Eu tinha me envolvido com Anita Stradovaus. Stradovaus.

Paf.

Ela me esbofeteou na cara:

— Você que é uma piranha, Catherin Sthargh! — ela esbravejou. — Uma piranha que me seduziu e que agora vai me matar em nome dessa gente estúpida do Partido Nacionalista! Dessa sua gente estúpida!

— Eu não. . . ! — engasguei falando. — Eu não sou do Partido, eu só. . . Por Simes, você está destruindo Astran. Qualquer um na rua que tenha a chance vai querer te dar um tiro no meio da cabeça.

Ela estreitou os olhos de maneira perigosa. Inspirou fundo:

— Quem está destruindo este país são vocês, conservadores egoístas de Adram que acham que todos neste país tem a maravilhosa qualidade de vida que vocês têm aqui. — ela entoou.

Eu estava tonta demais. Sentei no sofá e massageei a face do rosto atingida com a mão que ainda segurava a pistola:

— Do que está falando?

— Estou falando da guerra na fronteira com Zheiwan. — ela respondeu, ganhando uma convicção imensa àquela minha abertura. — Estamos a dez anos arrastando uma guerra que está acabando com todo o tesouro do país. Além disso as pessoas daquela região vivem uma miséria e terror inigualáveis.

— Ah. . . — perdi as palavras diante daquilo. De fato havia uma guerra em andamento há mais de uma década no norte do país. Os aumentos de impostos sempre eram justificados com os custos do conflito. Haviam boatos sobre os aviões dos halz e suas bombas químicas, mas eu nunca tinha lido muito a respeito nos jornais.

Sempre tinham notícias, mas aparentemente a rotina da batalha me tornara insensível ao assunto:

— Vocês Nacionalistas querem manter a unidade nacional, mas não enxergam que muitos de nós morrem todos os anos de fome, de doença e vítimas dos bombardeios do outro lado. — seguiu Anita, com a expressão de concentração, seus olhos fuzilando os meus. — Já faz tanto tempo dessa guerra que nem há mais um lado de cá e um de lá, apenas morte.

Minha garganta estava seca:

— Então o seu projeto. . .

— Projeto que assino, mas que é de autoria de inúmeros representantes deste país e do nosso vizinho. — corrigiu-me a senadora. — Este projeto visa sim mudar a configuração do território de Astran. Vamos tornar toda aquela região uma região independente administrada por ambos os lados.

— "Diminuir nosso território". — falei, mais como uma repetição dos mantras que repetiam nas reuniões do Partido. Anita também sabia daquele slogan.

— Diminuir nosso território e cessar a matança de inocentes. — ela sentenciou.

Me calei com isto. Não iria cair na tentação de um negacionismo escapista. Eu não era um dos fanáticos do Partido:

— Vocês Nacionalistas amam a bandeira deste país, não as pessoas que aqui vivem. — ela acusou. Não lhe encarei para responder.

— Eu não sou um deles. Eu fui coagida a agir em nome da causa. — defendi.

Stradovaus pareceu satisfeita com meu estado de derrota moral. Bufou e sacudiu os ombros como se tentasse diminuir a tensão imensa da situação. Caminhou de volta A sua mesa e sentou, apoiando os cotovelos sobre o tampo da mesa.

Permanecemos no silêncio barulhentos dos pensamentos individuais por longos minutos:

— Nunca pensei que me envolveria com uma assassina. — ela colocou, azeda.

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