CAPITULO II

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Casey olhava embasbacada para aquele homem que nem ao menos sabia o nome, e pelo pouco que ela entendia de espanhol, ele tinha uma família, mulher e filha ele havia dito ao telefone. Apavorada ela começou a levantar, não seria motivo para uma possível briga de casal e nem ser apontada como amante, não de novo. Mais uma vez pensou em Eduardo que dizia ser solteiro, mas que na verdade tinha uma família completa com direito a mulher e três filhos legítimos, não como Alicia a quem ele nem ao menos quis conhecer ou reconhecer. Na certidão de nascimento dela constava apenas o nome da mãe, no fundo ela sabia que isto causaria alguma tristeza em sua adorada filha, como ela queria ser capaz de dar uma família, um lar, uma vida descente a sua filha. De nada adiantaria ficar se ressentindo por algo que ela não tinha, trataria de agradecer, pagar seu debito e sumir da vida daquele espanhol misterioso.

- Mais uma vez eu lhe agradeço Sr...

- Al, meu nome é Alejandro, mas todos me chamam de Al, então me chame apenas de Al. – o fato de ela não ter se importado em perguntar o nome dele o deixou inquieto, aquilo deixava mais do que claro que ela não queria nenhuma ligação com ele.

- Oh, certo, muito obrigado Alejandro, foi muito gentil da sua parte nos convidar para dividir a sua refeição, mas esta na hora de ir, pode por favor pedir ao garçom a conta para que eu possa pagar a parte que compete ao meu consumo. – Casey queria sair correndo daquele restaurante e desaparecer das vistas de Al, não de Alejandro não havia intimidade o bastante para que o chamasse pelo apelido, e se depende-se dela não haveria intimidade nenhuma.

- Eu as convidei Casey, eu pagarei, e não há necessidade de sair correndo, você nem ao menos tomou o seu café. – um pequeno sorriso curvou os seus lábios quando percebeu que ela mordiscava o canto da boca indecisa se deveria ir e desejosa de saborear o aromático café que estava a sua frente.

- Ok, só mais alguns instantes, tenho que ir a farmácia antes que ela feche. – Casey segurou a xicara com aquele liquido fumegante e convidativo, e ao sentir o calor bem vindo do café passeando pelo seu corpo, se sentiu relaxada como a muito tempo não se sentia, aquele homem, aquele lugar, e o mais importante a felicidade estampada no rostinho de sua filha repousando satisfeita no moisés a deixavam com a sensação de flutuar, com a certeza de que tudo daria certo. Mas ela sabia que essa sensação iria acabar quando saísse do restaurante, e mais uma vez teria que pechinchar por uma lata de leite e dormir com o estômago vazio para que sua filha pudesse ter seu alimento no dia seguinte.

Contos de fada não existem, e ela não era mais uma criança, não se deixaria encantar por um lindo par de olhos cinza. A vida não era fácil para uma mãe solteira, ainda mais quando não tinha o respaldo da família, se eles ao menos...não, para Casey, deixe de pensar neles, pois eles já a esqueceram. Olhando para Alicia, estendeu a mão e tocou seus lindos cachinhos, a criança estava sonolenta, e infelizmente elas teriam de andar um bocado para encontrar a farmácia mais próxima.

Al apenas observava aquela mulher de rosto expressivo, ele quase podia sentir a tristeza e a determinação daquela mulher, ficou a imaginar como seria vê-la sorrindo. Pegando o telefone mandou uma mensagem para seu melhor amigo e detetive Velasques.

"Meu amigo preciso de um favor, investigue uma pessoa , Casey Collins, aguardo retorno o mais rápido possível. Al."

A resposta veio segundos depois:

"Considere feito. Te encontro em seu escritório as 18hrs. S. Velasques"

Voltando a relaxar Al tinha certeza de que Veslasques conseguiria qualquer informação sobre Casey, mas algo lhe dizia que apesar de visivelmente ter uma vida quase na miséria, ela era alguém em quem se poderia confiar. Ele sabia que depois iria se perguntar por que estava tomando aquela decisão, o por que aquela mulher e a criança que jazia relaxada e sonolenta o faziam se sentir mais vivo. Fazia tanto tempo que ele lutava contra qualquer tipo de sentimento que, havia quem considerava que ele não os tinha. Sentimentos não estavam na equação perfeita que era a sua vida, que se limitava a arquitetura e restaurar o império da família para depois se dedicar novamente apenas a arquitetura. Debruçado sobre um bloco de desenhos é onde ele chegava próximo a felicidade, a liberdade que ele tanto almejava. Deixando os devaneios de lado, ele decidiu que seria um bom momento para obter algumas respostas diretamente de Casey.

PROPOSTA DECISIVAWhere stories live. Discover now