4. Ele é como um invisível

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— As aulas avançadas... elas nos fazem ficar por mais tempo na escola? — voltou com as perguntas, enquanto parávamos em frente à uma vitrine de troféus da escola.

— Na verdade, não. Só quem têm aulas extras. — eu disse, observando Jimin pelo reflexo do vidro.

— E as pessoas que não fazem aulas avançadas? Ficam aqui atoa? — ele virou a cabeça para mim.

— Sim. Na maioria das vezes ficam no refeitório esperando. O ônibus da escola só sai quando as aulas avançadas terminam, e a maioria precisa do ônibus para ir para casa, então esperam. — olhei para ele também. Olhei de verdade.

Jimin... tinha sardas nas bochechas. Sardas clarinhas.

— Ah, isso é legal. — afirmou, voltando a olhar os troféus. — Os professores são legais? — perguntou, um pouco baixinho.

— Até que são. — respondi, passando por ele. Ele voltou a me seguir. — Mas a maioria é deprimido.

— Deprimido?

— É. Super melancólicos e bravos, não ligam para muita coisa. Mas tem uns legais também. — contei, sincero. — É muita sorte você ter entrado esse ano. No ano passado e retrasado, só tivemos professores homens. E eles eram muito tristes e severos.

— Sério? — Ele se aproximou.

— Aham. — eu respondi, me aproximando também. — As professoras são mais cuidadosas, e esse ano temos quatro delas.

— Uau, isso é bom.

— Sim. — disse e de repente estávamos no laboratório de ciências. — Ah, a professora de leitura é uma das mais legais, se quer saber.

Jimin olhou para mim. E tem cílios super grandes.

— De verdade? — perguntou animado.

Acabo de perceber que ele gosta mesmo de leitura.

— De verdade. — eu disse, e não sabia se o sorriso dele era para mim ou para a informação. Mas eu acabei sorrindo de volta.

Ele quebrou o olhar, voltando o rosto para o laboratório de ciência.

— Legal... — falou baixinho.

Estamos em frente a sala. Ninguém está dando aula no momento, por isso passei por Jimin, abri a porta e entrei. E ele me seguiu mais uma vez.

— Aqui é a sala de ciência.  — eu disse, olhando em volta. — E na sala ao lado, temos aula de língua coreana e inglesa.

— Língua inglesa é uma matéria obrigatória? — afirmei com a cabeça. — E quais são as línguas estrangeiras? Das aulas extras.

— Há muitas. Japonês, chinês, tailandês, francês... alemão... hã... — pensei por um tempo. Puxa. — Só consigo me lembrar dessas. — sorri amarelo.

— Tudo bem, eu não me interessei por elas — disse, rindo um pouco.

Saímos daquela sala com um caminhado mais leve. Jimin deixava as mãos balançarem no ar agora, o que não fazia antes — ele as escondia atrás do corpo e dentro dos bolsos. E eu, bem, eu havia parado de coçar a cabeça de nervoso e estava mais perto, o que era grande coisa para mim. De verdade.

É difícil não ficar nervoso quando se é eu.

— Podemos ver a sala de leitura agora? — Jimin indagou depois de alguns passos.

— Podemos, mas é no outro prédio. Você se importa? — olhei-o.

Estávamos um do lado do outro e nos olhando. Parece até que somos amigos.

Ele é Como Rheya {jikook}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora