudesse. Mas e se ele sabia desse potencial que eu tinha de ser o novo "herói" desse mundo? Pois bem, para mim é insignificante essa missão. Assim que eu a cumpri-la, estarei de volta em casa! Isso é tudo o que importa agora. Esse estranho de roupas escuras deve saber para onde eu devo ir. Ou talvez ele seja o vilão desse mundo? Sim, ele me transmitia uma força incomum, sombria... Talvez ele seja o vilão que tenho que confrontar! 

Nupi despertou um sentimento de determinação.

- É isso. Eu vou para aquela torre e vou acertar as contas com ele!

Porém já era noite.

Estava desprotegido. As casas estavam fechadas!

Escurecia tanto que nem mesmo o brilho da lua iluminava o vasto descampado.

Nupi - A aventuraWhere stories live. Discover now