I (don't) Need a Hero!

Capítulo 9

Durante o fim de semana adiantei meus estudos e pesquisas para não acumular, mas minha prioridade foi cuidar de minha mãe. Tive que mudar os remédios, comprar novos e mudar os horários e tomar cuidado com sua dieta. Embora ela parecesse bem, eu ficava de olho o tempo todo.

Na segunda feira, ao amanhecer, acordei atrasada e tive que me arrumar correndo. Estava tão cansada por todo o ocorrido no fim de semana, por todo o nervoso passado que sequer ouvi o despertador. Peguei uma camiseta e uma calça quaisquer e fui correndo escovar os dentes enquanto arrumava o cabelo e tentava amarrar o cadarço dos tênis.

Quando cheguei no ponto, o ônibus estava saindo, e corri o máximo que pude para alcançá-lo. Tive muita sorte, pois o motorista me viu e deixou que eu entrasse. Foi realmente por um triz.

Ao chegar na escola, encontrei Sofia e Charlie, meus amigos.

— Nossa Helena. Você tá com uma cara péssima. O que aconteceu? – Perguntou Sofia.

— Oi Sof. Não dormi muito bem essa noite. Minha mãe teve uns problemas.

— Ela tá bem?

— Tá sim. Já melhorou.

— Cuidado pra não dormir na aula.

Assenti com a cabeça lentamente. Seria difícil me manter acordada.

Durante a aula, sentei na frente de Sofia. Nos momentos em que não copiava a matéria, ficava desenhando, e pedi para que ela me cutucasse caso visse meu lápis ou caneta parados.

Com muito esforço, consegui me manter acordada pelo menos até a aula de física. Já em filosofia não deu... Desabei (como sempre).

Ao término da aula, lavei o rosto para acordar e fui para a empresa. Identifiquei-me, troquei de roupa e fui direto para a sala de Tony Stark.

— Com licença, Sr. Stark.

— Entre.

Entrei e sentei. Tony se sentou de frente para mim e juntou as mãos. Eu já sabia que iria ouvir.

— Srta. Jones, quando entrou aqui, a primeira coisa que disse a você foi: se precisar faltar ou se ausentar, justifique.

— E eu justifiquei. Disse para o senhor que precisei socorrer minha mãe.

— Disse quando já estava lá.

Olhei para ele, incrédula.

—Eu sei que é uma situação delicada, mas tente avisar antes de sair, não quando já estiver longe daqui.

— Sim, senhor.

Ele passou alguns instantes em silêncio, como se escolhesse as palavras, até que perguntou:

— E sua mãe? Como está?

— Melhor. Recebeu alta na sexta mesmo. Está em casa, em repouso.

Ele suspirou.

— Fico feliz, Srta. Jones.

Assenti com a cabeça.

— Bom... Isso é tudo.

Levantei-me e saí em silêncio. Fiquei irritada com Tony, confesso, mas me mantive quieta. Já em minha sala, fechei os olhos e respirei fundo. Seria um dia difícil.

Comecei a complementar os sistemas e fazer anotações para enviar à diretoria, fazer o backup das informações e checar os bancos de dados.

O dia passou lentamente, e eu lutava contra meu sono.

Ao final do dia, comecei a desligar o computador, arrumar minhas coisas e me preparar para ir para casa. Peguei minha bolsa e tranquei a sala, indo para o elevador.

Quando a porta do elevador se abriu, vi que não estaria sozinha. Peter estava lá dentro. Entrei em silêncio e dei um pequeno sorriso. Ele permaneceu sério. Estranhei, mas não insisti.

Descemos os andares no mais absoluto silêncio, o que era estranho, pensando em quem estava ao meu lado.

— Você podia ter avisado que não ia... – Ele murmurou, quebrando o silêncio.

Quando me dei conta do que ele estava falando, a porta se abriu e ele saiu. A lanchonete! Eu havia esquecido completamente e não havia sequer avisado que não poderia ir com ele. Pensei em ir me desculpar, mas ele já estava longe. Saí do elevador lentamente, sentindo-me mal pelo garoto.

Fui para casa desejando um banho quente e minha cama. Apenas. Mas havia muito o que fazer antes disso. Fiz o jantar, lavei a louça e passei um tempo com minha mãe até que ela fosse dormir.

Tomei um banho quente e fui para o meu quarto. Deitei sob as cobertas e apenas desejei acordar bem na manhã seguinte. Eu estava me sentindo péssima por minha mãe, por meu cansaço e, embora relutasse para admitir, sentia-me mal por Peter também, e pensava seriamente em pedir desculpas.